quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Arribação


No mundo das ideias mudança é algo bom. No mundo real a mudança nos expõe muito, pois nossa intimidade é exibida despudoradamente. É comum ver caminhões velhos, tortos de tanto peso, circulando com os pertences de alguém. Mesmo as empresas especializadas, que embalam e encaixotam tudo, vez por outra pisam na bola e... tá lá uma vassoura descabelada... São os nossos cacarecos e quinquilharias que vamos guardando, juntando e perdendo de vista e, às vezes, de sentido... Mas mesmo os colchões amassados e marcados pelos anos de incontida enurese, ou por bebedeiras desmedidas, os armários sem porta, panelas disformes, vasos sem planta, e um monte de coisas tristes e/ou desemparceiradas; são pedaços que se encaixam perfeitamente com um momento de nossas vidas.


Esses cacarecos gastos e feios, são feios para os outros, que também guardam em seus quartos dos horrores, suas quinquilharias. Para nós são importantes, porque sua história faz parte da nossa.

Eu gostaria de ter mais tempo para ler livros
Tá doendo, muito. O Tyrannus Melancholicus vai fazer levantar voo, como outras aves de arribação ou aves migratórias. Vamos em direção, por ser o um momento propício e crucial em nossas vidas, a um nicho. Um espaço que estamos construindo, exclusivo, para tratar de cultura. Não vai ser fácil, até porque estamos investindo em "um negócio". Acreditamos, não somos puristas e nem tampouco puritanos, no conceito de que cultura é um investimento. E deve ser tratada também como empreendimento rentável.


Quiçá, possamos contribuir para que quem nos leia, consuma. Consuma muita cultura, de qualidade. Que frequente aqui e onde quer que esteja, teatros, museus etc. Que compre e leia livros, obras de arte, CDs, DVD’s. Gostamos do que fazemos, mas dá trabalho. Vai tempo e precisamos pagar as contas...
Leitores e leitoras, não sabemos ainda quando acontecerá, mas em algum momento, ao entrar no tyrannusmelancholicus.blogspot.com.br, vocês vão encontrar um aviso: Mudamos. Estamos atendendo em outro endereço: www.tyrannusmelancholicus.com.br. Vamos nessa??!!!



terça-feira, 30 de outubro de 2012

Massa


Ler. Não, não se trata de fatigar as retinas com letras e mais letras, frases, parágrafos, páginas, livros e bibliotecas. Ler, de lesão, de esforço e de repetitivo. É lér, sacou??? É para poupar a predisposição de adquirir a tal da lesão por esforço repetitivo e a preguiça dos jovens chineses que um empresário chinês (claro!) está formando um verdadeiro exército de robôs na China (of course!), pra mandar ver! Eles estão entrando em ação para  cortar macarrão instantâneo (o tal do lamen) ininterruptamente. 


Massificação robótica pra cortar massa... Negócio da China. Miojo, ô meu. Robô não reclama, não precisa de salário - só uma lubrificadinha nas juntas vez em quando, recarga de bateria, troca de peças ou qualquer lance nesse gênero. E robô que é robô não se importa com as condições de trabalho, horas e direitos trabalhistas. Só tem dever. E é esse exército que tá entrando em campo.  

As coisas mudaram muito. Um outro exército criado pelos chineses, digno de admiração, foi enterrado dois séculos antes de Cristo, junto ao mausoléu do primeiro imperador Qin Shihuang e só foi encontrado em 1974. Um conjunto de 8 mil peças, entre soldados, cavalos, e peças de artilharia que  estava assustadoramente bem conservado. Nenhuma peça igual a outra e cada uma características, incluindo a feição, diferenciadas. Todos paramentados e ornamentados, em tamanho natural, feitos com terracota. Pra que? Pra ser enterrados com o imperador. Para... sei lá, sem função. É assim que é a pura arte. A arte ficou pop e ultrapassou o futurismo. E vêm agora esses seres metálicos e, ainda mal nascidos, a um passo do kitsch.



