quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Questão de imagem

Alguns filmes vão nos pegando devagarinho. À medida que os minutos vão passando, sem nem perceber, já estamos gostando. Com “Questão de Imagem”, filme francês de 2004, foi assim. Não há nada de especial e de exuberante no que se vê, mas o conjunto apresentado, especialmente, a forma como a história é contada e o tratamento realista para com os personagens apresenta um resultado redondinho, fechadíssimo. A impressão que fica é a de um filme perfeito. Perfeito, dentro de sua simplicidade. Sem viagens, sem enrolação nem ambiguidades, a história é passada de forma retilínea.
Dois escritores, um famoso e um em busca da fama, mas ambos problemáticos. Duas mulheres que se revelam generosas e fortes, ao ponto de suportar a chatice de seus maridos artistas. A filha do escritor famoso, fora dos padrões estéticos e boa cantora, ainda estudando pra melhorar sua performance vocal, tem problemas de auto estima por causa do corpo rechonchudo e da fama do pai.


A partir de agora, estou proibido de dar mais pistas em torno dos personagens e da própria história. Vamos passar direto ao trabalho da diretora, Agnès Jaoui. Este foi o seu segundo filme nessa função, porque como atriz e roteirista possui um currículo mais extenso. “Questão de Imagem”, aliás, venceu o prêmio de melhor roteiro em Cannes. A premiação foi dividida com o marido, Jean-Pierre Bacri, que também atua como ator neste filme.

A personagem central é a aspirante ao canto lírico Marilou Berry. O jogo de interesses que move o mundo das relações interpessoais é o pano de fundo de “Questão de Imagem”. Egoísmo, falsidade, desprezo, arrogância, pessimismo... por aí vai o desfile de qualidades humanas negativas expostas no filme, mas tudo sem forçar a barra. As situações apresentadas no filme são, por vezes, tão corriqueiras, que o espectador haverá de se sentir como uma espécie de personagem secundário.


Chega a ser curioso como essa artista polivalente do cinema, que é Agnès Jaoui, consegue explorar tanto a mediocridade (mais para o sentido de medianos, do que para o pejorativo) de seus personagens e, ao mesmo tempo usar uma linguagem tão simples, mas, em momento algum o filme esbarra no medíocre. Passa ao largo disso, com seu roteiro inteligente e divertido.
Não diria que o filme passa uma mensagem ou dá uma lição de moral. Cada um que tire suas conclusões. E que o espectador saiba tirar proveito dessa conversa em torno da questão da imagem. Com a imagem, eu, tu, ele... qualquer um, pinta e borda. Maquiar não é difícil. Tem gente que não sabe diferenciar imagem de reputação, mas aí já é outra história.
Uma imagem diz mais que mil palavras.


quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Tô de volta

Tô de volta... Esse "tô de volta" é tão agradável de ouvir. Não tem nada a ver com o velho e antigo sonho da possibilidade de voltar o tempo. Refere-se a voltar ou volver a um espaço, a uma afetividade, a uma questão... Nos últimos dias ouvimos esse "tô de volta" saboreando o efeito do som reverberando. Como é gostoso ouvir de alguém que foi embora, debandou, mudou, saiu, pegou rumo por estar feliz, ou desesperançoso, magoado, desencantado, ansioso, curioso... "n" motivos: voltar.

Como assim... "voltar"? E ficamos conversando ainda um tempinho até que algo mais pragmático roubou nossa atenção. Abrimos outra janela, mas o arquivo iniciado ficou "suspenso" e quando retomamos o assunto, não foi preciso voltar à estaca zero. Porque a memória é assim e a gente vive voltando. Talvez, por que o mundo, que é muito maior do que nós, dê voltas; ou simplesmente porque, volta e meia, é preciso mesmo voltar. Assuntos e lugares, por exemplo, são palavras que exigem uma extensão praticamente infinita. E geram situações recorrentes em nossas vidas. A vida é um ciclo com eventos cíclicos. Ou não.


O ano está terminando e o novo se inicia. O ritual é o mesmo do ano anterior, dos anteriores... Na casa de cicrano, na casa de fulano, lá é mais animado..., ou na casa de sei lá quem. Todo mundo quer se programar pra passar o ano numa ocasião especial. Taí mais uma situação que sempre volta. O nosso estado de espírito e a relativa ansiosidade que bate, quando o 31 de dezembro tá quase estourando. E teremos um ano novo com várias voltas, retornos...



