quarta-feira, 27 de julho de 2011

Olhar de René Magritte


Le Blanc Seing
René Magritte mudou a nossa forma de ver o mundo, objetos e paisagens cotidianas. É a arte fora do tempo e lugar, expandindo o conceito de realidade. Ele personifica o objeto em algo que não é ele mesmo. Magritte dizia que para ser surrealista é preciso barrar da mente todas as lembranças do que foi visto e ser capaz de recriar o que nunca foi. Quando lhe cobravam explicação da obra, ele dizia: “não significa nada, porque o mistério nada significa. Não se pode conhecê-lo”.


Contemporâneo de André Breton, Salvador Dali e Buñuel, Magritte demorou um tempo a ser aceito pelo grupo dos surrealistas, pela vida burguesa e metódica que levava. Um deles disse: “O surrealismo com Magritte é muito mais surrealismo, e René Magritte sem o surrealismo será sempre René Magritte”. “A imagem não mostra a coisa, é só a imagem da coisa. Tudo o que vemos esconde outra coisa, e nós queremos sempre ver o que está escondido pelo que vemos”, citação do pintor que explica, ou pelo menos tenta, jogar luz sobre sua obra.



Magritte invadiu nossas vidas ontem, através de uma reportagem. Tá rolando uma exposição bem ali, no Tate, em Liverpool. Foi praticamente impossível não linká-lo aqui. Revendo Magritte e pesquisando sobre sua obra, reencontramos uma tela que nos remete ao assunto que matutamos, para hoje. Uma maçã no rosto de um homem. Sim, temos maçãs na face. Duas, uma de cada lado.


The son of man
Não sei bem se é surrealismo, mas acho que tem um pouco disso. Temos também duas meninas dos olhos, as pupilas que nos ajudam a deleitar Magritte. Da boca pra dentro, por onde sai nossa voz, há uma campainha. Ou úvula, como queiram. Há, ainda, um céu, ou palato. Descendo da cabeça chegamos ao pescoço, onde fica o gogó ou pomo de adão. Vai saber a origem de tais denominações. Dizem que é bíblica. Adão se engasgou com alguma coisa, acho que testosterona.


The false mirror

Continuando nossa conversa sobre nominações diferentes para as partes do corpo humano, chegamos à altura dos ombros e toda sua ossatura. Por ali tem um lugarzinho, com justiça, chamado de saboneteira, mas só no caso das pessoas magras. Os gordinhos estão mais pra pneuzinhos, que ficam linha da cintura. Nessa altura tem ainda a bacia, ou pélvis (pélvis é latim e significa bacia). Depois de uma certa idade, é um perigo quebrar a bacia. É nessa região que ficam os aparelhos recreativos e reprodutivos, com nomes “sui generis”, que fica pra um outro post, com classificação indicativa pra 18 anos. E vamos descendo pelo nosso corpo. O que é conhecido academicamente como panturrilha, também é batata da perna...


Sirens

Os amantes


Então fica assim. Magritte cria o inusitado a partir de imagens convencionais e nós exploramos palavras e expressões que se recusam a ter um significado único, por mais que estejam, aparentemente, fora de contexto. Ah, e faltava dizer de um local, no nosso corpo, que merece destaque: a “terra de ninguém” (que fica onde termina um e começa o outro), mas dizem que é lá e nas redondezas que mora o prazer. Porque o pecado mora ao lado!!!


Marilyn Monroe e Tom Ewell

3 comentários:

  1. muito lingo blog, e em especial sobre magritte, do qual sou fã incondicional, adorei!

    magritte trouxe vida ao surrealismo. o surrealismo com magritte passou a ser outro. mas magritte será sempre magritte, mesmo sem o surrealismo.

    cheers

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  2. magritte é demais até criancinhas podem adorar ela pois eu adoro tambem e apenas tenho 11 anos

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  3. Que legal receber o comentário de alguém com 11 anos. Que prazer. E o comentário merece relembrarmos uma frase célebre de Picasso: "Levei 80 anos pra aprender a pintar como uma criança".

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