Daqui a pouco, os ajudantes de cozinha vão se aperfeiçoar e podem se tornar chefes. O tal CEO - Chef Executive Officer, daquele lugar onde a sinhá não quer saber de batuque, porque por causa do batuque pode acontecer de queimar o pé. 


O homem é um caçador de andróides

E ficamos aqui pensando que “tempos modernos” é o troço mais velho do mundo.
Os robôs estão entre nós, sim senhor. Acho que um dos primeiros que conhecemos foi a lata de sardinha enferrujada, da série Perdidos no Espaço, assim chamada pelo maquiavélico Doutor Smith. Pois bem, eis a receita: pega-se esse antigo robô, abre-se ele e mistura-se seu conteúdo ao produto que esses robôs chineses que estão com a mão na massa preparam, e teremos um belo "macarrão com sardinha", no melhor estilo merenda escolar.


Prato feito, texto pronto. Bom apetite e sirva-se... Pra acompanhar, mais nostalgia ainda: tang, refresco de pozinho desidratado que diziam ser a bebida que os astronautas levavam para o espaço E nem precisa de sobremesa, porque depois de bater esse rango, vai pintar um clima muito propício para amarrar um bode. Béeeeee, béeeeee. Lembra disso? 


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O crepúsculo dos deuses

Em direção ao ocaso

Nesta reta final de 2012, de repente, despertamos abruptamente para constatar que estamos, todos... o mundo inteiro, passando por um período determinante de "ocaso" ou "ocasos".

Os Estados Unidos não mais detêm o poder absoluto de comando do mundo: não são modelos de nada e não apitam sozinhos sobre a economia mundial. A meca do capital está de mudança. Ou, já está de endereço novo.

Vejamos as eleições americanas. Gostamos do Obama. Temos apreço pela sua pessoa, pelo que representa. Ele, ainda, é o cara! Mas, como não reparar a cara de perdido que ora ou outra estampa em sua face... E o Romney? O mesmo discurso pós-guerra, a mesma velha calça (digo causa) azul e desbotada!



E a velha senhora... obesa se arrasta e se contorce de lá para cá pra encobrir com seus rotos euros a onda de falência e indignação que se espalha. Coitada, não acostumou a trabalhar. Pudera enriqueceu surrupiando as pobres, e bota pobre nisso, colônias.

Enquanto isso, no Brasil as eleições para prefeitos e vereadores apontaram para o "ocaso" dos coronéis da política. Sarney ainda conseguiu dar sua última e agonizante gota de sangue para eleger o mandante de São Luiz. Foi o canto do cisne. Deus queira que não tenha fôlego pra mais nada. E seus mimados sucessores e assessores não conseguirão sobreviver sem a ajuda do bigodudo. Diferentemente do jovem ACM, que se impôs como um veemente discurso opositor do governo Lula. E foi que foi...


E precisamos todos rejuvenescer
O velho Serra subiu a serra e deverá por lá ficar, se tiver bom senso. Assim como FHC, que tenta fazer novas cabeça com base num discurso neoliberalizando o THC. Por aqui... os caciques devem estar fumando cachimbo da paz, com esse e aquele, confabulando... Quem viver verá. Por quê? Oras... porque sim. A geração hoje dos 40 a 50 anos está farta destes políticos sem postura política. E os jovens, a outra parte da laranja, não conhecem e nem querem conhecer dessas coisas do passado. Triste pretérito. Até por que, a maioria nem história tem pra contar.


James Jeans
O poder jovem, ultrajovem, preconizado há 30 anos, parece que chegou. Não está em jogo a idade cronológica. O que vale é o pensamento e as posturas que inovem, que atendam aos clamores populares. Estamos com saudades de estadistas, palavra que parece ter caído em desuso. Porém, cuidado, poder jovem e ultrajovem. As atitudes velhas e ultrapassadas ainda estão por aí e por aqui. Elas, se adotadas, vem com data de validade. 


José "Pepe" Mujica

sábado, 27 de outubro de 2012

Dureza


James Bond morreu... Morreu pra você. Você que é uma pessoa ingrata. Porque vi, tudo bem que foi na televisão, mas vi e ouvi, de sua própria boca que um dia a terra há de comer, que seu hobby é ressuscitar. Contracenando com o inglês galante e elegante, o espanhol mutante: Javier Bardem, que agora me aparece de loiro platinado. Isso é pra quem pode, não pra quem quer. 


