terça-feira, 3 de maio de 2011

 
Churrasquinho no Coliseu
 A violência está no ar e não é de mentirinhafigura de linguagem. E pra falar a verdade sempre teve nas paradas. Antes mesmo de TV, de internet, cinemas, rádios, jornais e revistas já era sucesso de público, não de crítica, menos mal. Os espetáculos sanguinários oferecidos ao povo pelos imperadores romanos: Pão e circo ao povo é um exemplo de que a violência assistida dá e muito público. E continua a dar público, basta acessar qualquer meio de divulgação, mas também ela move muita grana.

Lá pela década de 1970 o Tele Catch Montilla (patrocinado pelo rum Montilla) era o programa favorito de muitos lares brasileiros. Apesar de ser uma armação descarada, torcíamos pelos heróis que depois de levar centenas de tesouras voadoras, tacle, dedos nos olhos, socos na cabeça e pulos na barriga o mocinho revidava e ganhava a luta. Nessa mesma década o nosso futebol era o ópio do povo, esquecer as mazelas da ditadura.

 
Violência e marmelada: malemá

Tigre Paraguaio: a garantia soy yo

Atualmente assistimos a cenas de violência real e em tempo real, quer ver: a gang que agrediu os caras homossexuais na Av. Paulista, com direito a depoimentos dos pais defendendo os agressores, apesar das cenas gravadas, o reacionárismo do deputado federal (que em protesto não citamos o nome), a Guerra do Golfo a vivos e a cores, o enforcamento de Saddan Hussein, a violência usada pelo Kadafi para continuar no poder, a comemoração dos americanos com a morte de Osama Bin Laden e por ai adiante.  Mais um tipo de cenas violentas entrou no ar: a violenta resposta da natureza às agressões humanas, como o desmoronamento do Morro do Bumbá, em Niterói (pô era um lixão!!!), a inundação em New Orleans, a contaminação da usina nuclear de Fukushima, nas águas, no solo e nos seres vivos (e nem sabemos ainda as dimensões e alcance)...



Meu ódio será tua herança

Nascido para matar



Bumba... meu gado


Harakiri anunciado


Sem marmelada
Gente gosta mesmo da violência e ponto final. Uma tia que já se mandou costumava dizer que futebol, pra ser bom, tem que ter gol e briga. Na noite de domingo fiquei chocado com o nocaute que o brasileiro Lyoto Machida aplicou no americano Randy Couture, no UFC, esse esporte de luta onde vale tudo mesmo. Coisa de louco. Um chute no queixo do outro e “pá bosta”, como diriam os cuiabanos de antigamente. Estou vendo a hora em que um lutador, nesse tal UFC, vai morrer ao vivo.

Oh, pedaço de mim

O interesse e o prazer que a violência causa nas pessoas é algo com o qual somos obrigados a aceitar e conviver. Ninguém duvida disso. A maior parte das pessoas, sabemos, vai preferir ler ou assistir algo que seja impactante e violento, em vez de uma notícia que traduza benefícios ou boas novidades à sociedade, em geral. Esse é um circulo vicioso, o povo gosta e a mídia quer vender e quer ibope (ou vice-versa).

Insisto em dizer que não perdemos a capacidade de ficar perplexos diante de muitos fatos, questionando até mesmo a morte de pessoas com Osama Bin Laden, apesar dos pesares ele não merecia um julgamento, como é de direito a todos nos países livres e democratas?  Surpreendemos-nos ainda com a nossa falta de capacidade para entender esse mundo em que vivemos onde ingenuidade e ideologia são massacradas pela realidade, ao longo do tempo e a todo tempo. Isso também é violência, não?


Velha foto desbotada







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