sexta-feira, 13 de abril de 2012

Whisky com Vodka e... guaraná

Whisky com vodga... ic... com vodka, melhor dizendo... Não dá muito certo misturar bebidas, pois a rebordosa, pode-se preparar, é traumática. Whisky, vodka... palavrinhas conhecidas e conhecido também é o alto teor alcoólico e os estragos do dia seguinte. Bebedor de whisky tem que ter estilo, pois a fogueira, para os inexperientes, é de arrebentar e o resultado, no dia seguinte, é desastroso. A vodka ela te cozinha em fogo brando, não se percebe nada, mas ao se levantar... o mundo gira e você (se não se segurar) cai aos seus pés. Já a ressaca é mais confortável. Dá até pra encarar uma reunião chata. Sem máculas e sem hálito.

Se for nome de filme, é meio esquisito, mas tudo bem. Contanto que tenha um personagem que encare com garbo essas doses e overdoses. No mundo glamouroso do cinema, o que não falta é artista com queda pela manguaça (se fosse só nesse metier, va lá!). E se o filme narrar os bastidores de uma produção cinematográfica, na qual, o ator principal tem problema com bebidas, pronto. Tá perfeito. Um alto percentual de verossimilhança já está garantido.

Vai por aí o segundo filme de Andreas Dresen, cineasta alemão que já deixou de ser promessa, apesar de poucos longas realizados. A história de “Whisky com Vodka” (2009) retrata a performance decadente de um ídolo do cinema alemão, Otto, interpretado de forma brilhante por Henry Rübchen. Quem tem experiência de cena sabe muito bem que não é fácil interpretar um alcoólatra. O que acontece é que Rübchen parece se sentir tão a vontade na pele de seu personagem pinguço, que tudo leva a crer que ele também gosta da coisa. Sua interpretação é muito natural.

Jovem e promissor diretor

Mas, no filme em questão (o filme dentro do filme, metalinguagem saca???), o problema se avoluma. A produção decide contratar um outro ator, mais jovem, e desconhecido, e passam a gravar as cenas em dose dupla. Assim, surge na vida de Otto o outro ator, Arno. O duelo e a ciumeira entre os dois é inevitável e este é um dos aspectos mais interessantes no decorrer do filme.



Não que o roteiro seja absolutamente centrado nessa disputa. A câmera inteligente e sensível de Dresen explora com requinte todos os detalhes e valoriza todos os personagens, brincando com a hierarquia num set de filmagem. É tudo muito real, dramático e engraçado. Engraçado para quem está assistindo, porque, conviver com uma situação dessas não é mole não. Ego de artista não é e nunca foi coisa fácil de se lidar com ela.




A bela trilha sonora, que explora clássicos da música universal, como o tango “Por una cabeza”. Por causa das circunstâncias etílicas em que o roteiro se desenvolve, o incrível tango poderia sofrer uma alteração em seu nome, que remete ao dia seguinte: “Por uma dor de cabeça”.


Como? Só uma?

E essa musicalidade que acrescenta e enriquece, vai surgindo e cai como uma luva. O cinema de Andreas Dresen não é daqueles que embasbaca e nem há de pirar cabecitas indômitas. Mas vislumbra um cineasta que esbanja intimidade com a técnica da sétima arte. E sem mais delongas... Bom final de semana, não custa lembrar que maneirar na manguaça vai bem...  


Chame a Neosa....

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