Amanhã, 2º turno das eleições pra prefeito em Cuiabá, em mais um monte de cidades e em 17 capitais brasileiras. Imagino o sofrimento durante a apuração. Pra maioria das pessoas é um caso que acontece de vez em quando. Eu já sofro semanalmente, todas às vezes que o Fluminense joga. E não posso reclamar desse meu time e das emoções que tem me proporcionado. No dia em que estiver tirando meu time de campo, aqui na terra, certamente, hei de me lembrar do Roberto Carlos com aquele seu versinho magistralmente medíocre: "o importante as emoções eu vivi". Em parte, graças ao futebol. Na outra parte, por conta de muitas e muitas coisas que confessarei, um dia, que vivi.

Wellington Nem
Quem sabe da minha vida sou eu. Um dia perco a memória e no outro a agenda. Mas, perder a pose...? Isso nunca. Reconsideremos, no entanto: nem todo mundo que não perde a pose, morre duro. Não estou morrendo... Tudo bem que posso estar um pouco duro. Mas tô assim porque tem gente que me deve e que não sei se nega ou não, e que também nem sei se vai pagar quando puder. Duro, mas não morto. E posudo.

Slavoj Zizek
Há meses, talvez mais de ano, um filósofo moderno numa entrevista disse que a religião, as ideologias e os governos perderam totalmente a credibilidade. Hoje, segundo o cara, só a força do capital - a grana mesmo, é que está por cima. Noutras palavras, o dinheiro é o deus deste mundo contemporâneo. Penso comigo mesmo: agora sim, fudeu geral... faz horas que não acredito em religiões e nem em governos... e o dinheiro, não tenho. Então, segundo minha ideologia (ainda devo ter alguma), deus me abandonou.

Mas, não importa. Agora que estamos com o site na internet (tyrannusmelancholicus.com.br), tudo vai mudar. Ontem, por exemplo, até ameaçou chover aqui em casa. Não choveu, mas bateu um vento. E o vento levou nossa imaginação para além da estratosfera.



Deus

a ideia que tenho de deus
é como um sujeito
que saiu pra comprar cigarros
e depois...

você já sabe.
não é que eu seja
um ateu convicto,
ou à toa.
o problema todo
é que eu também fui,
com ele, comprar os malditos cigarros.
dizem que deus é bom
e é pai.

e eu sempre gostei
de andar muito bem acompanhado.
                                          (L.F.)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

"que vem aí bom tempo"

                             (Foto: Tati Colombo, Arte: Bia Falcão) 

Sexta-feira, pouco mais das sete da matina e já estamos na rua. Trânsito louco e calor de matar! O brilho do sol é tamanho que ofusca a visão. Acredito que motivado por essa imagem e por constatar que praticamente o  ano tá perto de se acabar, vem a recorrente memória palativa: "Tô com vontade de comer pequi...". Cinco minutos depois, numa rua de bairro chique, onde é comum ver um sujeito vendendo morangos, uvas, graviolas, esfirras, empadas etc... eis que sacolinhas de plástico cheias de pequenos “soizinhos”  aparecem amontoadas no capô de um velho carro. São eles!!!!!!. Eles estão chegando. Acabam de chegar para compor a paisagem cuiabana com cor e cheiro. Está aberta mais uma temporada de pequi (ou piqui).



E junto com a fruta do Cerrado brasileiro, amarela, de sabor forte e inconfundível, espinhenta e tipo “ame-a ou deixe-a”, apresentamos aos nossos visitadores a nova cara do Tyrannus. 

Resolvemos investir num site cultural porque acreditamos que há espaço e carência para e de informações do mundo cultural. Seja em nossa cidade, no Brasil, ou no mundo. Acreditamos que cultura abrange muito mais que conhecimento e apuramento. É também um promissor campo de “business”. Um negócio no qual vale a pena investir. 



