segunda-feira, 30 de abril de 2012

mas geeeeeente, agora o que que é esse?

Deu capa e está dando pano pra manga! Ops, o subtítulo é “Chupa essa manga Cuiabá! Canhain!!! Campo Grande (MS), que não vai sediar a Copa, fez muito mais obras e a cidade estruturou-se bem mais do que Cuiabá. A constatação está na matéria de Rodrigo Vargas (Diário de Cuiabá de 29/04), considerando de 2009 pra 2012, intervalo de tempo registrado desde que a capital de MT foi escolhida pra receber o evento. Fato que nos leva a pensar. Só pensar?

“Escreve aí, responde. Diz que o problema é porque nossos políticos são muito ruins e a culpa é deles”, diz o marido cuiabano pra esposa também papa-peixe, assim que ela lê a notícia na internet. “Internet é bom por causa disso. A gente pode participar e dar a opinião”, arremata.



“Hummm..., mas aí eles vão dizer que eu sou uma burralda, sô! Nós é que elegemos esses políticos. Num vou fazer isso não!”, diz. Os dois ficam pensando com cara de “e agora, o que é que vamos fazer?”.

Alguns minutos se passam e ele: “Já sei... já sei... escreve aí que nós não temos mesmo bons políticos aqui em Cuiabá ou em Mato Grosso e então não tem como a gente escolher. A culpa não é nossa. Não pode ser nossa”. Desistem depois de um tempo... “Ah, num escreve porra nenhuma não”. Eles ainda têm que ler o comentário de um campo-grandense: “Tchupa essa manga cuiabanos!”.

"mas geeeeeente, agora o que que é esse?"

O diálogo acima é hipotético. Ficção, mas não ficção pura, já que tem um punhado de verdade.  Ficção e realidade, aliás, estão cada vez mais emparentadas. Conheço um escritor que disse que tudo que escreve não é ficção, mas sim fricção. Diz o cara que pega a realidade e a esfrega, até dar caldo. Também acrescenta que a ficção, quando publicada, deixa de ser ficção e passa a ser realidade. Que estranho!!!

Deixando esse papo de ficção e verdade pra trás, a matéria do Rodrigo Vargas, que é um excelente jornalista, é muito bem vinda. É preciso que a comunicação cuiabana se interesse por esse tipo de pauta mesmo. E que seja ressuscitado o bairrismo, a eterna disputa e picuinha entre Campo Grande e Cuiabá.



Temos consciência que há cidades (e muitas) bem administradas no Brasil e, aqui mesmo em Mato Grosso. Pegou e dói dar esse gostinho pros campo-grandenses. Êta rivalidade pai d’égua, que vem lá dos “os tempos dos aphonsinhos”. Só que, pensando bem, pega muito mais é saber que vivemos numa cidade e num estado aonde a administração pública vem dando vexames pela sua famigerada incompetência. Ou será que haveria alguma outra explicação para esse chove não molha em relação às supostas obras da Copa.

Zé Boloflor, nos proteja dos maus prefeitos!

E a postura de nós, cuiabanos de nascença, paus rodados e paus fincados. Como responder a uma provocação nesse sentido? Bom, cada um tem seu estilo. Baixar o nível é feio. É melhor levar na base do humor. E nem precisaríamos responder, por que, está claro que quem tem que responder são os homens públicos e as empresas (ir)responsáveis pela realização das tais obras.




A farofa de banana, a paçoca de pilão e o pirão que acompanha o pescado cuiabano são coisas boas feitas aqui neste pedaço. São feitas com uma farinha especial, produzida por aqui mesmo. Já esses políticos que não conseguem desenvolver as funções para as quais foram eleitos... esses são farinha de outro saco. Haja saco!

"Eu me orgulho de ser um cuiabano" (Vera e Zuleika)

domingo, 29 de abril de 2012

cebolacrimosa

Inesquecível "rainha do frango assado" de Alex Vallauri
Não acordei com ovo. Nada de texto na base de café com leite e nem água com açúcar. Piração na batatinha é conversa que ficou pra trás. Não buscamos o santo graal, mas, ser a última bolacha do pacote, por que não? Será? Da boca pra dentro e pra fora, as letras querem algo superior. A cerejinha do bolo, ou nos píncaros do sorvete. Um pouco de verdade com pitadas de humor, drama e poesia. Sem rimas. Nada de marmelada e não vale encher linguiça!