Voltar é carta marcada no cancioneiro universal. E geralmente, pelo menos nas canções brasileiras, surge em versos que refletem algum entrevero amoroso que foi solucionado ou, pelo menos, teve sua solução anunciada. Desde bem pequenitos, sabemos que quem parte leva saudades de alguém que fica chorando de dor. Ah... ai que sardades daquele tempo bão, que não vorta mais.



Será que ele Voltaire?

Nossas cabeças de vento voltou. Aterrissar numa conversa semi-onírica, desentranhada da poesia que abarca a música brasileira e eis que surge uma colcha de retalhos onde versos de várias canções dão pinta de um diálogo. Um casal brasileiro morava nos Estados Unidos, esgota a relação após anos a fio de balada em balada. Vida dura essa. Eles brigam e ela decide voltar para o Brasil. Ele lá, ela cá... Na base das mensagens cifradas. Quem volta, quem não volta?

(Ela): Disseram que eu voltei americanizada.
(Ele): Mas se ela voltar, se ela voltar que coisa linda, que coisa louca...
(Ela): Vou pedir pra você voltar.
(Ele): Vou voltar, sei que ainda vou voltar...
(Ela): Volta, vem viver outra vez ao meu lado.
(Ele): Pode ir armando o coreto e preparando aquele feijão preto, eu tô voltando...
(Ela): Você voltou, meu amor. Alegria que me deu.
(Ele):Eu voltei, agora é pra ficar...
(Ela):Voltou às quatro horas da manhã, mas só na quarta-feira.
(Ele):Voltei pra você...
(Ela):Ele voltou, o boêmio voltou novamente.
(Ele):Voltei pra rever os amigos que um dia...






Então, gente boa, tá aí quase prontinho. Agora é dar um final na historia... "ou levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima" ou sai, compra e volta com um "voltarem". Porque tão bonito quanto os que foram e voltaram é a volta dos que não foram...

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Inacreditável!

Difícil de acreditar... Inacreditável. É isso. Eis o assunto de hoje. As coisas vão acontecendo, parecem estranhas às vezes, mas vamos desconfiando à medida que os fatos constatam que não é bem assim ou assado. Deu na televisão, saiu no jornal e na internet. E o povo vai falando e a gente vai tenteando pra crer.

É difícil de acreditar quando o Mantega alardeia com a informação de que o Brasil é a 6ª economia do mundo. Mas, dá pra engolir, porque, afinal, são números e trata-se de uma ciência exata. Só que é quase impossível acreditar que esse crescimento da economia vai reverter em melhorias na educação, saúde e segurança públicas, no mínimo!!! E a desigualdade social, a qualidade de vida, o índice de desenvolvimento humano? Veja bem: eu tô te explicando pra te confundir. Obrigado Tom Zé, agora entendi.

"tá mais ou menos desse tamanho assim..."

É difícil acreditar no legislativo onde os legisladores legislam em causa própria ou de interesse de grupos. Quando a mais alta corte da justiça brasileira mostra-se encafifada com outra instituição, o Conselho Nacional de Justiça, que foi criada justamente para aperfeiçoar e fiscalizar o serviço público na prestação da justiça. Fica difícil acreditar na nossa justiça e saber que esse Judiciário que aí está é um poder encastelado que, às vezes, mostra-se acima do bem e do mal.


A paladina, Eliana Calmon X bandidos togados 

Ainda na esfera pública e aqui na nossa cozinha, em Cuiabá. Até outro dia, a discussão sobre o transporte público pra copa em Cuiabá era um disse-me-disse só. Agora, já estão assumindo que o tal do VLT não fica pronto pra 2014 e sugeriram, pra tal da mobilidade urbana, o uso de "bicicreta", dá pra acreditar?

É difícil de engolir... por exemplo, o caso do Adriano. Dá pra crer que um homem que sai da boate às 6 horas da matina, mamado, senta no banco da frente do seu carrão com o seu amigo e guarda costa, e deixa as três moçoilas no banco de trás? Que que é isso companheiro? Quem anda assim não são os paulistas? (putz! Será que o Adriano assimilou rapidinho assim o jeitão paulista de se acomodar nos carros?). Um tiro. Quem foi o autor? A moça, diz Adriano. Adriano, diz a vítima (?), vai saber... Mas tá difícil de acreditar, tá!!!


É assim: home na frente e as muié atrás.
Quem chegar por último é a muié do padre! Fui!

