segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011


Dior bancando o Oscar
“Hollywood hollywood, comigo ninguém pude”, dizia Chico Amorim quando entrenós. E cá estamos para falar sobre as estatuetas mais cobiçadas. Depois de assistir “Bravura Indômita” no início da noite, corremos pra casa pra acompanhar a famosa cerimônia. Particularmente, prefiro outros festivais, onde o cinema parece prezar mais a questão da arte, como Cannes, Veneza e Berlim. Mas cinema também é business, e aí, meu caro, não tem como não dar o braço a torcer. Dá-lhe Oscar!

O velho e quebrado Kirk



E o vento não levou...

A gente ficou grudado na TNT e flagrando o que foi possível. Rindo, quando dava, daquelas piadinhas americanas que às vezes são de doer.  A entrega do Oscar em sua 83ª edição foi mais enxuta. Astros e estrelas que dão sopa na platéia de notáveis, não foram tão televisionados e muito “papagaio de pirata”. Os “the Best” deram o ar da graça anunciando os vencedores e/ou participando da cerimônia de alguma forma e/ou em comerciais.


Na medida em que as estatuetas iam sendo entregues, fui me decepcionando, já que alguns dos filmes que assisti e curti, como “Bravura Indômita”, “A Rede Social”, “127 Horas” (que baixamos pela internet e vimos na telinha)  e o maravilhoso “Cisne Negro”;  foram ficando pra trás, até a divulgação dos últimos quatro prêmios (melhor filme, diretor, ator e atriz), perdendo para “A Origem”, filme que eu nem quis assistir quando passou por aqui. Eu prefiro o cinema mais centrado na carne e no osso, no drama, na força do personagem e no talento da direção; do que nas engenhocas e parafernálias tecnológicas. Tudo bem que luz, câmera e ação definem a sétima arte, mas, sem querer trocadilhar e já o fazendo, a origem da coisa é a inventividade humana em cena (dirigindo ou atuando), e não botões, bits, chips e toda essa vastidão virtual.

Bom, antes da entrega do quarteto de estatuetas fundamentais (filme, direção, ator e atriz), dos filmes para os quais eu torcia, apenas “A Rede Social”, que achei o mais fraquinho dos que assisti, se destacava em relação ao número de prêmios. Tinha três Oscar (roteiro adaptado, trilha e montagem), contra quatro de “A Origem” (efeitos visuais, fotografia, edição de som e mixagem de som).

Outra decepção e vamos assumir,  “Lixo Extraordinário”, documentário do inspirado Vik Muniz, não ter faturado aquela que seria a primeira premiação brasileira nessa história de Oscar.   


Vik do Brasil


O Oscar tem tipo algumas cartas marcadas. Na entrega do prêmio de melhor ator, por exemplo, ficava difícil imaginar que James Franco, indicado por “127 horas”, e apresentador do Oscar, teria alguma chance. Sabe, ele já estava por ali, nos bastidores.  E Jeff Bridges, que ganhou ano passado como melhor ator, dificilmente venceria novamente, apesar de estar estupendo em “Bravura Indômita”.  E olha que ele interpretou um personagem onde John Wayne venceu o seu único Oscar, em 1969.

Melhor Direção = O Discurso do Rei
Melhor Atriz = Natalie
Melhor Ator = Colin 

  No frigir dos ovos, recuperando-se na reta final e conquistando prêmios importantes, “O Discurso do Rei” faturou quatro Oscar (filme, diretor,ator,roteiro original), empatando com “A Origem”.  Mas pesam mais as estatuetas do Discurso. E na minha avaliação, o Oscar continua cumprindo tabela como baluarte da indústria do cinema. Um único prêmio para “Cisne Negro”, sinceramente, é algo injusto.





quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

São Paulo. Formigueiro humano e mobilidade urbana quase insustentável. Nem por isso deixa de ser uma cidade deliciosa. Pelo menos pra passar uns dias... Quando me pergunto se gostaria de morar lá, viver e trabalhar numa das cidades mais cosmopolitas do mundo, a resposta que me vem à cabeça é um grande ponto de interrogação. É o que eu sinto. Mas se puxar pelo meu lado mais racional, não há como negar que essa mudança seria, talvez, nesta altura dos acontecimentos, a reviravolta mais espetacular de minha vida. Antes que minha falta de coragem pra jogar-me no mundo fique por demais aparente, passemos ao parágrafo seguinte.


