terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Ontem assisti ao filme “Grupo Baader-Meinhof”, de Uli Edel. Fazia um tempo que esperava por este momento: a crítica foi boa e tive a oportunidade de conhecer os bastidores de um grupo revolucionário, muito a ver com a minha geração. Não decepcionou. Muitos tiros... Sangue e porrada na madrugada. A ironia e rebeldia no julgamento dos líderes do grupo é um caso a parte. Dá vontade de aplaudir. No final, o idealismo perde e se perde. 

Tive a oportunidade de acompanhar muitos eventos históricos, mais pela TV e jornais. Na minha sala do segundo grau havia muitas carteiras marcadas a caneta, canivete ou sei lá o que com nomes de grupos guerrilheiros, como os Tupamaros e Sendero Luminoso. Não entendia bem o que era, mais sabia que algo acontecia. Ouvi falar de um tal Daniel , o vermelho, que incendiou a França, do massacre da Aldeia de My Lai, no Vietnã e, junto com um mundo assombrado pelas barbáries, vi os hippies fazerem campanha pela “Paz e Amor” e os jovens conquistarem pelo menos o direito de ter direito.






Vi os aviões darem rasante em Goiânia, vi minha mãe chorando com medo de guerra e no final de semana fui feliz ver os canhões, acho que até entrei num. E vi um jovem resistir a ordem para sair do palácio (é isso?).

Vi os festivais de música com torcida para músicas de Caetano, Gil, Vandré e Chico, só depois, muito depois, entendi as mensagens subliminares. Ainda assim continuei a cantar, mesmo quando eles ficaram exilados. Sabia que algo estava acontecendo, mas não entendia bem. Vi a Copa de 70 direto pela televisão, a euforia do povo brasileiro e depois ouvi o porquê da  importância de o Brasil ganhar. Vi o homem descer na Lua. Vi o Figueiredo dizer: “esqueçam de mim” e achei ótimo. Vi a votação (indireta) pra presidente do Brasil e vi, surpresa, o vice-presidente assumir a Presidência da República. Vi os exilados voltarem sob a égide da Anistia Ampla Geral e Irrestrita. Vi um presidente renunciar antes de um “impeachment”, vi FHC passar a famosa faixa para um trabalhador brasileiro assumir a presidência e vi o trabalhador passar a faixa para a primeira mulher presidenta do Brasil.


O crepúsculo do macho
Apesar de ter visto muito e muito mais, pouco participei. Mas, sabia que algo acontecia e que o mundo estava mudando. Sofri as conseqüências dos acontecimentos e por isso também mudei.
Hoje sinto que entendo um pouquinho mais das coisas, mas vejo muito pouco acontecer, muito menos que antes. Pra terminar esse texto decidi recorrer ao Youtube, pra reafirmar  aquela canção do Cazuza: “Ideologia, eu quero uma para viver”.

Ideologia a base de bengaladas

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