E já tem corintiano dizendo que a culpa é do Rio de Janeiro. Não deve ser burrice, deve ser por esse amor tarado que avassala os fiéis. Só isso mesmo pra não entender que Adriano e Sr. Encrenca são homônimos. Trago na memória outro disparo dele(?), também certeiro. Em 2004 na Copa América, contra os argentinos.

E o FHC na mídia, discutindo abertamente sobre a maconha, pode até ser um marketing para esse intelectual. Como também pode estar imbuído das melhores intenções. Mas fica cada vez mais difícil acreditar no que ele disse, quando estava em campanha presidencial na era do tucanato, "fumei maconha, mas não traguei". Pra que fumou então, Marcolino!

Tá rolando que o Pedro Bial vai lançar um livro. Um livro com os textos que ele faz pros BBB’s que estão emparedados... prolixos (vale também pro lixo). Não garantimos que vai rolar essa compilação em livro, ou se é uma "pagação" do irrequieto Marcelo Mirisola em uma de suas divertidas e ásperas crônicas. Comprar nunca! Mas é moleza crer que baboseiras do Bial estarão, por várias semanas, nas listas dos mais vendidos.


Mirisola: BBB de Bial é blá, blá, blá!


O povo brasileiro com essa cara de bonzinho é macaco véio, faz que acredita mas, não acredita cegamente em muita coisa que é dita, escrita, prometida, jurada e desconjurada. Por isso, não fica nessa de cobrança porque sabia de antemão que o que tem muito é conversa pra boi dormir, conversa fiada, muito pó de traque (que faz um fumacê danado e o estalo é fraquinho, fraquinho...). Bom não é. É um jeito de levar a vida sem problema, de evitar confronto, de desavenças, de perder amizade, uma boquinha, o bonde, a hora, a oportunidade de ficar calado, a vergonha na cara, a esperança de que as coisas mudem, ou a própria memória... Memória???!!! Do que é que a gente tava falando mesmo?



 

domingo, 25 de dezembro de 2011

Natal é pop!


Natividade segundo Rubem
Ele chegou e passou. O Natal. E a gente ficou sem palavras pra focar especificamente nessa data. Dia mais família do que esse tá difícil. Aqui no Tyrannus ocorreu um capotamento. Fazia parte dos planos um post novo, no sábado à noite, após o encontro com Papai Noel. O que aconteceu: a cervejinha que rolou e a ceia, que desta vez ficou mais tarde. A culpa da comida, que estava muito interessante, mais o embalo das bebidas, provocaram exageros gastronômicos. Com a pança cheia, ficou difícil de escrever. A digestão convocou, parece, todos os esforços do corpo. O cérebro ficou esquecido lá em cima. O jeito foi “bodar” mesmo. Atirar-se na cama e praticar o sono, apesar do risco de um pesadelo. Pesadelo em noite de Natal?




 Um amigo lá em Chapada aplicou o golpe na esposa, que queria prorrogar o horário da ceia, deixando-a para mais próximo da exata hora em que o menino Jesus nasceu. Não sei se é verdade ou não o que ele disse, mas sei que a nossa amiga acreditou ou, pelo menos, contemporizou com a questão do horário do rango. “Querida, nove horas da noite aqui no Brasil já é meia noite lá em Belém”. Ceia liberada para mais cedo. Esperto ele, e mais esperta ainda ela, porque são esses pequenos acordos e entendimentos diários que fazem um casal viver feliz para sempre.

Billy Bob Thorton in "Papai Noel às avessas"

E depois da correria já anunciada aqui dias atrás, dessa coisa nervosa que chega com a finalização do ano, ufa, ainda bem, começamos a maneirar. Só mais uma semana e uns poucos compromissos a serem cumpridos. Já é possível botar o pé no freio e relaxar um pouco. Porque também é conveniente deixar afazeres para o próximo ano. Responsabilidade demais pode gerar stress.
Mas, para esta semana, camaradas e caramado(a)s, algo imprescindível precisa ser feito ainda pelo seu próprio bem. Nada formal, nem informal. Espiritual, digamos. Um banho de cachoeira ou de rio mesmo, que seja, todo mundo sabe, faz bem para renovar o espírito e quarar o corpo, deixando-o apto e receptivo para as energias positivas que estão por vir.
E comecemos a contagem regressiva porque 2012 vem que vem. E se Papai Noel ainda não passou por você, não desanime. Para nós aqui do Tyrannus é sempre um grande prazer estar presente diante de seus olhos e de seu coração. Com carinho!!!
Capote e Warhol: Natal é pop!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O que te possui


