quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Os falsários


A arte imita a vida, diziam os antigos. Reproduzir a realidade, seguindo essa linha de raciocínio, é coisa de artista. Mas, tem artista que quer mais é fazer arte noutros sentidos. Habilidades gráficas superlativas, por exemplo, podem ser direcionadas para diferentes funções. Salomon Sorowitsch, um talentoso judeu que viveu em Berlim, genial em copiar a realidade. Exímio falsificador de documentos, em especial de dinheiro. Por esses motivos foi vitimado pelo Nazismo, uma das maiores aberrações já registradas na história da humanidade.

Esse é o ponto de partida de “Os Falsários”, que faturou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2008. A história verídica de um sujeito que, praticamente, capitaneou a maior falsificação monetária da qual se tem notícia, praticada pelos nazistas, é narrada com maestria pelo diretor austríaco Stefan Ruzowitsky. Um daqueles cineastas europeus que costumam ser subestimados no Brasil, enquanto os enlatados americanos continuam a chegar em pencas.


Stefan Ruzowitsky, Oscar genuíno

Com uma trilha sonora magnífica, à base de muito tango, e uma fotografia rica, “Os Falsários”, também escrito por Ruzowitsky, é uma obra forte, que merece a atenção de todos. Está muito longe de ser mais um filme a abordar o nazismo. Há originalidade e talento nesta concepção. E há também generosidade, isenção e inteligência; qualidades presentes de forma sutil ao longo de toda a narrativa.


O falsário-mor

O filme se baseia em livro autobiográfico escrito por Adolf Burger, outro judeu, protagonista real desta história. Ele foi tipógrafo, preso pelos comandados de Hitler, por falsificar certificados de batismo que livravam a pele de muitos judeus. Burger, aliás, teve participação marcante no desenvolvimento do roteiro e da produção, apoiando o cineasta Ruzowitsky.

 Burger, escrevinhador da operação

August Diehl  (Burger) e Karl Markovics (Salomon Sorowitsch)
olho no olho

“Os Falsários” nos faz questionar principalmente valores éticos. Posturas e ações cometidas, quando a nossa própria vida está em jogo colocam o espectador em xeque. A profundidade psicológica pega pra valer e envolve quem assiste.


A trajetória:

do campo de concentração
  
 a Monte Carlo


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