domingo, 30 de setembro de 2012

Salve simpatia

Aplausos para o público que compareceu no
Chapada in Jazz

Final de semana especial. Música de qualidade e companhia de amigos pra lá de queridos. Amizades e amigos são igual a vinho... quanto mais antigas, mais preciosas e agradáveis. Quem as tem, sabe o que significam. Quem não tem... que peninha. Parte do sábado e do domingo numa Chapada com pessoas que curtem a cidade e a arte produzida por ali. 

Uns poucos estorvos. Dois ou três veículos abusando dos decibéis e impondo suas predileções (geralmente de baixíssimo nível) e uma barulhenta e inconveniente carreata com foguetório e rufando o jingle do candidato. Coisa mais sem propósito. A única manifestação que se observa, da parte da maioria das pessoas, para com o gerador do barulho, é um olhar de reprovação. Nem tudo é perfeito.

O jazz de Lieberman
Terminou neste domingo (30) a terceira edição do “Chapada in Jazz”. Três dias de apresentações de músicos de Mato Grosso, de outros estados brasileiros e de outros países como a Rússia e os Estados Unidos. O discreto palco armado numa das ruas do centro da cidade foi de onde emanou o jazz de qualidade para um público seleto, educado, que quer se divertir e apreciar a boa música. Dava gosto de se ver e ouvir. Que venha mais jazz no próximo ano.

Tudo azul no Circo Pirathiny
Antes de chegar ao “Chapada in Jazz”, parada obrigatória, com muito gosto, no Circo Pirathiny, novo point cultural que anda agitando a cidade, pra checar novidade que pegou carona ao evento jazzístico: a 1ª   Mostra de Música Instrumental de Chapada. Na sexta aconteceu na Igreja Nossa Senhora de Santana e no sábado neste descontraído ambiente. A ideia é divulgar o trabalho que os músicos instrumentais da Chapada estão fazendo, aproveitando que o público do “Chapada in Jazz”  é praticamente o mesmo. Mais uma opção a mais pra galera ali presente é bem vinda. Um “esquenta” ao estilo (neste ano), mas que chega pra fazer parte do calendário de eventos artísticos. 



Claro que fomos conferir. Músicos jovens, estudiosos e virtuosos reunidos. Violões, baixo, bandolim, vibrafone, pandeiro, viola de cocho... Será que faltou algum instrumento? Nove instrumentistas, a maior parte com formação erudita, mas livre trânsito em praticamente todos os gêneros musicais, apresentaram um repertório super eclético. Passearam por Charles Mingus, Astor Piazzolla, Garoto, Tom Jobim, Gramanni, Granados e composições de “Seu” Tuti, entre outros... 


Não conhece “Seu” Tuti? Shiiiiii.... Pois bem, ele é cidadão chapadense, vive na zona rural onde tem uma pequena propriedade, e de lá tira seu sustento com a rocinha e também produz gamelas, colheres de pau etc. Lá, envolvido com seus animais e plantações, sustenta a família e também encontra tempo pra ser tocador e luthier, expert em violas de cocho. Simpatia. No encerramento da Mostra, os músicos, a maior parte jovem e de formação erudita, acompanharam o talento criativo do  “Seu” Tuti. Aplausos!!!!! 


Salve simpatia
Vale o registro que o Circo Pirathiny, nessa mesma noite, recebeu a banda de rock Branco ou Tinto. E acabou-se o que era doce. 

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bichinho de pelúcia

Kate Moss... pode!

Onça pintada... que beleza...  fundo amarelo com as pintas negras. É  conhecida a resposta à queima roupa de um estilista sobre em qual peça do vestuário esse padrão selvagem cai bem: "Na própria onça". Ledo engano meu caro, o tempo mostrou que as manchinhas da onça pintada são um ícone fashion, unanimidade absoluta. Gosto e... cada um tem  o seu. 

Não compliquemos e voltemos ao ícone. A estampa é manjadíssima, arriscada e com um sexappeal fortíssimo. Dizem que dá pra sair usando por aí a bel prazer. "No zíper, a surpresa que já tarda / Calcinha imitando pele de leoparda". Oportuno verso de Arrigo Barnabé. Caiu bem aqui a combinação. Sensual. É possível argumentar que o visual depende do contexto. Do estilo, do ambiente, de quem usa e, principalmente, do bom ou mau gosto de quem observa. E pode dar zebra.

