"aquilo que as palavras fazem e não dizem" (Meschonnic) |
Mas nem tudo é um mar de rosas. Temos uma diferença que nos distingue ao escrever que, vez por outra, dá atritos. Faíscas. Tem a ver com o ritmo de cada um. Gosto de explicar, detalhar, esmiuçar e amontoar palavras e palavras com vírgulas e mais vírgulas. Enquanto ele (ele sou eu) é mais seco, conciso e conclusivo. Lasca de pronto um ponto. Por isso, deduzimos que as mulheres são de vírgula e os homens são de ponto.
"o livro pode valer pelo muito que nele não deveu caber" (Rosa) |
Saramago, linguagens subversivas |
É da natureza feminina não gostar de terminar um assunto, sem mais nem menos. Gosta de tudo bem explicadinho, nos seus mínimos detalhes. O pensamento delas parece um rio cheio de meandros. Vai lá longe e volta e faz uma volta grande e volta, quase que pro mesmo lugar. Os homens são práticos, de poucas palavras. Cartesianos por excelência adotam a máxima de que a menor distância entre dois pontos continua sendo uma reta.
"o desconhecido para uma língua que se desconhece" (Lispector) |
Ousamos dizer que, na transposição da oralidade falada para escrita, o texto tem seu caráter rítmico adulterado pelo uso lógico da pontuação. E a poesia é a linguagem mais subversiva contra dogmas arcaicos.
“Fazemos pausas na conversa que na leitura da prosa se não podem fazer.” (Pessoa)
"as pessoas precisam ler escritos que não compreendem" (Lacan) |
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