Impressão de Haroldo de Campos
Minhas impressões digitais em torno desse lugar são concretas. E impessoais. Caminho pelas ruas, avenidas, praças, viadutos, points culturais e sou absolutamente um anônimo a mais. As surpresas e novidades estão por todas as partes por onde passo e/ou chego. Indecisões em torno de qual o programa cultural farei espreitam meu poder seletivo que se anula diante de tantíssimas opções. Fico com medo de não otimizar o suficiente os poucos dias que passo na cidade.


Pela segunda vez acompanho o lançamento de novos editais do “Rumos”, programa de apoio e incentivo à cultura brasileira, do Itaú, que já completa 14 anos. A convite da instituição financeira. Jornalistas de ponta a ponta do Brasil são recebidos carinhosamente. Entre eles, este sujeito aqui do Tyrannus.  


Mr. Corporation



Agnaldo Farias e sua careca iluminada
 Papo cabeça


Só a programação que o Itaú Cultural oferece já me serviria. Um pocket show com a banda maranhense Criolina, tendo participação de atores clowns da Confraria do Absurdo, na cerimônia de lançamento dos editais, já estaria de bom tamanho. A exposição modernosa da torno da obra do concretista Haroldo de Campos são, digamos, prata da casa. Presencio como convidado especial essas duas opções.


Nada de concreto

Converso bastante com colegas, jornalistas culturais, que vieram de todas as regiões do Brasil. Muita informação em tempo exíguo. O “Rumos” proporciona troca de experiências entre nós comunicadores, mas, muito mais do que isso, uma visibilidade incrível da diversidade cultural deste país.  Os editais lançados privilegiam áreas como Artes Visuais; Educação, Cultura e Arte e Jornalismo Cultural. Para pleitear a participação o passo inicial é conferir a íntegra dos editais, disponíveis no site www.itaucultural.org.br/rumos. Na dura vida dos profissionais que militam na cultura, quem se dá bem nesta iniciativa torna-se um “artista com rumo”.
Pocket show


Além dessa overdose programada, arrisco uma matinê para assistir um filme que talvez nem venha pra Cuiabá, “Tetro”, o último de um grande ídolo meu. Filmado em Buenos Aires; com as sutilezas do tango; fotografia estonteante, oscilando entre cores e preto e branco; apelo dramático de arrepiar e da atriz Carmen Maura, até parece coisa de Almodóvar. Mas não é mesmo!!! É o talento exuberante de Francis Ford Coppola que se renova.


E acabou-se o que era doce. São Paulo, como sempre, me deixou saudades. Sabe... Eu gosto muito de Cuiabá. Mas é impossível ignorar a grandiosidade da completa tradução que é a (ex) terra da garoa.


Pensão macsud


Anônimo, que nem eu

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O branco de Barton Fink


O branco de Barton Fink (J.Turturro)
E quando dá branco, a coisa emperra e não sai... Sai sim, com jeito sai. Nunca foi meu trabalho escrever. Nunca me vi diante do desafio do papel branco.  Esse negócio é para os profissionais da comunicação ou escritores e roteiristas renomados, ou não. Todos têm ou devem ter seus dramas ao longo do processo criativo. Viver de inspiração é não se importar com quem ganha o pão.  
Uma coisa logo aprendi. Mesmo que seja meramente por prazer, na criação, vai um bocado de suor. Dizem que com a rotina, disciplina... o exercício faz a coisa fluir. Aqui no Tyrannus a gente provoca, e o assunto, o tema, a pauta, a danada da inspiração mesmo que para umas poucas palavras, acaba surgindo. De onde, eu não sei, mas vem... Às vezes surge das coisas mais inusitadas, mas surge.