O site vai ficar um tempo “em fase de experimental”. Pedimos desculpas pelo clique a mais que será necessário para adentrar em nossas crônicas e em outras notícias. Convenhamos: cliques em demasia são um pé no saco.

E a partir desta edição, além dos nossos textos autorais, teremos notícias relacionadas à cultura, poesias, uma agenda com o que tá rolando em Cuiabá e até enquetes, para conferir a opinião dos internautas sobre os mais variados assuntos. Pra começar. E claro que esperamos anúncios... muitos. Como vocês sabem, qualquer negócio que está começando oferece vantagens e mais vantagens às empresas que se interessarem em associar suas marcas ao novo veículo. Pois é, tem anúncio aqui a preço de bananinha de bulixo.



Então é isso. Estamos com a corda toda e botando pra quebrar. O Tyrannus vai seguir a filosofia de Tolstói, cantando a nossa aldeia para o mundo. E fazendo ecoar as coisas do mundo por estas bandas. Depois de mais de dois anos na pele de blogueiros, ficamos “toceiras” - no linguajar cuiabano, e chegamos ao segundo turno: agora somos “saiteiros”'. Nosso ninho, entretanto, continua o mesmo. 

Expansões, sabemos disso, são inevitáveis. Mas, o estilo passarinho cai bem pra nós. Asas pra que te quero!


Apostando no tyrannusmelancholicus.com.br

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Perdão foi feito...

Amar é jamais ter que pedir perdão

Está difícil acompanhar as sessões do STF esmiuçando o mensalão. Saiu daquela fase das teorias jurídicas, de muita falação e exemplificação; partindo para uma contagem, nos seus mínimos detalhes, para aplicação das penas. Tudo na base de cada cabeça uma sentença. E enquanto surrávamos nossos laptops em nossas funções profissionais, foi impossível não reparar na bateção de cabeça que rolou naquela corte. Números que representam os "anos, meses e até dias" de pena e números que representam as multas a serem pagas. 

E soma-se daqui, subtrai-se dali... A coisa é tão confusa que o STF suspendeu por uma semana os trabalhos. É a tal da dosimetria. Os ministros manifestaram suas dúvidas seguidamente, como nunca reparamos antes. Deve fazer parte do processo.



A coisa vai se afunilando e sujando pros "mensaleiros". A maioria vai se integrando ao elenco daquele bom faroeste do Eastwood: Os imperdoáveis. O defensor de um dos acusados estava indignado com o ministro relator, Joaquim Barbosa, porque este deu uma risada ao saber do pedido do advogado, que sugeria que as penas propostas pelo ministro, Cezar Peluso, aposentado, fossem aplicadas pelo plenário. Barbosa riu, porque se assim fosse aconteceria a prescrição. Para o outro foi falta de respeito a risada. Barbosa riu, e o advogado não perdoou.

E nós cantarolamos: "quero ver o Barbosa dar sua risada...". Serve pras Irenes de Bandeira e de Caetano.



Você perdoaria? Pera lá, perdoaria quem: os acusados do mensalão ou o ministro que riu? "Perdão foi feito pra gente pedir" é verso da canção de Ataulfo Alves e Mário Lago. Perdão é um sentimento? É um click, creio que por vontade própria ou involuntariamente (quando se esquece) para cessar ressentimentos, mágoa, raiva, ódio contra outras pessoas ou contra si mesmo. É difícil, mas não impossível. 

Perdão é relativo. É subjetivo. É variável. É humano. E é natural e aconselhável que se perdoe ou se peça perdão quando se reconhece o erro ou quando se reconhece que errou. Demorou, mas o Vaticano pediu perdão ao Galileu, 100 anos depois de condená-lo a morte. Se ele perdoou...



E tem muita gente pedindo perdão por aí. Pessoas físicas que representam setores influentes e poderosos da sociedade. E trata-se de um perdão que está além de questões sociais e ideológicas. Diz muito mais respeito aos aspectos econômicos. É curioso ver quem sempre esteve por cima da carne seca se colocar numa posição de pedinte. Às vezes, tem macaco véio que pede perdão depois de andar pisando na bola tempos e tempos. Gente que sempre levou vantagem, e que quer continuar levando essa vantagem, mesmo que o destino aponte numa outra direção.