Opa... oba... O pão nosso de cada dia não é mais o que o diabo amassou. Para escrever todos os dias palavras precisam de combinação. Arroz com feijão serve. As pretensões literárias servem para o rei da cocada. Aquele que não sabe nada da paçoca. Banana pra ele, que não vale um pequi roído. Não sou eu quem vai ficar bananinha no bulixo da esquina.



No cardápio regional ia tudo bem... joão sujo fofava marisabel. Na rádia rufava “pixé”. Tempo vai, povo vem, mudaram de estação e veio “churrasco com chimarrão”. João sujo viu um tal de mané pelado, de cueca virada, rondando sua refogadinha. Olho gordo na marmita alheia. O doce deleite sobremesa desandou: cachorrada! Rebenta a coleira e vem. Prega a mão na cara dele.



Invasores do pedaço: mané pelado e churrasco com chimarrão
Pimenta no fiofó dos outros é refresco e joão sujo sabe dessas coisas. Não ficou nessa de chorar pelo leite derramado. Trato e prato feito na panela de barro. O barro vem depois, é a sequência natural. Vai dá merda. Vida osso duro de roer, que às vezes amarga que nem jiló. Marisabel é prato do dia a dia de joão. Sujô. Aonde foi que ele pisou no tomate?

Campeão de bozó: Mallarmé

João e o pé de feijão com arroz de festa. Marisabel de almoço e janta. Muito mais do que quebra galho... quebratorto. “A insipidez da visita, com alho posso depô-la/a elegia ao choro, hesita pouco se corto cebola” (Mallarmé). João de olho, de olhos... olhos tomatinho cereja por causa da cebolacrimosa. E de Marisabel. Marisabel cadela. Cachorro que enjeita linguiça... pau nele!




João tá puto e entalado. Cô ovo. Marisabel sonho amanhecido na vitrine da padaria. Mosca. Marisabel gostosa, temperadinha, boa que nem bicho de goiaba. É manga perpitola. Quero ver resistir. João pede passagem pra viajar na maionese. Não quer dar colher de chá e quer a faca não de mesa. Não sabe cozinhar o galo. Mostrar pro outro com quantos ovos se faz uma omelete. Omelete pede recheio... (olha a faca!)... mais um presunto. João limpa a boca engordurada no guardanapo. A história não terminou em pizza.                   

Marisa Benreson, versão internacional de "marisabel"


sexta-feira, 27 de abril de 2012

Fé demais

“Takva, o temor de um homem por Deus” (2006), um filme que precisa ser visto. Digerido. O grau de indigestão que cada um experimenta depois depende das particularidades pessoais. Cá pra nós, foi uma experiência positiva. Um cinema que acrescenta e encanta. Faz a gente pensar e se (in)acomoda em algum lugarzinho da memória. Não passa batido.

Talvez por nossa religiosidade demasiado discreta, talvez não culpa nossa e  outros talvezes. O fato é que é estranha essa história de ser “temente a Deus”. Cair na besteira é questionar esse tal temor ao ser onipresente com pessoas erradas. Claro que sabemos que esse “temer a Deus” é metafórico. Ou será que não? Nada sei... de nada. No apuro, há sempre um soluço disfarçado de “Meu Deus do céu”.




Sigamos adiante, mas registrado o respeito que deve ser destinado a todas as diferenças que existem entre povos e pessoas, incluindo, logicamente, as doutrinas religiosas, neste mundo onde a maldita intolerância é a grande vilã.

O filme que compartilhamos hoje é uma visão particular de devoção extremada que pode provocar distúrbios comportamentais em qualquer pessoa, que se aprofunde nesse complexo mundo espiritual.  

"Eu estava só e te encontrei, te encontrei e estou só"

Dito isto, pobre Muharrem, personagem central do filme turco/alemão, “Takva...”, que assistimos em dois dias. A primeira metade foi hora de reparar na estética forte e personalista do diretor Özer Kiziltan. Bela luz, onde predomina o azul, numa fotografia sóbria, enredo crescente, atores ótimos e trilha sonora expressiva. Uma história contada com perfeição e que se desenvolve em ritmo contagiante. O filme exige total atenção. O envolvimento é inevitável.



