terça-feira, 6 de março de 2012

Esses filmes são de morte!


Um prato cheio para a ficção é a “indesejada” ou o “ceifeiro”. Tem gente que só de pensar, bate na madeira. Isola, isola. “Bendita a morte que é o fim de todos os milagres”, versejou Manuel Bandeira. A morte é pau pra toda obra... de arte. Nos últimos dias, dois filmes que flagramos passaram/passearam pelo tema: “O estranho caso de Angélica” (2010) e “O sétimo selo” (1957).

Mas, antes de falar sobre eles, uma breve citação a “All that jazz” (1979), que é um dos filmes mais lindos (opinião pessoal) sobre a morte. O cineasta Bob Fosse faz um relato sincero, apaixonado e baseado na realidade. Só que para escrever sobre ele, como convém, precisaria revê-lo.

O show deve continuar, até quando der


Começaremos por “...Angélica”, do centenário diretor português, Manoel de Oliveira. Filminho arrastado, lento, que lembra o cinema de arte dos anos 80, quando Manoel já era velho. Curti bastante. A história é rica e bem contada. Um fotógrafo é chamado às pressas para clicar um velório e eis que quando está trabalhando a jovem e bela finada lhe sorri. Pronto. Está armada a confusão na cabeça do moço que, claro, apaixona-se pela falecida.




O cineasta recorre ao realismo fantástico para incrementar a beleza das cenas do filme, enquanto os atores e os diálogos são distantes e dispersos... avoados. Mas o enredo se desenvolve na força do que vemos e nas metáforas que rolam. O filme todo tem um clima muito estranho.





Quando o fotógrafo começa a demonstrar fixação pelos trabalhadores rurais da região: ceifadores (ceifador...  hummmm), tudo se torna muito evidente. Não bastava ele se apaixonar pelos encantos da defunta. Não que isso denigra o filme e é certo que o cineasta não está nem aí para essa previsibilidade. A postura dos atores, não é nada natural na representação, muito pelo contrário: é explícito que é uma encenação, dramatização, ou não... Pode ser que simplesmente não houve direção de atores (sei lá...), mas contribui para criar um clima muito estranho...

Discorrer sobre uma obra prima da envergadura do Sétimo Selo (1957), de Ingmar Bergman é mais do que difícil, porque tudo já foi dito. Mas parece que há algo ainda para se dizer, algo que ficou engasgado ou que as palavras são insuficientes para expressar. O filme é a referência cinematográfica da ceifadora de vidas. Impossível, depois de Bengt Ekerot, outro ator ousar personificar a morte. Como lhe coube sobe medida tal personagem!   

A clássica cena do jogo de xadrez 

Ingmar Bergman e...,  estranho, muito estranho!

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