domingo, 18 de dezembro de 2011

Paella 4 X 0 Feijoada


(Foto: Globooesporte)
Manchete de jornal: Deuses 4 x O Santos. Domingo de perdas para o futebol brasileiro.  O “Santos” Futebol Clube, depois de ficar seis meses ou mais do que isso se guardando para o Mundial de Clubes, dançou. E dançou bonito. O Futbol Club “Barcelona” colocou o Peixe na roda e ficaram mudos todos aqueles que apostaram no talento individual de Neymar, Ganso, Borges e companhia limitada. A gente sempre ouviu dizer que futebol se resolve dentro de campo, e ao longo dos 90 minutos, mas essa explicação simplista dá pinta de que não serve mais. O Barcelona, digamos, foi passear no Japão. E a vítima foi o time brasileiro. Levou um passeio.
Bonito o jogo. Sei que doloroso para os santistas, mas, para os que apreciam o bom futebol, ficou clara a supremacia da equipe catalã. Não tem como negar, nem argumentar. Feliz o comentário do Neymar após a partida: “Viemos aqui para aprender a jogar futebol”. Infeliz a argumentação do Murici: “Esta é a terceira final que jogamos neste ano e ganhamos as outras duas”. O técnico tentou minimizar a goleada, mas...



 
Hiiiiiiihhhhh! Que desagradável! (Milton Leite)

Valeu a pena acordar cedo. Não deu pra ficar indignado, com dó ou sentir raiva pelo resultado. Foi pura constatação. O que aliviava nosso nervosismo era o fino humor de Milton Leite, que narrou a contenda: “Olha o Neymar e o Puyol, cada um com o cabelo de estilo diferente, os dois horrorosos”. O “speak” dá os seus pitacos e coloca seus bordões que o deixaram famoso. Essa de ficar apenas reportando o jogo, que a gente está vendo, é como chover no molhado.


O Barcelona teve cerca de 75% da posse de bola ao longo do jogo. É muito tempo a mais do que o adversário. O pior é que os caras sabiam o que fazer com a bola nos pés (pés com astúcias de mãos, como escreveu João Cabral). Trocavam passes priorizando o toque de primeira, com movimentação incrível quando atacavam. E a defesa do Santos, que gosta de falhar, ficou que nem barata tonta. As oportunidades foram surgindo e, naturalmente, foram aproveitadas. Pra falar a verdade, o resultado até que ficou de bom tamanho, porque o time brasileiro poderia ter levado mais gols. Se não me falha a memória, mais duas bolas carimbaram a trave do Santos.

Voltemos ao Murici. É um bom técnico. Está entre os melhores do futebol brasileiro. Mas, no país onde nascem os melhores atacantes do mundo, os técnicos costumam ser retranqueiros. Gostam de jogar na defesa e, como futebol não tem lógica (?), todo mundo aceita isso. Aqui no Brasil é assim: qualquer time que faz um a zero, geralmente, torna-se defensivo para segurar o resultado e explorar os contra ataques. Francamente...

Murici: Não entendo nada de composições cubistas

Dizem que Deus é brasileiro e Murici ainda tentou uma estratégia espírita. No segundo tempo, chamou Alan Kardec que estava no banco e o colocou em campo. Em vão. Deus não é mais brasileiro e, além disso, Messi estava endiabrado.
E o Barça, com seu futebol “egoísta” – só eles é que querem e podem ficar com a bola, foi provando que o melhor futebol do mundo não é mais o brasileiro mesmo. Dá pra admitir que o Brasil seja o país que mais gera e tem gerado talentos individuais nesse esporte, mas não há como negar que falamos de um jogo coletivo. A Espanha foi a campeã da última Copa e a base da atual seleção é o time do Barcelona.  Um time que, apesar de seus valores individuais brilhantes, pratica um futebol de conjunto, com uma invejável disciplina tática.

A fúria espanhola
Analisando a situação vivenciada hoje no futebol, constatamos que o esporte bretão precisa dar uma arejada aqui nas terras tupiniquins. Que futuro almejamos? Precisamos planejar, trabalhar com prazos maiores, creditar nossas apostas em equipes qualificadas e capacitadas, investir na base e difundir conceitos.
Confesso que tinha esperanças que o Santos vencesse. Boleiro que sou, assisto futebol em demasia, mas sempre os campeonatos que rolam no Brasil. Não tenho o hábito de acompanhar os campeonatos europeus. O Barcelona ganhou fácil, com uma bola envolvente, altaneira e intransponível para a pequenez que tem sido o futebol brasileiro nos últimos anos. Do jeito que está não tem como escalar essa torre traçada por Gaudí.

O idealizador e executor do esquema tático


Nenhum comentário:

Postar um comentário