Vamos de amigo urso agora. Animais onívoros que não se apertam e comem de tudo. E andam fazendo também de tudo. Lembra do ursinho blau blau de brinquedo? Aquele dos anos 80 que emplacou no roquinho brasileiro? Pois é... ele, ou um parente próximo dele, cresceu. Hoje os ursos frequentam os ambientes finos e são fetiches, principalmente da comunidade gay. Um urso é um cara grandão, peludão, macio, amigo.  Os antes bichinhos de pelúcia que pululavam nas doces fitas de cinema, cantando canções melosas em meio a campos de flores multicoloridas, hoje, aparecem, dependendo da relação com seu amiguinho/proprietário, até fumando maconha. Assim se mostrou o Ted, personagem de filme homônimo em cartaz no Brasil.




Um desavisado deputado, que era delegado, parece que teve uma recaída quando levou o filho, de 11 anos, pra assistir "Ted", que tem a classificação indicativa para 16 anos. Irado, só faltou o poderoso pai penetrar tela adentro e dar voz de prisão ao ursinho maconheiro: “teje preso”, igualando  plateia e personagem e seguindo os passos de "A rosa púrpura do Cairo" (1985), de Woody Allen. 


Ted em seu "dolce far niente"
O episódio teve um efeito ao contrário e estimulou um monte de gente a assistir o filme do bichinho fumeiro. E o deputado, vai ver que tá morrendo de vontade de dar uns tapas... No Ted, claro, e não em nenhum pequeno artefato cênico. 



Nossa opinião é que não procede em hipótese alguma o comportamento revoltoso dessa “otoridade”,  que ficou na bronca com o Ted. Ora, quem pisou na bola descumprindo a lei foi sua excelência que não reparou que o filme era recomendado para maiores de 16 anos. E já que os gambás gostam de tomar uma pinguinha, todo mundo sabe disso, acreditamos que isso abre jurisprudência para que os ursinhos de pelúcia possam dar uns peguinhas e fazer suas cabecinhas em paz. 


Arrigo Barnabé

Acapulco drive-in

Boca da noite
Boquinha de gata
Chupando, mordendo
Bala de conhaque
Colored
Color na garoa
Dentro do Maverick
Cheirando a jasmim
Passa o coroa
Fazendo sinal
-ei, psiu, psiu, princesa
Você já foi ao play center?
-hum, mas que ideia extravagante...
-então que tal uma tela?
-ah, essa não
-topas um drink num drive-in?
-meu preço é alto
-por você eu faço tudo
Por você eu perco o juízo
-tire. quero sua pele parda
Lábios de carmim
Brr... tentação nua
Empina o volante
No zíper, a surpresa que já tarda
Calcinha imitando pele de leoparda
Acapulco drive-in

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

jacinto confúcio

Jacinto flor

Queríamos fazer conjecturas sobre a cobertura do julgamento do mensalão, lá no STF em Brasília. Aguardamos estáticos na sala, virtualizados, na companhia do laptop e da televisão, que tem vários canais transmitindo diariamente a peleja das coisas por lá. Parece até apuração de desfile de escola de samba. E nós na torcida. Quando um voto “vai de encontro” ao dado pelo Ministro Joaquim Barbosa é aquele Ahhhhh!!!!!!, uníssono. E essa parada, "justiça seja feita", anda roubando a cena. Tem feito mais sucesso que o bacobaco das eleições municipais. 

Por enquanto, a única coisa que temos certeza, é que se dependesse do nome dos que estão sendo julgados, pelo menos um deles já estaria de mal a pior. Ora, Jacinto Lamas não é um nome. É um fardo para quem está numa embrulhada dessas. O sujeito deve estar sendo alvo de toda a sorte de trocadilhos. 

Jacinto...
Mas é melhor não enveredarmos por esse lado. Sabe o que é, é que vimos uma pesquisa hoje onde se registra que a liberdade na internet está em queda de 2011 pra cá. Dos 47 países avaliados, 20 estão andando pra trás. O Brasil, ao contrário, melhorou um pouquinho e está em décimo primeiro lugar. Os países são classificados entre livres, parcialmente livres e não livres. Deus nos livre dessa última classificação.