Se o personagem já tinha mostrado todo seu fervor por Alá, na metade seguinte, pelo seu comportamento retilíneo, é guindado a um cargo que lida com as finanças da instituição religiosa e torna-se reverenciado por todos. As benesses monetárias lhe chegam acompanhadas de tentações materiais. Um celular, um carro e até mesmo uma esposa, a bela filha do xeque que o promoveu. Para um homem tão temente a Deus – neste caso, Alá, que se desesperava com um simples sonho pecaminoso, a nova situação passa a ser paranóica.





Muharrem consegue disfarçar seu drama pessoal perante os personagens, mas, confidencia o tempo inteiro com o espectador. Suas alterações comportamentais revelam-no um homem que entrou em parafuso. Às vezes compadecidos, às vezes curiosos, seguimos acompanhando o inusitado filme.

Se começamos assistir reparando nos detalhes da técnica cinematográfica tão bem utilizada por Özer Kiziltan, enquanto nos ambientávamos com o enredo, abruptamente, passa a nos surpreender o suspense eletrizante que se instala. E agora, o que vai acontecer com o pacato sujeito que mal dava conta de administrar suas tentações enquanto era um humilde e fervoroso servo de sua fé?


“Se quiser conhecer um homem, dê-lhe dinheiro e poder”. O filme passa ao largo desse chavão ficcional e mergulha de cabeça na questão existencial de um devoto que não estava preparado para enfrentar, sem medo de viver (e de errar), os prazeres que a matéria que atrai matéria nos propicia.




quinta-feira, 26 de abril de 2012

Pirou na batatinha

"Antigamente quando eu me excedia,
 ou fazia alguma coisa errada..."
O que tem por aí de gente descontrolada não dá nem pra contar. Alguns sofrem desse mal de forma aguda, enquanto outros padecem com ele cronicamente. A pior coisa do mundo é entrar em rota de colisão com alguém que esteja padecendo desse mal.

Ui ui ui, ai ai ai... que choque! Blairo Maggi disse que Luiz Antonio Pagot, que foi o homem forte do seu governo, tá doido, descontrolado: é “um fio desencapado”. O homem perdeu as estribeiras. Quem? Qual homem? Quem “pagô”? E porque não “pagô” uma de descontrolado quando tava lá no bembom? “Fogopagô, fogopagô, fogopagô”. O último que saiu não “pagô” a luz. Tamo no escuro!


Fogopagô, fogopagô????

Aqui tá tudo sob controle, menos o saldo da conta bancária e o resto. A culpa é a falta do descontrole na administração do soldo. Os brasileiros, maioria, não sabem administrar seus salários. Taí uma matéria que deveriam incluir no currículo das escolas, pra fazer parte da nossa educação. É importante, porque agora o país tá em desenvolvimento. Descontrolados que somos, estamos naquela base: “Cada vez sobra mais mês no fim do dinheiro”.



Voltando ao descontrole. Existe povo mais descontrolado do que os produtores? Quem não é, faz que é. Porque faz parte. É uma coisa que vai assim incorporando, incorporando e quando percebe tá viciado. Vício em adrenalina. Qualquer coisa, mínima que for, vira um stress só. A culpa de existir esse bando de descontrolados é dos diretores e do “cast”. Diretor gosta de coisa de última hora e produtor tem mania de esquecer. Loucura, gritaria, correria. Um bando de gente descontrolada. E no final tudo se ajeita, sai bonitinho, redondinho. Não tem “tu”, vai “tu” mesmo!

Ou não!

Normalmente são mal remunerados em relação à trabalheira que são submetidos (no mercado aqui em Cuiabá) e ainda têm que improvisar a toda hora e aguentar os chiliques de diretores, artistas, figurinistas, produtores executivos etc. E quando algo sai errado, nem precisa perguntar de quem é a culpa. A esses profissionais, aqui sugerimos um slogan: “Descontrolados, sim... mas com razão”.

O descontrole geralmente acontece quando estamos no chamado olho do furacão. A pressão externa é tão grande que desaba na cabeça, fazendo uma vítima. Executivos em geral e pessoas que ocupam cargos de chefia, frequentemente, perdem o controle da situação. Técnicos de futebol que acumulam resultados ruins, diante dos jornalistas nas entrevistas coletivas, soltam os cachorros. Artistas e celebridades gostam de perder o controle pra aparecer. Antes dos chiliques e balacobacos,uma olhadinha pra ver se tem público ou as câmeras. Quer ver povo descontrolado... de monte? É só ir onde tem gente fazendo mestrado ou doutorado. Em fase de defesa. Sai de perto.