“O que você pensa possuir é que te possui”. Por isso, vá ligeiro vasculhar as gavetas, armários, sapateiras, açucareiros e sei lá mais o que pra ver o que realmente  lhe pertence. Mexer em coisas guardadas é remexer com lembranças. Nessas horas é um chororô só. 
Aproveite essa emoção da hora, mas radicalize. Passe um pente fino nesses resquícios do passado, onde se acumulam colônias de ácaros e fungos e microorganismos imensuráveis, e dê um fim nessa coisarada véia. Faça isso. Seja forte. Liberte-se. Porque senão – e pense bem nisso, daqui a mais um tempo você vai ter que montar o seu museu particular de lembranças (incluindo lambanças) de outrora, umbilicalmente encordoadas, que de nada mais lhe servem.

De uma coisa sabemos: precisamos muito mais que o necessário pra viver. Não, não é verdade, não precisamos muito mais que o necessário pra viver. Acostumamos com essa ideia de armários entulhados, gavetas abarrotadas, sapatos empilhados, caixas até nas grimpas e papéis e mais papéis guardados e sendo guardados. Não permita que ninguém faça isso à sua revelia. Faça você mesmo. Faça a coisa certa. Pense bem e seja racional: vai dizer que não sabe pra onde vai tudo isso quando você subir no telhado?
O ano vai se esvaindo e tá na hora da tal faxina. Reoriente a platibanda e aprume o norte do seu túnel do tempo. Porque é assim: tempo bão, a gente sabe que não vorta mais. Agora, o que vem pela frente é que é misterioso e a vida precisa dessas coisas. Faça-faxina. Mas contenha-se. Primeiro as suas coisas, depois estimule quem compartilha o mesmo teto a fazer a sua parte. Tão fácil quanto perigoso é classificar os pertences alheios e dar um destino a eles, né?

Preste atenção no seu estado de espírito momentâneo. Se estiver num daqueles dias de melancolia, não mexa nas suas coisas velhas, porque só vai revirar, mudar de lugar e deixar tudo na maior bagunça... Não fará absolutamente nada. Se estiver com raiva do mundo, é melhor deixar pra outro dia, porque há de se arrepender das coisas que desfez. O desapego é uma condição para renovar.
Toda vez que está por terminar um ano e começar outro, fazemos planos, sonhamos e queremos um rito de passagem. Nada melhor que uma cachoeira com água gelada, a água salgada do mar, ou as águas correntes de um rio pra levar a “inhaca” vencida e começar “zero bala”.

Então...  2012 revigorados, sem as quinquilharias que estão amontoadas e não são nada. Lembrança não é matéria. Lembrança é sentimento, que não amarela, não amassa, nem perde o perfume.  

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

E o mundo não se acabou

“Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar”... desde  que me entendo por gente ouvi várias vezes que o fim do mundo estava próximo. Por enquanto, esses recorrentes papos apocalípticos nunca saíram do que a gente costuma classificar de conversa fiada. Espero que assim continuem sendo: tudo fake.
Só que tem um problema. Ficamos temerosos, após ler algo sobre o 22 de dezembro, antes de preparamos este texto. Preparem-se. Segundo os Maias, povos que habitaram as florestas tropicais do México a Honduras, daqui a 1 ano, exatamente, no dia 22 de dezembro de 2012 será o fim do “mundo de ódio e materialismo”. Não sabemos precisar até que ponto isso é mesmo o fim do mundo, mas ódio e materialismo são coisas que não têm faltado nos dias atuais. E ser num sábado! Quer dizer que sequer teremos o domingo pra descansar. E uma parte aqui do Tyrannus, que aniversaria no dia 23 de dezembro, não chegará na sua 54ª primavera. Verão, melhor dizendo.

