sexta-feira, 4 de maio de 2012

Pina

Vimos pela TV o polêmico artista inglês ao extremo Damien Hirst dizer que em certa época ficou chateado porque os críticos disseram que sua arte não era arte. Achou estranho porque nunca ouviu dizerem que "aquele teatro não era teatro, que determinada música não era música, que tal dança não era dança..."

Tem muita coisa que não vimos, não ouvimos e nãosabemos no mundo... Algumas são fáceis de ser assimiladas. Outras, nem tanto... Demoramos a descobrir a beleza, a genialidade e a amplitude que elas oferecem para que outras criações mais livres e libertas possam acontecer... É o caso da arte, da dança de Pina Bausch.

Damien Hirst

polemiza com sua obra

Por isso, é imprescindível assistir Pina Bausch de Wim Wenders. Aliás, um tributo do diretor alemão a esta fenomenal artista: “Pina”. É importante dizer que Wim Wenders é um cara que merece a nossa gratidão. Ele vai fundo nos seus projetos e desvela ao mundo, com sua ficção e seus documentários, artistas e sua arte que por um motivo ou outro seriam difíceis conhecer e acessar.

Wim Wenders



Um deles é “Buena Vista Social Club”. Músicos cubanos de antes da revolução naquele país, que trabalhavam nos grandes cassinos, depois perderam seus empregos, foram envelhecendo e esquecidos. Wim Wenders resgatou esses excepcionais e talentosos músicos e deu-lhes o mundo de presente. Na verdade, nos presenteou. Uns já com idade avançada curtiram pouco esse estrelato em escala mundial, outros ainda correm o mundo, apresentando a dançante, caliente e romântica música cubana.




A dança de Pina Bausch parece mais difícil de ser apreciada do que a música do Buena Vista, à primeira vista. À medida que vamos assistindo os bailarinos desenvolverem coreografias, que nada lembram a delicadeza do balé clássico, com gestos enérgicos (e suaves), de precisão milimétrica e de uma racionalidade impressionante, nos deixamos tocar e levar pela magia dos movimentos tridimensionais criados por Pina. Não por acaso, o documentário é em 3D.



Aquele filme que extasia o espectador. Aquelas imagens que depois que a gente vê passa a ter certeza de que nunca mais seremos os mesmos. Pina nasceu na Alemanha em 1940 e morreu em 2009, cinco dias após ter seu câncer diagnosticado e dois dias antes de Wenders começar as gravações de sua biofilmografia.

“Pina” intercala imagens da dança e da ambiência de sua companhia com depoimentos de seus bailarinos. Uma das bailarinas confessa que sua timidez a fazia se esconder de Pina em cena, sempre que possível. “Por que você se esconde de mim, porque tem medo... Eu nunca te fiz nada?”, indagou a coreógrafa à bailarina.



Reza a história de que o domínio e o entendimento de Pina Bausch em torno da arte da dança lhe permitia explorar a potencialidade de cada integrante de seus comandados, adaptando as coreografias de acordo com as características de cada um. É a arte em estado de sublimação.  



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