Duro de aguentar e que não dá pra fugir é o descontrole da mulherada na fase da TPM. É mole? Não dá pra escapar porque mãe, filha, mulher, aluna, chefe, colega, cobradora de ônibus, secretaria, médica, dentista, dona de casa, vendedora, professora...  tem ou já tiveram TPM. É dureza pro homem e pra mulher também, porque ficamos tão descontroladas e chatas, mas tão chatas e descontroladas que ninguém suporta. Sei muito bem disso!   



Recomendamos a todos os descontrolados da vida ou de um momento na vida uma dieta a base de chá de camomila, capim cidreira, maracujá, chuchu, alface e um gardenal que, em hipótese alguma, deve ser ingerido com bebidas alcoólicas. Porque aí, além do descontrole, a pessoa acaba praticando o verbo despirocar. Ou surtar, num palavreado mais atual.


Precisamos nos controlar, nos manter atinados em relação ao tamanho dos post aqui no Tyrannus. Precisamos... Mas ainda dá tempo de render uma pequena homenagem ao jornalista papa-peixe, sujeito que driblava confusões, pressões e constrangimentos, com simpatia. João Marinho foi um descontrolado na arte de ser feliz e fazer as pessoas felizes. As palavras de hoje são pra ele!!!


terça-feira, 24 de abril de 2012

Bola na trave

Bife, craque dos  800 gols
“D... d.. dá... cha...chapéu, mas num marca  gol”. O zagueiro Gaguinho era um dos melhores beques do futebol cuiabano/matogrossense nos anos 70. Gaguinho, percebe-se, era gago. Disse a frase que abre nosso texto para Bife, o melhor atacante que já passou em nossos gramados, após ser chapelado pelo Bife. Outro grande craque daqui, Pelezinho, que fez até gol olímpico contra o Vasco, morreu muito cedo em acidente e não pode “completar” sua trajetória. Gaguinho mostrou sabedoria com essa frase. Porque no futebol, jogar bonito, ou bem, não garante resultado. Sempre foi assim e talvez por isso mesmo o futebol seja um esporte tão interessante. A imprevisibilidade é demais...

Pois é, três resultados ruins e o grande Barcelona, o melhor time do mundo, não tem mais chances de conquistar o Campeonato Espanhol e está fora da Copa (ou Liga) dos Campeões, certame europeu que define o clube bambambam lá do velho continente. O Barça, com Messi e toda aquela arte estratégica de envolver o adversário e dominá-lo, com a posse de bola por mais de 70% da partida, muito mais finalizador do que seus adversários e mais um monte de estatísticas favoráveis, simplesmente e inacreditavelmente, sucumbiu.

Drogba, do Chelsea, estilão cai cai

Ramires e o gol estiloso

Perdeu de 1 X 0 pro Chelsea na semana passada lá na Inglaterra, no final de semana perdeu de 2 X 1 pro Real Madri, de Cristiano Ronaldo; e nesta terça (24) só conseguiu empatar (2 X 2) na partida de volta contra o Chelsea, jogando em seus domínios, em plena Barcelona.  



Foi apenas uma partida de futebol!

E o Messi, disciplina e habilidade que só ele tem, porque o Neymar é outra história, mandou duas na trave, uma delas num pênalti desperdiçado. “Bola na trave não altera o placar”, diz a letra do Skank. É a graça do futebol... Para muitos, uma desgraça. Mas o inchaço da cabeça não há de durar muito. Se durar, se permanecer e provocar comportamentos estranhos, aí passa a ser patológico.  

Dessa história toda dá pra tirar um ensinamento: Invencibilidade não existe. Perder também faz parte do jogo. Por um simples acaso ou por algo muito mais extraordinário, chega uma hora em que as coisas mudam. Impérios foram construídos e demolidos; líderes transformarem-se em ditadores; o povo que dá a volta por cima e derruba governos; poderosos caíram por não se sustentarem no alto de sua arrogância, esquecendo-se que seus pés são de barro.  O mundo é uma bola, que gira conforme determina a natureza.