Pelo menos no caso do mensalão está acontecendo um julgamento e será dada uma pena. Mas há tantos outros casos que nunca foram julgados, enquanto há outros que foram e, ao invés de se cumprir a justiça, tem gente pedindo perdão. A novela, que terminou recentemente, mas se arrastou por meses, foi a votação do novo Código Florestal. A pressão foi forte para o perdão daqueles que cometeram crimes ambientais. O caso era tão importante e premente que acordos e promessas políticas foram acertadas, combinadas. Mas a presidenta canetou um sonoro "não". Engraçado, né?! Se ela perdoasse os crimes ambientais como é que ficariam os proprietários rurais que seguiram e respeitaram a legislação? Estranho...



Se ela tivesse perdoado os crimes, as penas e as multas ela teria que perdoar minha dívida com o Banco do Brasil. Oras, bolas!

De última hora ficamos sabendo que diretores dos grandes clubes de futebol de São Paulo estiveram reunidos com candidatos à prefeitura porque querem o perdão de suas dívidas previdenciárias... gigantescas. Eita... Eu, tu, ele... nós, vós e eles. Todo mundo tem lá uma ou mais dívida que gostaria que fosse perdoada. 


Perdão foi feito pra gente pedir

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O guarda e o debate

"Dona Cacilda": beijinho, beijinho, pau, pau

Um policial de pequena cidade irlandesa tripudiando em cima de um agente do FBI, que veio à Irlanda na tentativa de desbaratar uma intrincada rota de tráfico internacional. Brendan Gleeson é o personagem irlandês e Don Cheadle o americano. Se você gosta de filmes onde a adrenalina corre solta, com direito a pancadarias, tiroteios e perseguições, desista de "O Guarda" (2011), a produção irlandesa que está por aqui hoje.

Não resistimos a uma guinada no assunto. E o papo momento é muito constrangedor. Esteve no palco da disputa eleitoral aqui em Cuiabá. Durante o debate televisivo um beijinho da companheira causou mal estar e confirmou a tendência de discurso político por estas bandas. A disputa à prefeitura ficou na maior parte do tempo ao estilo “samba de uma nota só”: no “eu fui mais pobre”, “minha origem é mais humilde” e por aí vai. Chegou ao cúmulo de “minha esposa é mais bonita”. E beijinho, beijinho, pau, pau...


Só dois? Eu tenho mais... (Foto de Chico Ferreira)
De volta ao cinema. O que nos chamou a atenção em "O Guarda", primeiramente, foi nas primeiras cenas a descoberta de que estávamos diante de uma comédia inglesa. Ou irlandesa. Do Reino Unido, acho que cai melhor. O humor refinado que muito curtimos. O coitado do agente americano sofre uma saia justa atrás da outra, por conta da irreverência audaciosa do provinciano policial da terra de James Joyce, ou do U2, como preferires. O filme tem a direção de John Michael McDonogh.



O guarda
Brendan Gleeson, com seu inegável talento mostra o que sabe. Divertimos muito em filmes com a sua participação como, "Na mira do chefe" e, especialmente, "O general" (1998), dirigido por John Boorman, onde Gleeson interpreta um carismático marginal irlandês.  Apesar de empolgados, confessamos: o filme passou tardão da noite e mal acostumados com o horário de verão... dormimos! Nem por isso, entretanto, deixamos de citá-lo e recomendá-lo por aqui. Como pessoas de bem, precisávamos contar esse segredo. Justo!


Na mira do chefe

O general
Uma pena que essas “coisinhas” aconteçam em debates entre candidatos e polemizem. Era de se esperar que propostas e projetos de governos fossem apresentados e esmiuçados em debates. O orçamento municipal apresentado, o que se arrecada? O quão comprometido está com folha de pagamento dos funcionários, pagamento a fornecedores...? e o que sobra pra investimentos? De onde virão os recursos pra cumprir as promessas de campanha? Da arrecadação? Aumento de impostos? Sei lá esperava isso.