China, Cuba e Irã são cabeças de chave nesta reacionária lista. Usou a rede para se expressar politicamente cheio das liberdades e questionamentos, pode crê que o pau vai comê! Na Estônia, sabe a Estônia? Nem eu. Mas dizem que a liberdade digital caminha pra outro lado. Internet cada vez mais livre e acessível. O país está em vias de aplicar aulas de programação para alunos do primeiro grau das escolas públicas. Bacana, hein?!  Imagina se a moda pega e chega aqui no Brasil, em Mato Grosso, em Acorizal. Que maravilha seria...


Negócio complicado hoje aqui com o texto. Dispersando demais. É mensalão, é liberdade na internet... até Acorizal entrou na parada hoje. Escrever é algo que tem a ver com improviso sim senhor. As palavras vão brotando aos borbotões e quero ver segurar. Mas já que “falamos de improviso”, vem à memória o “Chapada in Jazz”, que começa nesta sexta e vai até domingo. Além disso, vale a pena conferir a apresentação a “Mostra de Musical Instrumental”, nos dias 28 e 29 na Igreja de Santana e no Circo Pirathiny, respectivamente. Só santo e prata da casa.



Música, música na Chapada. A apresentação do grupo paulistano Tangata, que faz um mix de jazz com tango, promete, nesta sexta. E no dia 27 de setembro, que vai bailando enquanto postamos, comemora-se o dia do cantor. “Solto a voz nas estradas...” Cantar faz bem pra alma... Piriri, pororó, patati, patata etc e tal, e para... para tudo, parafuso. Pra fim não confuso, vá de Confúcio, que comemora nesta sexta 2.563 anos.  

"Para onde quer que fores, vai todo, leva junto teu coração"

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Chuva do caju

A grande arte de João Sebastião
No final da noite de terça-feira (25) o jeito foi juntar uns cacos de ideias que se estraçalharam ao longo do dia. Tudo encaminhava para o bem, mas lá pelo meio da tarde, ou um pouco mais pra frente, veio uma chuva que pegou o bairro, a cidade e a nós de jeito e levou/lavou nossas palavras. Um post vibrante... bombástico/orgasmático, pra agitar quem visita este blog passarinho era o que estava programado. Regra cotidiana. Então, a culpa é da chuva, se ficar um texto assim meio xôxo.

Reconhecemos que nem tudo é perfeito.  E recomendam pra gente nunca escrever e nem assumir, em momento algum, que às vezes cometemos alguns deslizes.  Mas eles acontecem e, na verdade, é preciso lembrar que errar é humano. Daí as "cagadinhas", obra de passarinhos. Que são essas pequenas coisinhas que cometemos, muuuiiiittto de vez em quando... e sempre.

Então tá. Hoje vamos de DR. Não DR de doutor... Nada a ver com médicos, nada contra eles. Médico, poeta e louco é a categoria humana que mais apreciamos. O DR, neste caso, é discutir relação mesmo. A relação deste blog de duas cabeças com seus leitores/seguidores que a cada dia vem crescendo numericamente, segundo dados estatísticos quantitativos obtidos através de um programinha de monitoramento. Já os dados qualitativos, cá pra nós que deles sabemos, são motivo de orgulho e de estímulo. Eles dão pano pra manga pra esta conversinha de pé de ouvido... pra discutir a nossa relação.

Suiriri, ou siriri, que também atende por Tyrannus Melancholicus
E não é assim uma conversinha de falta de assunto. É só pra dizer que nos próximos dias o Tyrannus Melancholicus vai mudar... E leva consigo seu espírito poético, bem humorado, crítico e autoral. Mudanças são boas e necessárias. Vamos a elas! Bom, é o seguinte... sabe aqueles povos antigos, os gregos?  É por aí. Vamos agregar ao Tyrannus algo mais..., um novo ambiente, mas "espaçoso", organizado e diversificado.  Agregam a este projeto pelo menos mais dois jornalista que comungam conosco no prazer pelas artes e pela cultura.



A mudança significa que vamos alçar voos mais audaciosos, sobrevoar por outras "cositas" que rolam por aí e enlear tudo numa grande trama, tecida diariamente. Enleio é a senha para o convescote. Aguardem! O Tyrannus garantiu um aconchegante ninho neste espaço. Afinal, ele merece. Porque aqui é o nosso pé de pequi.



