sexta-feira, 6 de abril de 2012

Alface sem molho

                                                                  
Os feriadões, religiosos ou não, têm uma estreita relação com comilança.  Na verdade não só os feriados. Basta um final de semana para planejarmos o que iremos devorar. Isso desde sempre. Quem não se lembra dos almoços domingueiros com macarronada, maionese, frango frito e manjar de coco? Com algumas variações regionais, é claro! Aqui em Cuiabá, por exemplo, aprendemos apreciar macarrão com farofa. Mas, depois da fase das peixadas (que pegam melhor nas sextas feiras), o churrasco, talvez com a chegada dos sulistas, também se popularizou em Cuiabá e região. Já a feijoada, essa não tá com a bola toda, e só costuma ser explorada em ocasiões especiais, como festas de promoters.

Voltando ao assunto os feriadões, sua associação com comidas é usada e abusada na mídia: Natal = peru, frutas vermelhas, chester... Ano novo = porquinho, bacalhau, champanhota... Semana Santa = peixe, bacalhau, ovo de páscoa... 

Cena 1: Filha o que você vai almoçar? Ah! um omelete de jiló? Ouvi bem? – É, eu gosto de jiló. Cena 2: Victoria Beckham (ex-garota apimentada) vai ao mais famoso restaurante italiano de NY e não pede o prato especial da casa, o risoto. “Por favor, alface sem molho!!!!!!” (Ficamos na dúvida, algumas folhas ou o pé inteiro?). Victoria aguçou nossa lembrança e chegamos a “Hannah e suas irmãs”, filme de 1986, de Woddy Allen, que traz Diane Wiest na pele de uma personagem que só pede alface, alface, alface, alface...


É canja, é canja de galinha


Comida sem graça e gente sem graça tem tudo a ver! Conhecemos um político tão sem graça e tão sem atitude que o apelidamos de “comida de hospital”. Sua postura lembrava aquelas canjas de galinhas destemperadas e esbranquiçadas que eram servidas nos hospitais. Bem que hoje em dia a comida de hospital (dependendo do hospital) parece até um restaurante de comida caseira. Porque, verdade seja dita: comida caseira é um santo remédio. Em parte, porque as gostosuras caseiras, associadas aos excessos de gorduras, frituras, sal e açúcar em quantidade; já empacotaram muita gente pro outro mundo.

Peixada

Paçoca de carne seca, com bananinha... desentala

Famosa maria izabel, comida por todos
A culinária cuiabana é sadia, em termos. O tal do arroz sem sal (forte concorrente à comida mais sem graça do mundo), quibebe de mamão verde, maxixe refogado, escaldado, arroz de leite, mingau de banana verde e outras cositas. Agora, veja o outro lado da moeda: paçoca de carne seca gritando de salgada, mas tão salgada que, além do arroz sem sal, ainda pede uma bananinha como acompanhante.

Arroz com pequi, num vai mordê

Escaldado, viagra cuiabano

Cozidão (des)combina com o calorão da terra

Tem mais, muito mais. Feijoada cuiabana (feita de feijão “normal” e pertences de gado como ubre, dobradinha, mocotó, tripa...); revirado, feito de farinha com miúdos de gado; joão sujo, ensopado de suã de porco com banana verde; cozidão, que leva costela de gado, banana, mandioca, cenoura, milho verde, abóbora, batata inglesa e doce, couve, acompanhado pelo pirão, feito com o caldo produzido; peixada, peixe frito, assado, ensopado, escabeche); maria izabel, com tutu de feijão, farofa de banana, arroz com pequi e, pra encerrar, a discreta cabeça de boi assada (sem comentários). A tradição culinária cuiabana não inclui as saladas. Esse negócio de comer verduras é recente. Os antigos diziam: “não sou marandová pra comer folhas”!

Pode me chamar de Victoria Beckham!

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