Pessoas que convivem com esse drama, muitas vezes, estão meio desligadas e aí sentem que o bicho vai pegar, que vai passar um cavalo apeado, que o trem vem que vem... É a coisa brotando na cabeça da gente. No meu caso, esse trelelé costuma acontecer quando estou debaixo do chuveiro. Acho que a água caindo na minha cabeça estimula alguma parte do meu cérebro ou algum neurônio. O Lorenzo se diz inspirado quando lava a louça. Olha a água jorrando aí novamente. Viajar, mudar de ares, trocar referências também dá uma força.

Em alguns filmes que assisti, de dramas a comédias, sofri junto com personagens e curti a paranóia de não conseguir escrever: “Mistérios e Paixões” (David Cronemberg - 1991), “Jogue mamãe do trem” (Danny DeVito - 1987) “Barton Fink” (Joel Coen – 1991), “Pollock” (Ed Harris – 2000) e “Sylvia, paixão além das palavras” (Christine Jeffs – 2003)”, são filmes sensíveis que retratam o drama de alguns artistas diante de bloqueios criativos.  


“Palavras” de Sylvia Plath

Golpes
de machado na madeira,
e os ecos!
ecos que partem
a galope.

A seiva
jorra como pranto, como
água lutando
para repor seu espelho
sobre a rocha.

Que cai e rola,
crânio brando
comido pelas ervas.
anos depois, na estrada,
encontro.

Essas palavras secas e sem rédeas,
bater de cascos incansável.
enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
decidem uma vida.



Mas voltemos à água. Ela é um excelente condutor de energia, é um solvente universal, pode ser isso. Pois bem, quando a água do chuveiro bate em minha cabeça, parece que meus dedos se conectam diretamente com o cérebro e ganham vida. Parecem se tornar independentes e nem percebem que fazem parte de mim. Se não sento e mando ver, perco o trem: xablabau.

E o verbo se fez carne e habitou entre nós

Essa conversa me remete a uma palavra que acho interessante: “verve”. Já vi sua definição como ‘o fogo que queima o artista no momento da criação’. Depois que aprendi seu significado fiquei mais apaixonada ainda pela palavra. Só agora, creio, entendi a beleza de sorver da verve. Busquei a etimologia da palavra e achei algo interessante no Blog Babel em analogias curiosas: “Em latim se dizia verbena (planta associada à guerra e a paz), surgiram analogias sonoras: verbo, verve, verberar, verbena”.  Pra mim faltou verter, que é outra palavra linda e Werther, pois como ele, desde então já sofro de amor. FIM.


Simplemente, verbernas

O sofrimento do jovem Wether





sábado, 19 de fevereiro de 2011

Antonio Sodré, poeta necessário


O poeta da transmutação se mandou. Antonio Sodré, poeta visceral, de carteirinha. Sujeito pura poesia mesmo. Foi transmutar em outras paragens, que não aqui.

A notícia chegou por volta das dez da manhã de sábado. O celular tocou, será que atendo, ou não? Uma chamada apenas e aí para. Nos registros do aparelho, o número de um amigo e colega de trabalho que jamais me ligaria num sábado, normalmente. Tem dias em que a gente acorda pessimista. “Deu merda...”, penso. Ligo de volta e vem a resposta: “Loro, já tá sabendo... o Sodrezinho...” E fico a pensar na irreparável perda que significa a partida do Sodré. A primeira baixa do Caximir, banda/grupo que vi nascer.




Figura tradicional do velho Coxipó, das velhas noitadas, dos eventos culturais e artísticos. Mas não tem “point” que é mais Sodrezinho que a UFMT. Ali, na rampa do Instituto de Letras e Artes, acho que é isso, trabalhando naquilo que acreditava: venda e revenda de livros usados. O famoso “sebo” do Sodrezinho.

