quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fiz coisa feia

É difícil, mas vou assumir que fiz uma coisa feia na última segunda-feira. Muito feia e que expõe um certo despreparo de minha parte. Sabe esses rompantes que a gente tem, que fica enraivecido e são seguidos de atitudes impensadas?
Acordei na segundona braba, cabeça pesada, uma sinusite daquelas se instalou nos seios de minha face (até que é bonito: seios de minha face!). Fui para o computador pra começar a labuta. Celular toca, atendo, converso, preciso fazer outra ligação em seguida. Meu celular, que tem uns dois anos de uso, andava surrado, suado, melado, estropiado... Estava querendo morrer ou ir pra uma fazenda linda, calma...

Acontecia de ao teclar, algumas teclas pareciam querer se afundar e se afundavam mesmo, resultado: necas. Isso vinha se sucedendo a um tempo. Controlei-me. A dorzinha chata na face, por conta da sinusite persistia. E aí o bicho pegou... Uma sequência de problemas com o computador. Simplesmente, sumiu o desktop, vulgo área de trabalho, onde gravo arquivos voláteis que uso em seguida. O sangue esquentou, a pressão subiu, a raiva súbita, o gesto magnânimo seguido do inalienável palavrão exasperado.

Arremesso o celular violentamente contra a parede, como se fosse um troglodita estapafúrdio. Não sei até que ponto, consciente ou inconscientemente, atirei-o, mas de uma forma onde aquela história dos mortos e feridos seria minimizada. Não suportaria a alugação da Fátima quando visse o estrago. Melhor me poupar dessa, porque não aguento arremessar nada que pese mais que dois quilos.

Passado o dia da raiva, a sinusite controlada e o computador ajeitado, acho engraçado e vejo que tive um mínimo de lucidez e também a coragem de praticar tal ato de violência. Há muitos anos, antes da virada do século e/ou milênio, pratiquei esse mesmo ritual impensado com uma coitada de uma impressora matricial. Não tenho muita habilidade com equipamentos elétricos/eletrônicos. Uma vez, fui fazer um sanduíche. Tínhamos em casa uma sanduicheira elétrica, mas não tinha pão do dia. Chateado, peguei um pão duro. Cortei-o, lasquei uma overdose de manteiga (na esperança de amolecê-lo), fatias de queijo, presunto, tomate, cebola e o que mais tinha. O pessoal de casa só de butuca (e eu cá com meus pensamentos movidos à gula e usura: não vou dar nenhum pedaço pra ninguém!). Coloco o sanduba na sanduicheira, mas não consigo fechá-la, pois o bicho tá robusto. Quem sabe um pouco mais de força (igual aquela pra fechar mala, boa ideia!!!!). E vai que vai... Uns estalos e a coitada da bicha, a sanduicheira, se parte em duas. Os espectadores rolam no chão de tanto rir e eu, putíssimo, vou deitar pra esquecer, de barriga vazia.  

Essa raiva toda, que opera reações inesperadas no humor da gente, me faz lembrar o Denis Boy, conhecido que já se mandou e, certa vez, doidão, brigou com a esposa e pôs-se a promover um quebra-quebra gabiroba na sala da própria casa. Não vivia numa casa de luxo, nem era rico e quebrou o que pode, até ficar frente a frente com um aparelho de televisão que era novo e bom. Chegou a carregá-lo e quase o jogou pela janela, mas, acho que pensou bem e voltou atrás. Teve um lampejo de lucidez. O próprio Denis me contou essa “aventura doméstica”. 
Essas situações me fazem lembrar também uma tirada célebre do Millôr Fernandes, mas que refere-se mais às relações interpessoais. Serve como um conselho, para quando você vai se encontrar com alguém que merece toda a sua ira: “Na hora da raiva, retarde o encontro”.
Pois é. Conforme descrevi aqui, também sou uma pessoa de humor variável e acho que todo mundo é um pouco assim. Será que preciso de tratamento, será que sou bipolar? Procurar um psicólogo ou mesmo um psicanalista? Será que tem cura? Será que quebrarei o meu celular novo, que acabei de comprar também?



Comprei um celular novo e a Fátima também. As maravilhas do crediário nos permitem tais extravagâncias. Agora é aprender a usar o novo aparelho e ler o maldito manual de instruções... argh!!! O da Fátima, que é mais modernoso do que o meu, já disseram pra ela que não aguenta um tombo. Já o meu... Bem, meu novo celular é uma gracinha... Espero que ele aprenda a desenvolver um excelente relacionamento com as paredes aqui de casa.      

2 comentários:

  1. Caríssimo Lorenzo
    Você pode atirar o que quiser contra a parede. Impressora matricial, celular... Só evite atirar a mulher, no caso Fátima, a bióloga, por que o custo hospitalar vai te levar à falência. Lá não tem como parcelar o pagamento do conserto!

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  2. Os dois estão uma graça lendo o manual de instrução!!!

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