Pintura rupestre Maia
Mais recentemente astrofísicos anunciaram que um asteróide de 1,2 Km e 2,6 bilhões de toneladas poderá chocar com a terra em 21 de março de 2014. Perigas Cuiabá não sediar a Copa 2014!!!! Ai meu Deus!!!!!!!
Como boa parte da população mundial é pessimista, as profecias em torno desse anunciado final dos tempos costumam ser bem recebidas, se é que é possível receber bem uma notícia dessa natureza. Pouco antes do ano 65 d.C., o filósofo Sêneca, saiu com esta: “Tudo o que vemos e admiramos hoje vai queimar no fogo universal, que inaugura um mundo justo, novo e feliz”. Quase 15 anos depois (79 d.C.), bastou o vulcão do Monte Vesúvio entrar em erupção para que o povo se lembrasse do velho Sêneca.
E vamos botar mais fogo nessa conversa. Que tal um incêndio que destrói 80% de uma das cidades mais famosas do planeta? Pode ser coisa de fim de mundo mesmo. E aconteceu em 1666, em Londres, colocando muita gente de orelha em pé. Bom, um número que termina com 666 é algo assim meio besta, né?! Também na Inglaterra, em Leeds, 1806, uma galinha começou a colocar ovos no formato da frase “Cristo está chegando”. Era só o que faltava: uma galinha como arauto do apocalipse.

O sono de um padeiro quase acaba o mundo
Em 1910, o final dos tempos viria dos céus. A passagem do Cometa Haley provocou histeria entre europeus e americanos que acreditavam que a cauda do cometa continha um gás que acabaria com a vida no planeta. Os italianos, escandalosos por natureza, trataram de engarrafar ar para manterem-se vivos.

Cometa de Halley, esse é reincidente 

Cometa Hale-Bopp

Os membros da Testemunha de Jeová também pagaram um mico com essa história. Previram o fim do mundo para 1914, mas nada aconteceu e até o Botafogo voltou a ser campeão. Na passagem do cometa Hale-Bopp, em 1997, novamente o perigo finalizador dos tempos estava no céu. Foi o suficiente para que um pequeno grupo de 29 pessoas, ligadas ao grupo religioso Heaven’s Gate, providenciasse seu fim de mundo particular, através do suicídio coletivo. Em 1984 o Wall Street Journal alertou para o fim do mundo em 01 de janeiro de 2000.


A gravação

Orson Wells protagonizou a maior mentira sobre o fim do mundo dos últimos tempos. Em 1938 convenceu o diretor da Columbia Broadcasting System a transmitir uma adaptação de "A Guerra dos Mundos" de H.G. Wells. Em 30 de outubro, às 20 horas, foi para o ar uma narrativa minuciosa sobre a queda de um meteoro nas imediações de NY. Cerca de 50 milhões de ouvintes foram pirando com as notícias que chegavam... a loucura atingiu seu ápice quando seres gigantescos saíram do meteoro exalando gases tóxicos.

Uma multidão enlouquecida tomou os quartéis, postos policiais, hospitais. Veteranos da Grande Guerra vestiram seus uniformes e despediram-se de suas famílias partindo para defender o país. Negros no Harlem abriram as janelas e se atiraram. Em Minneapolis uma mulher enlouquecida percorreu as ruas, descabelada, anunciando o fim do mundo. Em todas as cidades norte-americanas, propagou-se a notícia de que NY estava ameaçada pelos robos marcianos.

Após 18 minutos, quando encerra a encenação com a morte do locutor, uma voz anuncia: "Vocês acabaram de ouvir a primeira parte de uma apresentação de Orson Welles, que radiofonizou "A Guerra dos Mundos, do famoso escritor inglês H.G. Wells". Final da história: O diretor da C.B.S. perdeu seu cargo e Orson Wells ficou famoso. É tudo verdade!
Wells cercado por repórteres: Muitas explicações 

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Quanto mais quente, melhor?

Depois de padecer de tanto calor quase o ano inteiro, finalmente, chega o verão nesta quarta-feira, 21 de dezembro. E a estação mais acalorada do ano chega junto com o mais novo filme da franquia Missão Impossível. Missão impossível, cá pra nós, é não reclamar e nem comentar sobre o calor, não ligar o ar condicionado, não tomar cerveja, não abrir a geladeira, não transpirar e “ficar gelo” com a temperatura.
O verão brasileiro é marcado pelo calor e pelas chuvas torrenciais, que já começaram a cair.  Por isso, todo cuidado é pouco nessa época: insolação, desidratação, alergias (por causa dos fungos e ácaros) e outras perebas, decorrentes do clima. E pra complicar têm os efeitos nefastos da comilança e beberagem das festas. Os especialistas dizem que é preciso beber muita água. Mas tem que ser água mesmo. Que passarinho bebe. No verão também é bom dar uma arejada. Trocar de ares. É quando bate uma saudade da brisa marítima. Ou de uma beira de rio mesmo, se o bolso e a conta bancária tornam impossível a missão de uma viagem mais longa.