O Caju

Meu caju nativo cuiabano
não é cativo:
Nasceu com as pedras e o vento
(cajuzinho espontâneo sem pai)
Órfão sorrinte
Incercado e sempre livre
das bandas do Araés ao Ribeirão
Cajuzinho do povo
brotado entre cascalhos livremente
e por isso gostoso e cuiabano.
        Ronaldo Castro
       (saudoso poeta de Cuiabá)

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Cheiro de chocolate e outras histórias


Autor de pelo menos duas dezenas de livros, vencedor de prêmios literários, finalista por duas vezes do Jabuti e uma vez do Prêmio Casa das Américas; ele é um desconhecido escritor brasileiro. Seu talento flagrante não tem sido suficiente para uma circulação massiva de suas obras na mídia. E, tampouco o seu nome, que não é nada comum, tem lhe servido de marketing. Roniwalter Jatobá é o cara.  Ops, esqueci-me de aspar... "o cara".

Deliciei-me vorazmente com as 145 páginas de "Cheiro de chocolate e outras histórias", o mais recente livro de contos de Jatobá, lançado pela editora Nova Alexandria. Disse que me deliciei, porém, na verdade sofri um bocado com as descrições e histórias de personagens em precária situação econômica que vieram para São Paulo, na esperança de enriquecer. Cabe aqui registrar a delicadeza da assessoria da editora que me enviou o livro após, antes, indagar se eu o queria mesmo. É assim que se faz, para não correr o risco de deitar pérolas aos porcos. 


Roniwalter Jatobá (1949), que juraria tratar de um pseudônimo (mas, nada foi mencionado nas “informações” sobre o autor constantes no livro), mineiro de nascença, baiano de adolescência e paulistano por opção, após atingir a idade madura. Foi operário do setor automobilístico, gráfico e depois formou-se em jornalismo. Chegou de mansinho na literatura, onde está até hoje. De mansinho. Voluntariamente, no final dos anos 70, se exilou na Europa, onde viveu sete meses. 

Ronaldo Cagiano   Roniwalter Jatobá
A narrativa de Jatobá é envolvente. Seus tipos quase miseráveis, e também esperançosos, são desentranhados da mais pura realidade. O autor, certamente, esteve envolvido com essas pessoas e contextos que narra em seus contos. Na orelha do livro, pontua sobre ele, Ronaldo Cagiano (autor de mão cheia), uma comparação com o processo criativo de Goethe: "O começo e o fim de toda a atividade literária é a reprodução do mundo que me cerca por meio do mundo que está dentro de mim."

Ilustração de Enio Squeff

Já no segundo conto, "Aves de arribação" - nome bastante sugestivo, Roniwalter apresenta seu caleidoscópio de pessoas humildes que praticaram o êxodo rural, para se desvairar numa pauliceia onde a selvageria do concreto já avançava a passos firmes. O conto que nomina o livro "Cheiro de chocolate", explora curiosamente a questão humana dos odores. Brinca, ou fala sério em torno desse tema, com uma incrível qualidade. Olha só... esse povo, esses escritores bons que nos provocam encantamentos, gostam de enrolar os leitores misturando ficção e realidade. Tem autor que, já ouvi dizer, faz um negócio que nem se pode chamar de ficção: é fricção... o cabra pega a realidade e esfrega ela até dar caldo.

Ilustração de Enio Squeff

domingo, 23 de setembro de 2012

Fim de conversa


Bye bye Braxília. De volta pra Cuya até na tampa de novas experiências e contatos. E retinas fatigadas com a montoeira de filmes. Volto pro ninho feliz da vida, pois nada como o lar adocicado. Neste domingo (23), lá pelas dez da matina, toca o telefone no meu quarto. "Alô... é o senhor que é crítico de cinema de Cuiabá?". Meu Deus do céu, penso, com a cachola embananada. Deduzo e descubro de quem se trata... "Pô, Nicolas, fiquei até assustado".


"Pudinzin" do Jk
O poeta amigo, cuiabano, radicado desde o período paleozóico na capital federal, Nicolas Behr, está para lançar livro novo. Acho que é "meio seio" ou ao contrário, o título. "Vou passar aí no hotel agora pra te pegar. Venha almoçar aqui em casa com minha família". Aplica o convite e diz que a sogra estará presente. 

Lembro-me da ruidosa conversa que tivemos no sábado, quando visitei seu viveiro.  Entre as espécies que ele comercializa, paramos diante de uma palmeira (gueroba?) e quebramos o coco (olha só, nessa idade!)... calma... para degustar a castanha e, de japa, um suculento coró.