 

O “sebo” e a vida conspiraram para que ele se tornasse um leitor voraz, seletivo; e a escrever e compor versos originalíssimos. Vivia entre os livros e para eles. Sempre a versejar, inspirado que era. Sodré, certamente, estava entre os três artistas vivos mais expressivos da nossa arte literária. Essa é a minha opinião, a nossa opinião.

Sebo em Alto Araguaia (Foto Mário Friedlander)
Aplicava-nos, às vezes, com suas performances cantando e se deixando acompanhar pelos amigos músicos, em línguas imaginárias. Fazia isso com uma naturalidade surpreendente. Quando a galera se reunia e a cerveja já estava nas alturas, sempre era conclamado aos seus improvisos. Nunca mais... Isso é o tipo de coisa que dói. Sodré se mandou, mas sua poesia fica.

O poeta na Academia dos Mortais


Sodré em efervescência performática

Sua produção artística acho que não cabe só num empório, talvez numa feira... Sua origem nordestina tinha a ver com a ambiência popular e eclética.  “Ele deixou um varal de poesias lá em casa”, disse-me Pio Toledo, no velório. Enquanto Bia, a declamadora imbatível desta cidade, andava pelo velório com um papel manuscrito onde estavam os últimos versos do Sodrezinho. Ele, aliás, enfartou-se poetisando.
Nada a ver
Tô sem TV
Quem sente ciúmes não ama, possui

Paredes comuns têm ouvidos
mas as de vidro têm olhos

O sol surgiu depois da chuva
pra secar meu coração


Peguei o manuscrito com a Bia e pincei as pérolas acima. Tudo escrito numa sentada. Coisa de minutos. O que me espanta, me impressiona é o seu vigoroso poder de síntese. Em um único verso sua poesia se mostra completa. Assim também foi a sua convivência entre nós.  


O Poeta da "Poesia Necessária" (Foto Mário Friedlander)


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Patti e Mapple


Lisa Lyon, 1980 (R.Mapplethorpe)
O que é pauta aqui no Tyrannus? Vai saber... têm alguns assuntos que ficam assim meio pendentes e vão martelando na cabeça da gente, até que chega uma hora, um sinal, um aviso, uma coincidência... Ou mesmo um lance de dados que jamais abolirá o acaso. Ahãn, hein...!

Um filme que assistimos tempinhos atrás, sobre a obra do estupendo fotógrafo americano, Robert Mapplethorpe, que partiu para o outro mundo vitimado pela AIDS há mais de vinte anos estava na nossa lista. Só que martelava nossas cabeças de vento. E eis que nesta semana, no programa Milleniun, da GNT, a gente flagra uma entrevista com a ilustre personagem deste mundo real, Patti Smith.

Ela nasceu em 1946 e viveu toda a efervescência cultural de Nova York, a partir dos anos 60. E está com um livro novo que desejamos ter em nossa seleta biblioteca: “Just kids”. Patti canta, compõe, verseja, desenha, é performática etc... Lenda viva da cultura americana que teve um caso, melhor um encontro de almas com Mapplethorpe. A bissexualidade, pelo que consta, é (ou era) a praia de ambos. “Deixa o seu corpo se entender com outro corpo, porque os corpos se entendem, mas as almas não”, escreveu Manuel Bandeira. Só que no caso de Patti e Mapple, as almas também se entenderam. 
A lenda



O artista
Pronto. Era o que faltava pra esse fotógrafo, mago da imagem, mestre da luz, ser reverenciado cá no blog. “Fotos Proibidas” (2000) é o nome do filme que recomendamos com prazer. Passa uma tensão impressionante, ao enfocar uma exposição censurada do fotógrafo na cidade Cincinnati, nos EUA. Baseado em fatos reais, explora o dilema de o que é ou não arte, o que é ou não pornografia, o que fere os costumes de uma sociedade hipócrita como a americana etc.