O lance é aproveitar as marés boas no jogo. E no amor também, porque não. Sorte no jogo infelicidade no amor? E se for felicidade no amor... Será que não cabe um palpite duplo? Afinal, quem manda no jogo... e quem manda no amor?      


Nenê Andreato clicou o gol olímpico do Pelezinho

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Presente

Richard Burton, presenteador de mão cheia e aberta
Entra ano, sai ano, ganhamos e damos presentes. É uma questão social, pra cumprir tabela ou porque vem do querer presentear, lá do fundo do coração... Presentear é tão bom quanto receber. E não é nada fácil escolher um regalo porque depende de vários fatores: conhecimento pessoal do presenteado, posição social, familiar e hierárquica, disponibilidade de tempo, de dinheiro, criatividade... Cada item, por si só, já reduz as possibilidades e gradua a intensidade da dor de cabeça. Imagina quando acumulam dois, três, quatro. Aí meu Deus, me acuda!!!!!

Ser vitimado por um presente é um tanto estranho e difícil mesmo é explicar essa situação de troca de afeto (que pode ser de mão única!). Mas o mundo é assim e 24 de abril marca um fato curioso, em relação ao ato de presentear.

Quase 12 séculos antes de Cristo os gregos ganharam uma guerra por causa do efeito que um belo presente causa. Os troianos acreditaram que os gregos haviam desistido da guerra (menosprezaram a sua astúcia) e que deixaram um presente como reconhecimento de sua derrota. Os presenteados, embevecidos com aqueles sentimentos que os regalos despertam, esqueceram por uns momentos da guerra, das desavenças e baixaram a guarda (quem bolou a ideia conhecia a magia). Mal sabiam os troianos que presentes no interior do imenso presente, um cavalo de madeira, estava o belicoso exército grego. De lá pra cá tornou recorrente a expressão “presente de grego”, para aqueles agrados que viram um transtorno em nossas vidas. A dimensão do coice do Cavalo de Tróia entrou para a história.



E tudo leva a crer que o ditado que associa presentear com cavalos é tão antigo quanto o episódio narrado em versos por Homero: “Cavalo dado não se olha os dentes”. Pode ser, mas às vezes... Uma dedução que fica por nossa conta... Sei lá...



Ruim é errar o presente, caso quem o receba seja um péssimo ator e não saiba fingir que gostou. A saída para o presenteado, nestes casos, é guardar o presente e repassá-lo quando surgir uma oportunidade. Muito cuidado, porém, pra não devolver o presente para quem presenteou. E pra este, que deu o presente, não tem jeito. É saber lidar com o constrangimento e pensar (mas não pensar alto): “Puxa, achei que ia gostar”.

Dois minos de Richard à bela Taylor:
 anel de diamantes e rubi...

e a famosa "La peregrina", joia do Sec. XVI

A piada que pode ilustrar essa história toda é de um pai que tinha dois filhos, um otimista e um pessimista. Presenteou os dois. Ao pessimista, uma bicicleta; e um monte de bosta de cavalo ao otimista. O filho pessimista pôs-se a lamentar: “Tenho certeza que vou levar um tombo e me estrepar com essa bicicleta, isso se não a me roubarem, amanhã mesmo”. Enquanto ruminava esses pensamentos reparou que seu irmão andava feliz pela casa procurando algo. Indagou-lhe: “O que você ganhou?”. Veio a resposta: “Eu ganhei um cavalo, você viu ele por aí?”.

Presente joia rara de Adir Sodré ao Lorenzo 

Presentes e papos equestres relincharam hoje cá no Tyrannus. Quando for escolher o que presentear a alguém que mora no seu coração, esteja mais para cavalheiro do que cavaleiro. E veja bem onde vai amarrar sua égua...        

Trouxe presente???

domingo, 22 de abril de 2012

Dobradinha com Gabriel

RU- UFMT: Muita coisa rolou aqui  
Ah, se aquelas paredes falassem. Disse certo o poeta: “segredo é pra quatro paredes”. Lá pelos anos 70 frequentávamos o restaurante universitário da UFMT, quando ele começou a funcionar, ali pertinho da piscina e do Museu Rondon.  Os anos, quando vão ficando pra trás, muita coisa deles cai no esquecimento. Outras não. Basta uma palavrinha, uma conversinha, que vai se puxando a memória que ela vai vindo.  Essa história do tal restaurante que inaugurou o sistema bandejão por estas bandas ressurgiu em nossas cabeças por causa de uma crônica do blogueiro Gabriel Neves, ex-reitor da UF e amigo querido.


