segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Jornalismo arriscado!


Hitch, sempre incomodando

Tá morrendo muito jornalista ultimamente... Tanto que a profissão foi classificada pela Organização das Nações Unidas como uma das mais perigosas do mundo. Em 2010 foram 57 mortos, em 2011, 66 mortos e 1044 presos trabalhando, segundo a Ong Repórteres sem Fronteira (RSF). São números que dizem respeito a mortes e retaliações como consequência do exercício da profissão.  Um jornalista, ético e comprometido com valores positivos da sociedade, é um sujeito que incomoda muita gente poderosa. Se arrisca e nem sempre tem o apoio da empresa e tem que aguentar o tranco sozinho. Alguns acabaram pagando com a própria vida.

Daniel Piza fará falta no jornalismo cultural

Reportar guerras e investigar desmandos e descalabros políticos é campo minado. É muito comum que classes dominantes de vários países optem pelo silêncio e pela não transparência de suas ações nefastas. Comandar e executar ações questionáveis na surdina é uma estratégia em pleno vigor neste século XXI. É difícil aceitar essa verdade nua e crua.
“Acho que o secretismo é a maior ameaça à liberdade de expressão e à imprensa no País”. A frase é do Rubens Valente, um dos mais vigorosos jornalistas investigativos do Brasil, ganhador de vários prêmios. Valente não só no nome, ele praticamente começou sua trajetória aqui em Cuiabá. Trabalhamos juntos e nos tornamos amigos. De vez em quando me encontro com ele e conversamos bastante. Há alguns anos, num papo descontraído, ele me confessou que um de seus sonhos era atuar na Faixa de Gaza. Torço para que abandone essa idéia porque gosto muito dele e também acho que aqui no Brasil ele já tem “diversão” suficiente. No meu entendimento, Valente vai contribuir muito para melhorar a sociedade brasileira, graças a sua lisura e a qualidade de seu trabalho.

Rubens, Valente até no nome
O final de 2011 registrou o game over de outro profissional que incomodava. No dia 15 passado Christopher Hitchens, “Hitch” para os íntimos, uma das figuras mais importantes do jornalismo contemporâneo, expoente do moderno ateísmo, crítico incomparável, faleceu de câncer. O polêmico Hitch iniciou a carreira, na década de 70, como jornalista de esquerda, na Grã Bretanha. Em 80 mudou-se par aos USA e... converteu para a direita apoiando a Guerra contra o Iraque.  Escreveu 17 livros dentre eles “Deus não é grande: como a religião envenena tudo” (2007). Sua metralhadora mirou e expeliu suas idéias para vários alvos, entre eles a monarquia inglesa, Henry Kissinger (“O julgamento de Henry Kissinger”, 2001) e Madre Tereza de Calcutá (“A posição do Missionário: Madre Tereza na Teoria e na Prática”, 1995). “O mundo sem Hitch tornou-se um lugar mais acolhedor para tiranos e censores”, disseram.

Hitch, baforadas no banho

Jornalistas costumam ser pessoas conhecidas e populares. Quando partem, são lembrados. No último final de semana, por exemplo, Cuiabá perdeu “seu” Eugênio de Carvalho, um dos pioneiros da comunicação mato-grossense. Trabalhei com ele na Assembleia Legislativa e na Revista Contato. “Seu” Eugênio sempre tinha conversa pra mais de metro. No corre corre que é a vida jornalística, gostava de trocar ideias com ele.  Também nesta virada de ano, a morte de outro jornalista nos surpreendeu. Daniel Piza, jornalista e escritor, profissional importante no meio cultural brasileiro, saiu de cena por causa de um AVC. Ele tinha só 41 anos.  Certa vez mediei uma conversação entre ele e o Matinas Suzuki, explorando o tema jornalismo literário.


Enquanto alguns jornalistas morrem, outros deixam a gente morrendo de vergonha. Ou não. Sei lá. Jornalistas se mostram a toda hora através de palavras e imagens e, ainda, em situações inusitadas. O ano promete. Um dos assuntos mais “in” no twitter nestes primeiros dias de 2012 foi a piada do Evaristo Costa, ancora global. Piada de fruta... ! “Sandra (Annenberg), você gosta de mamão. – Gosto sim, Evaristo. Então toma a minha mão”. Sem graça demais!

Uma mão ou um mamão????

E ainda um episódio regional. O discurso de final de ano do senador Pedro Taques deu uma derrapada, quando ele convocou a população a ser resistente na luta contra o estado de direito... ops! E teve blogueiro que nadou de braçada com essa escorregadela e... derrapou também. Procuramos o texto hoje no blog e... ops! Ué...? É, tá diferente. 

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