segunda-feira, 25 de julho de 2011

Tenho medo

Tenho medo de atravessar ponte!(E. Munch)
Às vezes somos tomados pelo medo de sei lá o quê.

Dizem que nascemos com dois medos: de cair e de barulho. O resto é adquirido. Dizem ainda que o medo é o grande inimigo do homem: ele está por trás do fracasso, das doenças e das relações desagradáveis.

O medo é uma reação que acontece no cérebro. Inicia com estímulo de estresse, daí vem uma overdose de compostos químicos que aumentam a frequência cardíaca, aceleram a respiração e enrijecem os músculos. Tudo isso, com a finalidade de nos ajudar. Sim, ajudar a sobreviver. O medo (e a reação de luta ou fuga) é um instinto animal.

O medo normal é bom, pois nos informa a possibilidade de que pode ser melhor não fazer algo, que as condições nos indicam e conduzem a consequencias indesejadas. O medo é problema quando ficamos naquilo que não queremos que aconteça, ou seja ficamos sem opção e sem ação.

Tenho medo de sentar na boneca!
Sou medrosa, desde criança. Não era nem um pouco raro sair do meu quarto e ir dormir entre o meu pai e minha mãe, até grandinha.  Meu maior medo é de lugares escuros, por isso não me incomodo em dormir com luz acesa, TV ligada... mas tem gente que se incomoda, aí temos que nos adaptar. Deixo sempre uma frestinha com luz entrando no quarto; ou coloco uma luz azul, que incomoda pouco, e aproveitamos os efeitos cromoterápicos.

À noite (como o medo se intensifica à noite!), tinha medo das bonecas que minha mãe insistia em arrumar no meu quarto. Pareciam ganhar vida, via suas boquinhas mexerem, olhinhos piscarem.... Aí vinha aquela coisa tomando conta: vontade de correr e de chorar. Ganhava sempre as duas: correr em disparada e chorando, buscando a segurança que a presença e a cama quentinha dos meus pais me oferecia. Suponho que uma das causas tenha originado das histórias que eu adorava ler, cheias de bruxas, duendes, animais ferozes, ambientes inóspitos. Acho, não tenho certeza. 


Tenho medo de Loretta!!!

Vivenciar o medo é daqui pra ali neste cotidiano de criminalidade nunca visto. Certa vez, no Rio de Janeiro, subia uma rua deserta e decidi parar numa esquina mais movimentada, à espera de um táxi que haveria de aparecer. Percebo, então, que descem a rua em minha direção três tipos. Rapidamente meu cérebro começa a alardear. “Será que, pela primeira vez na vida, serei assaltado?”. Eles se aproximam e meu estado de nervos se esfrangalha. De repente, quando estão a uns cinco metros, eis que entre nós cruza a calçada uma imensa ratazana, rápida e rasteira, que logo desaparece numa boca de lobo. Cabe aqui o registro de que nesses tempos, os bueiros da capital carioca ainda não explodiam.

Tenho medo de bueiros!!!

Os três carinhas, nos quais, injustamente, depositei desconfiança, levaram um susto fenomenal. Um deles chegou a dar um incrível salto. Coisa que nem o cinema consegue capturar. Eu, às voltas com meu medo momentâneo, petrificado, nem me assusto com a ratazana. Todos nós, em seguida, caímos na gargalhada. “É nessas horas que a gente vê o homem!”, sentenciou um deles.

Ter medo é inerente ao ser humano, mas expressá-lo em determinadas situações pode ser uma tremenda mancada. Quem não se lembra da Regina Duarte, ex-namoradinha do Brasil que, na véspera da primeira eleição do Lula, fez um depoimento na TV? Não é que a infeliz se pronunciou como porta voz de um partido político dizendo: “Eu tenho medo de Lula”. Quá, quá, quá... Logo a frase foi parodiada (Eu tenho medo de Lula”) e virou piada na boca do povo: “Eu tenho deeedo de Lula”.
Tenho medo de otorrinolaringologista!!!!


Tenho medo de chupacabra!!!!



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