Entrecortado por depoimentos de famosos e outros nem tanto, a película joga luz sobre esse tema controverso que tem a ver com tolerância ou intolerância, censura ou liberdade de expressão, caretas e porra loucas e mais uma pacoteira de questionamentos. Impossível não se envolver com a trama que nos finalmentes, é um filme de tribunal. Ao longo da trama, os depoimentos se sucedem, pelos mais variados aspectos. Um dos entrevistados é o amaldiçoado escritor, Salman Rushdie.
Tulips, 1987 (R.Mapplethorpe)
  
Thomas, 1987 (R.Mapplethorpe)

R.Mapplethorpe
James Woods (“Videodrome” e “Nixon”) tem uma atuação brilhante sob a direção de Frank Pierson, que é mais reconhecido como roteirista (“Acima de qualquer suspeita” e “Um dia de cão”). Woods faz um gestor cultural acuado pela audácia de expor fotografias polêmicas de qualidade técnica inquestionável, que mostram cenas impactantes como um pretenso nu infantil e flagrantes sexuais que chocam qualquer um. Mas as fotografias de Robert Mapplethorpe exploram, acima de tudo, o potencial da reprodução da imagem, enquanto arte.

Big junkie (R.Mapplethorpe)
Depois desta pouca informação sobre a turbulenta e inquieta vida e obra do fotógrafo, retornemos a Patti. É apontada como uma das mulheres mais influentes do rock’n’roll. Mulher cabeça, filha de pai ateu e mãe testemunha de Jeová. Diga-me com quem anda e dir-te-ei quem és. No rol das amizades dessa poeta punk, gente como Allen Ginsberg, Sam Shepard, Bob Dylan, entre outros. Seu livro passeia pela fase da vida em que esteve ao lado de Mapplethorpe. Foi incensado pela crítica e ganhou prêmios. Deu no New York Times que ‘Apenas garotos’ (Cia das Letras)  é “o retrato mais fascinante e divertido da descolada-mais-chique do final dos anos 60 e começo dos 70”. Quer mais...? Compre o livro.

Dylan e Patti


Just Kids

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bodas de Ouro de Barbie e Ken,

Um dos casais mais famosos do mundo completa em fevereiro de 2011 cinquenta  anos de vida. Nada mais nada menos que os novaiorquinos, Barbie e Ken!!!!!  Nessa ocasião, Ken, completará 50 anos. A comemoração promete ser em grande estilo, com direito a desfile de moda, bancado por renomados designers.

Muita coisa rolou na vida do jovem casal, nem tão jovem assim: Barbie já está com seus cinqüenta e poucos anos, mas, seguramente, não houve traição, na verdade Ken de repente mudou o nome para Bob (Beto) e depois reassumiu como Ken, vai entender. Em 2004, rolou babado forte de separação quando Barbie apareceu dando mole para um surfista australiano, Blaine, mas foi como se diz: um amor de férias. Agora é prá valer, no início de 2011 o casal reapareceu em público, prometendo amor eterno e com direito a uma repaginada no cinquentão, Ken.  

A novaiorquina Barbie nasceu no dia 09 de março de 1959, legítima pisciana, primeira boneca do mundo maquiada e com corpo de mulher, padrão americano: pernas esguias e finas, seios fartos, cintura fina e longos cabelos loiros. Sua vida é um livro aberto, tudo registrado: primeira mudança de penteado, 1960; adesão ao movimento hippie, 1970 o primeiro sorriso, 1977; uso e abuso dos brilhos das discotecas nos anos 80. Barbie já teve 108 profissões, vestiu indumentária típica de 70 países e 70 estilistas famosos dispensaram um tempo de suas vidas para desenhar para essa jovem senhora.  Apesar de ser rechaçada pelas feministas de plantão, Barbie não hesitou em candidatar-se a presidente dos USA, em 1992.  A referência não é só de beleza, moda e glamour, mas também de estilo de vida e muito trabalho. Barbie atuou em 17 longas, por isso em 2002 deixou marca de seus lindos pezinhos e mãozinhas, na Calçada da Fama, em Hollywood. O estilo e jeito de ser de Barbie tomaram conta do mundo e impôs um padrão de beleza feminino, antes fofinho e curvilíneo.