                      Cuiabá 40°             (Foto: J.C. Patrício)
Triste é pensar que os marqueteiros criem tanto “disse me disse” e fortaleçam a fofoquinha vil, pois acreditam que isso seja suficiente para ganhar as eleições. Velhas fórmulas e práticas, ultrapassadas, provincianas... já que as discussões propositivas e esclarecedoras, poderia tornaria o debate televisivo desinteressante. Acordem seus marqueteiros duma figa, que ganham a vida fortalecendo a baixaria. Os tempos são outros. Eleva o nível, meu filho...  

Nem tudo está perdido. O início da noite, o detentor da cereja do bolo do dia. Fomos a apresentação do Coral regido pelo maestro Carlos Taubaté. E registramos flagrantes fotográficos. Em um deles, o zeloso regente, reparem numa das fotos, tem truques especiais para otimizar a performance de seus cantores. No caso de barítonos desprovidos de cabelos, uma lustradinha na careca, feita pelo maestro que prima pela qualidade do som e da “imagem” dos coralistas. Isso sim é que é marketing!







segunda-feira, 22 de outubro de 2012

XOXXOO (KKKKK)*

OMG = Oh! my god

-Faz... faz “L”, pra sua mãe. Tem um monte de amigas nossas da época do Coração de Jesus e sua mãe não está participando. Deixa de ser ruim, faz uma página no Facebook pra ela, que ela vai curtir muito. Vai adorar.
-Num sei... acho que não vai dá certo, tia.
-Deixa de besteira menina... Eu sei que sua mãe vai adorar, conheço bem ela.
-Sabe o que que é, tia..., é que aí ela vai ficar vendo as minhas coisas, colocando comentários e dando sinalzinho que “gostou”. Meu irmão também pensa do mesmo jeito. É chato tia...
-Deixa, eu vou conversar com ela. E se ela fizer isso, você faz que nem minha filha fez comigo...
-...???
-Ela me bloqueou!
- KKKKK (juntas)

Cacos de conversa pelo telefone entre uma adolescente e uma senhora, madura, experiente, digamos... desconflituadora de gerações. Como diriam os publicitários, um “case” super comum nos dias de hoje. Facebook... você ainda vai ter o seu. Ajude Mark Zuckerberg a continuar se dando bem. Ah, tá em dúvida, não se julgas ainda preparado(a) para adentrar nessa rede social? Pois então, comece a pensar que nem eu, que também ainda não tenho meu face. Sou e pretendo começar com um orkut, para depois facebookear. Esperto, hein?!


Mais compromissos virtuais? Fujo disso como o diabo da cruz. Quando preciso dele, e de suas benesses, que são valiosas, uso - usamos, melhor dizendo, o da outra metade aqui do Tyrannus, que é assídua na rede. Fico numa de parasita da rede social. Meu Deus do céu... nem sequer um vírus me tornei?


-Olha, tô p. da vida contigo. Você não responde minhas mensagens no face...
-Nossa, não sei porque tá acontecendo isso... Acho que suas mensagens não estão chegando. Vejo de todo mundo... as suas, não sei. 
-Olha lá, veja direitinho, porque to pensando seriamente em te excluir...
-Juro por Deus. Não me lembro de ter recebido suas mensagens, mas, chegando em casa, vou  ver o que tá acontecendo e te “cutuco”.
-Veja lá, não te excluí porque meu irmão falou pra eu não fazer isso com você.

Use esse ícone pra cutucar alguém...

Papo de supermercado entre duas amigas que pouco se encontram, fisicamente. E, segundo consta, também não andam se encontrando virtualmente. Preocupada, a que teve as respostas cobradas chegou em casa e foi direto ao face. Para seu espanto, reparou que a amiga com quem se encontrou nas compras sequer era sua amiga na tal rede. Após solicitar a “amizade” e imediatamente ser “aceita”, trocaram mensagens pelo computador.