Nicolas, o garoto que ainda quebra-coco
Pau Brasília é o nome do estabelecimento comercial do poeta e, num discreto bar ao lado, traçamos uma rabada... no sábado (22). Sei não... coco, pau, rabada, seio (o novo livro tem apelo erótico). Lembro-me quando ele me contou que, ao detalhar pra sua mãe a nova obra, ela perguntou-lhe: Nicolas, o livro tem desenhos? Tem, mas a senhora não precisa ver. Raciocino sobre o convite e disparo. "Não vou almoçar na sua casa não, cara. Você tá querendo me usar diante da sua sogra, já que está com essa história de livro besteirento".  Caímos na risada e ele: Lorenzo, você descobriu meu plano secreto.


Rabada em DF ...

Não fui. E descobri que dancei, deveria estar no aeroporto! Vacilei e não chequei a data de retorno. Apresso-me no almoço e na arrumação da mala. No saguão do hotel, enquanto aguardo a condução pro aeroporto, engato conversa com a atriz mirim Raquel Bonfante e sua mãe, que também aguardam a van. Raquel atuou em "Noites de Reis", de Vinícius Reis, longa de ficção exibido no sábado. Me perguntam o que achei do filme e fico um pouco sem saber como lhes explicar que não gostei do filme. Elas agradecem minha sinceridade.

A caminho do aeroporto, converso com a atriz Bianca Byington, protagonista do filme. Ela, claro, é outra que quer saber o que eu achei do filme. Eu disse algo como a falta de uma contextualização mais forte dos personagens na história. Só depois, quando já estava no avião, é que achei qual deveria ser minha resposta, a que soaria de forma mais direta: cinema, como literatura, é uma contação de história... às vezes a gente não gosta da forma como a história é contada.   E assim termina o post de hoje.


A linda Maria Fernanda Cândido

Nome do filme: quando os falcões se encontram...
A bela e impávida Brasília

sábado, 22 de setembro de 2012

FestBrasilia em noite mais ou menos

Empurrando... de Chimicati, Bottaro e Carvalho

"Empurrando o dia" (25'). Expressão que tem a ver com ócio e monotonia e que nem precisa explicar pra se entender. É um curtametragem mineiro dirigido por Felipe Chimicati, Rafael Bottaro e Pedro Carvalho. Às vésperas das festas de final de ano eles percorreram corrutelas do Centro Oeste das Gerais em busca de depoimentos, assim à toa. Aquela conversinha fiada na qual o povo mineiro é mestre. Com passagens engraçadíssimas - como a história do “termo”, e outras nem tanto e não comprometem. Facinho de assistir, interessante e divertido. 
Com a palavra o diretor de Valquíria
O curta mineiro, "Valquíria" (8'), de Luiz Henrique Marques é uma animação baseada na ópera de Wagner, "O anel dos Nibelungos", onde é narrado um bravo conflito familiar. Para uma animação que resulta da graduação de Marques, até que ele foi longe demais. Uma estética bonita e criativa é percorrida ao longo da brevidade da obra. Há que se ressaltar que a grandiosidade da música wagneriana não é coisa que se acha em qualquer esquina. E o jovem cineasta não foi pretensioso, o que já é um grande passo.


Eu nunca deveria ter voltado
"Eu nunca deveria ter voltado" (15') curta carioca, confesso que me decepcionou. Eduardo Morotó, Marcelo Martins Santiago e Renan Brandão dirigem esta história que mostra as encucações de um personagem em relação a uma fotografia de jantar com sua família, onde estão seus pais e irmãos.  Fiquei com a impressão de que é um filme pra “viajar”, senti que perdi o bonde e nunca mais volto.


Gracinha, a doméstica engraçadinha
O documentário longa-metragem "Doméstica", filme pernambucano de Gabriel Mascaro, não me agradou, apesar da necessidade de se ressaltar a coragem do diretor que o montou a partir de imagens registradas por adolescentes, ao longo de uma semana, em torno de suas empregadas domésticas. O filme oscila muito e fica totalmente a mercê do peso de cada personagem. Há momentos de extrema comicidade, que se alternam com outros muito frouxos. Talvez a ideia apresentasse um resultado mais interessante se Mascaro entrasse de cabeça no experimentalismo.