A primeira Barbie: feinha

Beleza americana
No Brasil, sua concorrente foi a boneca Susi, que tinha um namorado, chamado Beto. Quando Barbie aportou em 1982 no Brasil, Susi saiu de cena. O interessante é que o Ken adotou o nome do namorado de Susi. Somente na década de 90 voltou a chamar Ken. Entendeu?  

Susi
A vida não é um festival de compras com cartão de crédito ilimitado, Barbie também tem lá seus momentos de reclusão. É Triste constatar mais aquela que foi a companheira de milhões de crianças no mundo, não teve infância, nunca brincou, nasceu adulta.
Não sou lá muito machista, coisa fora de moda. Mas nunca brinquei com boneca. Certa vez, uma prima ganhou uma boneca: a Amiguinha. Era uma bonecona que dava até vontade de...  Bom, deixa pra lá. Acho que foi aí que me passou na cabeça o conceito “ferro na boneca”. Mas é tudo uma questão de estilo, já que há outras preferências e conceitos. “Sentar na boneca”, por exemplo, já é outra coisa.

Toco cru pegando fogo
Olha, já que o assunto está indo pra esse lado, talvez esteja na hora de parar. É hora de colocar as bonecas pra dormir: Bonequinha de luxo, boneca cobiçada...etc e tal.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Com que roupa eu vou...?


Com que roupa eu vou...? Mulheres exercitam esse verso de Noel Rosa diariamente. E dizem que os seres femininos se vestem para elas mesmas, já que os homens não se mostram tão interessados em figurinos, looks e esses babados de moda. Mas desconfio que as coisas estão mudando. Junto com elas, eu também.


Não. Ainda não pestanejo na hora de escolher a velha calça jeans pra sair. Mas performances recentes de pelo menos dois estilistas arrojados mexeram com a minha cabeça. Tom Ford, criador revolucionário, com seu belíssimo filme “Direito de Amar” (2009); e um documentário arrasador sobre Marc Jacobs, que comanda a criação artística da Louis Vuitton. Tanto Ford, quanto Jacobs, na minha humilde opinião, não são estilistas apenas. São artistas contemporâneos geniais.


Elegantérrimoooooo

Conheci primeiro Tom Ford. Cineasta que apresentou seu olhar clínico no seu primeiro filme, “A Single Man” (que teve a questionável tradução de “Direito de Amar”), nos apresenta uma obra de arte delicada, explorando de forma original a narrativa cinematográfica. Confesso que pela primeira vez, um filme que aborda a homossexualidade masculina, sublimou o amor como razão que transcende as relações humanas. Mas isso é a minha opinião, vale lembrar.


O filme de Ford conta com o desempenho do magistral Colin Firth, que o indicou ao Oscar de melhor ator. Volta este ano, com “O Discurso do Rei”. Julianne Moore contracena com um nível de interpretação raro. Bom, esse par de atores não é qualquer coisa. Estão atentos para o potencial como arte dos filmes nos quais decidem participar.


Figurino e desempenho nota 10

O documentário sobre Jacobs, tê-lo assistido, foi uma espécie de exigência da Fátima, a que faz o papel Tyrannus (eu, parece, sou o Melancholicus) aqui no blog. Ainda bem que ela me fez sentar na poltrona e conhecer um pouco da vida de Marc Jacobs. Pasmei.


Jacobs é um dos ícones modernos da cultura americana. Vive cercado por grandes artistas do mundo todo. Um consumidor voraz de arte, só arte, já que  não investe em mansões, carros, iates... O documentário mostra, entre outras coisas, o carinho, a admiração e a idolatria que lhe devotam gente como Naomi Campbell, Uma Thurman, Demi Moore, Winona Ryder, Salma Hayek... Olha, essas beldades costumam mesmo venerar grandes estilistas e isso nem chega a me impressionar.