E chega o verão com as festas de fim de ano no rabo. Tudo para. Nada de trabalhar. É festa e comilança e beberagem em dois finais de semana seguidos. Um no cu do outro, conforme diriam os cuiabanos mais antigos. O espírito natalino é enaltecido e todos vão às compras. Multidões em shoppings e lojas. E dá-lhe crediário.


Toda essa agitação no comércio é o maior tumulto. Um horror. É preciso ter paciência, porque senão, adeus espírito natalino. Em seu lugar, espírito de porco. E a comilança... Cuidado com ela também, “seu” pança de mamute. Mas como não se empanturrar ou deixar de cometer, pelo menos, pequenos exageros? Ora, além do Natal e do Ano Novo, nesta época pipocam festas de confraternização pra tudo quanto é lado. É amigo oculto que não acaba mais.


Instituições públicas e privadas providenciam escalas entre seus funcionários, já que nada vai funcionar direito mesmo. Nem sempre dão certo os tais dos rodízios. Rodízio mesmo que é bom, nesta época, é aquele de churrascaria, de pizza, sorvete etc. E a comilança vai que vai. E vem que vem a azia. Sonrizal, alka seltzer, chá de boldo, água tônica, estomazil... Tenho um amigo que diz tomar estomazil desde bem pequeno, mas larga quando quiser. Sei não...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Polêmicas à (p)arte

“Polêmico é coisa de jornalista preguiçoso”. Pode ser. Polemizar vende. A mídia curte e o leitor também. Nas artes, impactar através de uma obra pode ser o bicho. Bicho de sete cabeças, bicho doido, bicho papão, bicho grilo... Pô bicho!!! A frase que abre este texto é do Gerald Thomas. Artista polêmico. E chega dessa expressão. Prometemos não polemizar e estamos proibidos de assim proceder daqui pra frente. Não mais repetiremos essa palavra e suas derivações neste texto.
Falaremos de alguns artistas que chamam (ou clamam) por atenção: o inglês Banksy e o chinês Ai Weiwei. Frequentadores assíduos da mídia universal. Mas, que fique bem claro: Deus nos livre de ter que opinar com conhecimento de causa aprofundado em torno dessa tal de arte contemporânea. Se escrevermos algo que possa ser entendido como uma opinião expressa a respeito do trabalho de qualquer um desses dois, foi apenas uma escorregadela. Uma casca de banana, ou uma pedra no meio do caminho desta conversa escrita.



A coisa com Banksy começa com o mistério em torno de sua identidade. Há pistas e desconfianças sobre quem ele seja verdadeiramente, mas sem confirmações. É curioso como ele consegue manter seu anonimato, ainda mais morando na Inglaterra, onde os semanários sensacionalistas e os paparazzi dão em cacho. Há poucos dias lançou mais uma de suas artes provocadoras, “Pecado Cardeal”, que está dando o que falar. A criação leva a crer que é um protesto contra a pedofilia camuflada e encoberta na e pela Igreja Católica.




O rififi em torno do seu anonimato atingiu picos estratosféricos quando seu filme “Exit Through the Gift Shop” foi indicado ao Oscar de melhor documentário e, no início deste ano, sua provável presença na cerimônia de premiação foi especulada de todas as formas possíveis. Mas, como seu filme não ganhou o Oscar, as questões identitárias que envolvem Banksy não degringolaram.



Com Ai Weiwei é outra história. Seu talento foi catapultado quando a China sediou as Olimpíadas em 2008 e o mundo babou diante do majestoso templo esportivo, Ninho do Pássaro, cuja concepção teve participação efetiva de Ai. O estilo de sua arte que é moderna e impetuosa demais, assim como sua atuação como ativista social, andam incomodando o regime político carrancudo da China. O artista já foi parar no xilindró várias vezes, o que provocou protestos no mundo inteiro contra a privação da liberdade do artista.


Arte combina com mistério e também com aquela palavra que prometemos não mais mencionar hoje. Mas, claro que a qualidade da criação tem muito mais a ver com o a estética, as sensações e os significados que a arte propõe. Como os artistas, muitas vezes, querem dizer o indizível, quando existem as pessoas incumbidas de censurar, dá pra imaginar o tamanho da encrenca que é avaliar uma obra de arte.