Último título exibido na noite de sexta, foi o longa de ficção "Era uma vez eu, Verônica" (PE), de Marcelo Gomes (me deixou um pouco atônito). Demorei muito para entender que "era só aquilo mesmo" que estava sendo narrado. As reflexões existenciais da médica recém formada que vive às voltas com suas questões e dúvidas, e com o pai, enfermo, quase ao ponto de se mandar deste mundo, por quem nutre uma forte relação afetiva. Enquanto ata e desata essa conversa em torno de “o que faço da minha vida”, o cineasta vai mostrando suas armas. Fotografia depuradíssima e a capacidade de criar situações envolventes com seus personagens.

Marcelo dirigindo Hermila Guedes e João Marcelo
Acho que precisarei assistir "...Verônica" novamente para gostar dele, realmente. Pois, o batidão acaba influenciando. Assistir três a quatro horas de filmes seguida, quando chega o último, se acontece uma narrativa meio arrastada, avaliar fica mais difícil.


Os fazedores de "Verônica"

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um dia pra lá de especial



Ipê (Foto: M. Friedlander - Pouso alegre Lodge)
 21 de setembro é o “dia da árvore”, data comemorativa aqui no Brasil. E nós aqui comemoramos os dois anos do Tyrannus Melancholicus. Alegrias e possibilidades são coisas que este espaço virtual vem nos ofertando. A opção pelo nome (difícil de escrever e memorizar) partiu da estranheza, sonoridade, da bela imagem que essas duas palavras de origem latina são capazes de traduzir e encenar. Para aqueles que não sabem, este é o nome científico de um passarinho muito comum, popularmente conhecido como suiriri. Tyrannus Melancholicus nos presenteou com belos voos e viagens, algumas reais outras imaginárias. "Já faz tanto tempo, mas parece que foi ontem". Beijos e agradecimentos aos nossos amigos/seguidores/leitores... 


Isaac Newton: Por que a maçã sempre cai
perpendicularmente ao solo?  

Os frutos do conhecimento

FestBrasilia

Voltemos ao trampo. A quinta-feira foi emocionante. Um princípio de incêndio no Kubistchek Plaza Hotel, onde a tribo tá hospedada. Bombeiros, sirenes, escada magirus, correria, e ordem para evacuar o prédio, embora apenas um quarto no terceiro andar tenha “pegado fogo”, parcialmente. 

O pretenso incêndio virou motivo de gozação, mas emoções fortes vieram à noite, com dois longas: "Otto" (documentário/MG) e "Boa sorte, meu amor" (ficção/PE). Os dois filmes que me fizeram balançar.  Entre os curtas exibidos: "A mão que afaga" (ficção/SP), prendeu a minha atenção. Não entendi (ou não aceitei) os seguidos risos da plateia, enquanto assistia a história de uma mãe, que trabalha com telemarketing, vê frustrar o aniversário de seu filho. Era pra chorar, não pra rir. Riso de nervosismo, quem sabe?! "A guerra dos gibis" (documentário/SP) e "O gigante" ((Ficção/SC) são diferentes entre si, mas ambos trabalham total ou parcialmente com animação.  


A mão que afaga

Guerra dos gibis

O gigante

Quando me disseram que "Otto" de Cao Guimarães, era um documentário sobre sua esposa grávida e seu filho... confesso que torci o nariz. Mas me redimi... Por que não???? Como castigo fiquei embasbacado com a poesia deste longa de 70 minutos. Imagens e músicas encantadoras montadas com um carinho quase sobrenatural. "É um filme de amor", disse Cao, no palco, antes do filme e ao lado da esposa. E não mentiu. 


Cao e "Otto"
O caminhão de metáforas imagéticas e os esparsos versos em momentos milimetricamente estudados são como que recortes biográficos do cineasta, acho que em estado de graça, com o foco na esposa e no filho chegante. Acompanhar um festival de cinema, têm vezes, parece uma aula de matemática. Sob determinado ponto de vista, "Otto", é o filme mais bonito que assisti até agora. E também o mais chato. 

Mas, depois deste doc. potente, a dose de emoção ainda viria em seu formato “over”. "Boa sorte, meu amor", de Daniel Aragão. O cineasta se utiliza de um gênero que combina romance e drama - na sinopse tá anti-romance, para contar sua história e o faz com perfeição, em preto e branco. Este é seu primeiro longa e que venham muitos outros, de preferência, com essa qualidade e a “boa mão” que ele soube mostrar neste filme que dá o recado sob todos os aspectos. O diretor pernambucano tem participações em festivais internacionais e estreia com muito vigor como longa-metragista. 


Daniel Aragão e Severien