O grunge em pessoa

Mas a amizade dele e as figurinhas que ele, tudo leva a crer, troca com as artistas Elizabeth Peyton e Yayoi Kusama, respectivamente, americana e japonesa, me fizeram pensar mais seriamente na relação moda/arte.
O documentário tem uma linguagem bem televisiva. Ágil e jornalístico, explora o talento desse artista americano, inventor do estilo grunge, o todo poderoso da grife Louis Vuitton, que vem a ser o homem mais rico e um dos mais enigmáticos da França.  


Yayoi Kusama: Aiaiai

Acho que tá bom por hoje. Mostrei meus conhecimentos sobre dos estilistas modernos. Me rendo à moda. Estou na moda. E como a noite avança, preciso me recolher. Mas antes, preciso de mais um tempinho pra escolher o pijama ideal, que combine com a fronha do travesseiro e o lençol. Com que roupa eu vou... pra cama?      

Não é de hoje que moda e cinema dá samba

Ícone da moda, Twiggy 

Sarcásmo à parte. Marc Jacob até outro dia estava casado com um brasileiro, seu nome? – Lorenzo. Hum entendi...

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

vou e volto...



Foi mal... usar imagem dos urubus nesse texto
Às vezes eu vou e volto... Essa é uma expressão das antigas. Não sei bem o que quer dizer, mas fiquei pensando: Deve ser usada pra quando você não viu, ouviu uma coisa, um ato, um objeto, leu algo e não acredita e para constatar, certificar, aí você volta.

Estou pasmos!!! Não acredito o que está acontecendo, na verdade no que não está acontecendo, aqui em Cuiabá.
Quem é capaz de dizer nome de dois vereadores desse mandato? Quem é capaz de dizer algum projeto de lei que está em andamento? Tem hora que esqueço até onde é a Câmara dos Vereadores de Cuiabá. Lembro-me que ali é o Centro Geodésico da América do Sul e já foi outra Casa de Leis, sobre a qual também não tenho muito a dizer em relação à sua performance.
Quem viu ou ouviu um vereador, sequer, falando sobre a Copa, cuja sede é Cuiabá? Quem viu um vereador discutindo sobre a mobilidade urbana? Quem viu ou ouviu algum vereador chamando a Agecopa para apresentar os projetos que vão interferir diretamente na cidade? Quem fez propostas, quem propôs alternativas para o transito fluir quando a cidade virar um canteiro de obras? Quem viu algum murmúrio de indignação sobre a Prefeitura passar o PAC para o Governo do Estado? O que esse povo tá fazendo? Por que estamos, como otários, pagando esse povo? Nunca vi uma instituição tão desnecessária.

Urubus voces fazem um grande serviço público
Nessa história de Copa, aliás, teria um tema pra se debater com urgência, que precisava estar na mídia: É o retorno social que os investimentos deveriam trazer. Essa seria uma tarefa para as vereanças cuiabanas. Brigar para que tanto bereré que chega para a Agecopa – “a noiva”, possibilite avanços sociais à Cuiabá. Mas nossos vereadores, quá!!!

Não há nada nos noticiários locais, nem na boca do povo, nada. Ou quase isso... São invisíveis, gente sem expressão! Aliás, tem uns que estiveram nas manchetes, vocês se lembram bem do assunto (não vale a pena relembrar), tem também aquele que já foi notícia no Tyrannus, o cara que queria emplacar a “lei da mordaça” nos sites. E outro dia vimos o Deucimar, com olhos marejados, experimentando do próprio veneno - “se deu mar”. Que legislatura mais mequetrefe.

Pelo amor de Deus, vamos prestar atenção. Teremos eleições municipais  em 2012. Vai ter muito esperto querendo ficar e muitos espertos querendo entrar. Afinal, quem pegar esse novo mandato vai ficar no “bem bom” quando chegar a Copa em 2014. Vai viajar pra conhecer como funcionou a Copa em outros países, vai ganhar credencial pra assistir jogos ‘de grátis’, vai ter cadeira cativa, vai aparecer na TV com jogadores e cartolas... Fora as festas. E quem sabe esses caras ainda vão ganhar passagens, hospedagem e muita boca livre pras finais no Rio de Janeiro, podendo levar acompanhante, claro. Êba!!!!!!