quarta-feira, 14 de março de 2012

Gente de quem?

De onde viemos? Quem somos? Para Onde vamos? (Gauguin) 
Deparei-me nesta semana com notícias que lembram a velha e puída “carteirada”. Esse comportamento que pode ser considerado demonstração e até motivo de “status”, não parecia estar ainda tanto em voga. Mas quá! Olha ele aí nas rodas, nas festas, filas, boates, blitz, apreensões etc e tal. Às vezes a carteirada vem na forma de palavras. “Você sabe com quem tá falando?”. E pros lados dessas bandas tinha a também famosa: “Sabe filho de quem eu sou? ou “sabe gente de quem eu sou?”.


 Acho que o Suplicy, o senador, deu uma carteirada no Santos. No último Santos x Corinthians, o Tite, técnico do Timão, reclamou que a torcida santista enviou saraivadas de cusparadas enquanto ele orientava seus atletas. Quando o senador soube dessa falta de educação, pediu que seu time se desculpasse e se comprometesse em ser uma torcida educada e contra a violência dentro e fora do campo. Seu pedido foi prontamente atendido pela diretoria do Peixe. Pensa bem, se fosse “um corinthiano qualquer” a fazer o pedido eles teriam acatado? Claro que não. Aceitaram porque foi um pedido de um senador. Um Senador que, diga-se de passagem, é um verdadeiro gentleman.  


Suplicy: carteirada do bem no Santos

A carteirada, no meu ponto de vista, não se resume em sacar o crachá (porque aquelas carteiras bacanas, só em filme americano e com a polícia, mesmo assim, os federais) ou dar uma de mané e lascar “Ô meu, tu sabe com quem tá falando?”. Sim, há outras versões de carteiradas, não tão modernas, mas com efeito devastador e constrangedor muito maior.



Figurões que, pra aparecer quando citados, até em roda de amigos (?) gritam: “Fulano, não. Dr. Fulano”. Têm uns que gostam de ganhar no grito qualquer discussão, principalmente com aqueles que ocupam cargos menores ou possuem conta bancária mais discreta. E, sem mais nem menos, gritam (definitivamente, os carteiradores gostam de gritar): “Cê qué o quê? Qué grana? (abrindo e pegando um maço de notas)? Toma aqui, seu imbecil!!!”.



Carteirada costuma ser prerrogativa de gente carimbada ou mal acostumada com benesses e privilégios (comumente desmerecidos). É comum vermos profissionais despreparados abusarem, de políticos gostarem e se acostumarem, e até nós, simples mortais, temos que ficar atentos para não darmos as nossas carteiradas subliminares porque ser mimado, e ser vip, até que é bom.




Apresentar, mostrar seus documentos não é dar carteirada, principalmente quando solicitados. Pra pagar meia entrada no cinema ou num show, vai bem. Quando a polícia pede seus “dicumentos” numa blitz, normal. É o trabalho deles. Para não pagar a passagem do transporte coletivo e usufruir das leis que privilegiam a galera da terceira idade... carteira de identidade. E se alguém tripudiar com a sua idade avantajada, lembre-se da Dercy Gonçalves: “minha velhice é permanente, mas sua juventude é transitória”.

Dep. Stepan  Nercesian estreia sua carteirada no cartunista Caruso 


   
Chiquérrimas as carteiras de Angelina, Natalie e Salma.
Ah, dessa aí eu queria uma!!!!

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