De reitor a blogueiro

Não sabemos se o primeiro administrador foi mesmo o Walter, um boliviano, mas é muito provável que sim. O sujeito dava toda a pinta de entender de bar, e não temos ideia de como rolou essa concessão.  Bom , naqueles tempos o que tinha  era o tal do aluno “combênio”,  vindos das bandas dos Andes. Talvez estivesse na moda sul-americanos na UFMT. Além dos estudantes combênio, havia muitos goianos e campo-grandenses...

Mas o restaurante do Walter tinha uma administração familiar. A mulher do Walter tocava a cozinha, e um casal de filhos adolescentes atendia de forma não muito educada. Depois surgiu um garçom que logo foi apelidado de 2001, por causa do sorriso falho nos dentes superiores.
“Warter, sarta uma sartenha”. Parece que ainda ouvimos a voz esganiçada da mulher do Walter. Era uma bagunça organizada. E, a presença de nuestros hermanos também estava na música que rolava: muita Mercedes Sosa e Violeta Parra.




Merces Sosa e O apanhador...
fizeram a cabeça da moçada
Alguns fatos rocambolescos marcaram pra valer. Certa vez a mulher do Walter socorreu um dos universitários com um remedinho: “Só tem um problema... depois vai peidar sem quantia”, avisou, enquanto o almoço rolava solto. O Walter, conversador que era, revelou, num bom portunhol, que tinha um sonho: “abrir uma zona com mujeres que hacen de tudo”.  

Naqueles anos esperávamos o final ou início do mês, sei lá, pelo “crédito educativo”. E torrávamos boa parte dele em cervejadas no RU. Sim, as bebidas eram permitidas no RU.  Esclarecemos aos incautos que o crédito educativo foi pago, depois de formados, e que foi uma boa aplicação. As conversas de bar foram fundamentais na consolidação de nossa educação e cultura. E o bar do Walter ou o RU era o nosso point.  De dia pra matar aula, jogar bozó. No final da tarde curtir os ensaios da banda.


Quando os gatos se tornavam pardos, o tempo era reservado para a integração e engrandecimento da esquadrilha da fumaça, cujo QG era baseado nesse local. As decolagens e aterrissagens  lá pelos lados da piscina e da arquibancada, em vários voos. Era um tal de Bode, Magal, Chico B, Lua, Carumba, Castro Alves ou José Bonifácio, Romeu, Babão, Salú, Bugrão, Celso Shampoo, Machadinho, Sombra e mais um bando que aumentava a cada dia (se hoje perguntar se fumavam alguns dirão que fumavam, mas não tragavam). Essa mesma turma frequentava as vernissages que Aline Figueiredo organizava e também o Cine Clube Coxiponés que, aliás, foi gerado por iniciativa de algumas cabeças dessa turma. 


Quem não tinha óculos escuros...


O pessoal da esquadrilha da fumaça temia os "guardinhas" da UFMT. Esses guardinhas, bem cuiabanos, usavam calças pretas e camisas brancas e ficavam “bisoiando o movimento” da tchurma. Ouvimos falar que um famoso comendador de Cuiabá, trabalhou como guarda da universidade.  O pavor maior eram os PF’s (nada a ver com prato feito, polícia federal mesmo). Muitos eram infiltrados e outros eram de fato, estudantes. Tinha uma tal de uma Brasília branca, sem placa, que onde ela estivesse, tava sujo. A casa caía. Quanta nóia.

UFMT anos 70
E foi nesse espaço democrático da intelectualidade odara da universidade que aconteceu o primeiro ato de desagravo. O Magal mandou seu bandeijão pro chão, manifestando sua insatisfação com a comida oferecida.  A discussão foi parar no gabinete do reitor. Não sabemos o que se sucedeu... Aos poucos, a esquadrilha da fumaça migrou para o bar do japonês, que ficava bem próximo. Os voos no campus foram rareando, até que findaram de vez, quando uma grade foi instalada, um fosso, demarcando espaço e domínio. Foi o início do fim da nossa inocência e do nosso espaço privilegiado...  Outros rumos foram tomados. Vida que segue.