-Então, sua doida... nós nem éramos amigas e você já querendo me excluir....
-Nossa, tinha esquecido que já tinha te excluído... (kkkk)
- viada! (kkkkk) 

Como pessoa ausente desse “sujeito”' facebook, confesso que tenho reparado em suas utilidades e futilidades. Social e profissionalmente, eu diria, que nem um jovem amigo entendido de informática: "se você ainda não tem, quanto antes tiver o seu, melhor será". Será? Será, sim. Acredito. E, como estamos em época de eleição, vou fazer que nem a classe política. "Eu prometo que vou ter o meu facebook".  



* XOXXOO = abraços e beijos

domingo, 21 de outubro de 2012

Sssó


Temos um amigo que é gago e foi candidato a vereador noutros tempos. Na hora da propaganda política, a que passa na TV, imaginem o drama do cara. Para a montoeira de candidatos o tempo era pequeno demais, para ele, os mesmos segundos, era uma imensidão. Se tivesse que falar alguma coisa, o ideal é que partisse para um estilo narrador de corrida de cavalos, ou de leiloeiro. Tá fácil. Qual nada. Então ele optou em ficar paradão, enquadrado pela câmera, enquanto uma voz em off dava o recado.

Para quem o via na TV, a impressão que se tinha era a de que não era ele, em carne e osso, que estava ali. Parecia mais uma reprodução impressa da sua imagem, com um “fotoshopizinho”, pra dar uma força. Nos últimos segundos, no finalzinho do VT, ele lascou uma piscadela, para comprovar que estava ali... Essa estratégia assustou meio mundo. Se foi bom, ou se foi ruim esse marketing... não sabemos. Mas eleito é que não foi. 


Boêmio e gago
Uma figura da realeza britânica  de intensa expressão internacional, teve problemas com a sua gagueira a vida inteira. Virou até filme, e que filme. "O discurso do rei" (2010). Retrata o drama de George IV, segundo na hierarquia pra assumir o trono, que viu seu mundo até então tranquilo dar uma reviravolta, ao ser chamado a assumir as funções reais, num momento crucial para o mundo. Contratou um especialista nada convencional para dar um trato em sua expressão verbal. Brilhantes atuações de Colin Firth e Geoffrey Rush, sob a direção de Tom Hooper.  George, para quem não sabe, vem a ser o pai de uma das mulheres mais poderosas do mundo, a rainha Elizabeth II. "O discurso do rei" foi vencedor de inúmeros prêmios importantes, como o Bafta (sete categorias) e o Oscar (quatro).



Retrato de George IV

Já o texto correndo solto e só agora registramos que nesta segundona (22) comemora-se o Dia Internacional de Atenção a Gagueira, data de âmbito planetário criada em 1998, mas que só começou a ser lembrada no território brasileiro a partir de 2005. Sabe como é, né... aqui as coisas são um pouquinho mais demoradas.  Uma campanha bem vinda, que apoia pessoas sem a plena fluência da fala.


"Mu-mu-mulher, em mim fi-fizeste um estrago / eu de nervoso estou-tou fi-ficando gago / não po-posso com a cru-crueldade da saudade / que que mal-maldade, vi-vivo sem afago". Versos da canção Gago Apaixonado, de Noel Rosa.

Gaguejar é humano. Tropeçar e ser repetitivo em algumas sílabas é acontecimento diário na vida de quase todos nós. Engraçado para a maioria, mas dramático para quem gagueja, de acordo com a situação.  Temos um amigo, poeta mato-grossense e nobre escritor, dos melhores daqui. Ele gagueja, mas sua inspiração e seu verso esbanjam fluência. Difícil resistir a tentação de reproduzir abaixo pelo menos um poema seu.


dra-dragão
Canção para o casal que do vigésimo andar contempla a lua

- Conforme teus olhos refletem a lua
É bem provável que Neil Armstrong
Tenha pousado na pupila sua!

- Deixe de histórias, seu bobo, os meus olhos
Não têm módulos nem modos;
E dos astronautas todos
Quem neles está quem será?

- Não faço a menor ideia, contudo,
se os olhos podem falar
não os deixe serem mudos.

- Não posso te olhar com eles.
Se te olho com certeza,
Verás nos olhos de quem tens presa,
Nas luazinhas, pela escotilha,
A tua imagem que neles brilha!

(Aclyse de Mattos, do livro "Assalto à mão amada")