terça-feira, 4 de outubro de 2011

Gente que parece que é

Bené Fonteles ou ...
Gente que a gente pensa que é, mas não tem certeza!!!! Em quantas esquinas da vida já não demos de cara com alguém que... será que é? Não, acho que não é. Mas poderia ser... Êta dúvida atroz. O melhor é chegar junto e conferir. Senão, é se conformar, e morrer com a dúvida. Quer coisa mais chata do que não se lembrar de alguém que nos encontra e cumprimenta efusivamente? E, pra não ser indelicado, você assume uma cara de paisagem, acompanhada por um risinho pra lá de amarelo. Pior de tudo é consentir com a falsidade.
Juro que me constrange muito quando alguém conta fatos ocorridos, me insere na história, acrescenta, pra florear, mentiras deslavadas, se gaba de algo que não me lembro e, pra me matar de vez, me convoca publicamente soltando o famoso: “Lembra? Nossa... foi demais!”. Situações como essas eu ainda não consegui cortar e dizer pra fulana ou cicrano: “Olha aqui seu fdp, não foi nada assim, caralho! Fui eu quem fiz isso não você, babaca!”. Sempre engulo seco, porque não tenho coragem, não gosto de ver ninguém se sentindo humilhado. Tem gente que precisa de se achar, chamar atenção, contar vantagem. Não preciso disso, então deixo. 
Edgard Navarro?
Não fica pra traz o constrangimento de confundir alguém. Ainda bem que a ficha cai sempre depois. Uma das últimas vezes que vivenciei uma situação dessas foi numa apresentação da Orquestra de Mato Grosso, no Cine Teatro Cuiabá. Na entrada tumultuada, muita gente chateada por não ter conseguido ingresso, gente se abraçando, cumprimentando... Eis que vejo uma pessoa super querida. Ela sorri, me cumprimenta, apresenta sua mãe e... troca meu nome. Rapidamente corrijo. Ela fica visivelmente chateada. Para desanuviar, digo que não tem importância, que o mais legal é nos encontrar...  que é assim mesmo, que eu também confundo muito, esqueço, que trabalhamos com tanta gente e trolólóló. Sua mãe observa nosso diálogo repleto de escusas aprovando as nossas justificativas. O assunto logo é esquecido. Bom, estão me chamando. Vou entrar. Despeço-me com um beijo no rosto e um “tchau Otília, até mais ver, eu te procuro! Despeço-me de sua mãe, que me olha com ar incrédulo! Ao me acomodar na poltrona, uma imagem... não, uma informação... não, uma verdade. Meu Deus! ela não é a Otília Pignati. Ela é a Lídia Bocaiúva. E o tempo inteiro eu certa ser a Otília. Dos males o menor, ambas são médicas homeopatas e queridíssimas por mim. 
  
Gueron ou


Lau?
    
Serra Nosferatus


Nosferatus Serra
"Olha lá Lorenzo, aquele é o Bené Fonteles", me disse a Fátima, lá em Brasília no sábado passado quando estávamos almoçando. Olho e fico na dúvida. Seria mesmo o Bené, aquele artista que morou vários anos em Cuiabá e depois se mudou pra Brasília?  Levanto-me para o segundo tempo da refeição. Aproveito que o suposto Bené também está se servindo e defino minha estratégia. Estamos frente a frente, eu de um lado buffet e ele do outro. Sem olhar pra ele, solto: "Você não é o Bené Fonteles?". Necas de resposta.
Volto pra mesa e a Fátima dispara: "E aí, era o Bené?". Não era, claro, mas podia ser que fosse o Bené e que ele estivesse ficando meio surdo. No dia seguinte, conferindo as matérias que haviam saído nos jornais sobre o Festival de Brasília de Cinema, eis que vejo uma foto do suposto Bené, que não era ele mesmo, mas sim o Edgard Navarro, cineasta que dirigiu um dos filmes em competição, "O Homem que Não Dormia".Ser confundido com outra pessoa ou confundir fulano com beltrano acontece na vida de qualquer um. Isso provoca situações embaraçosas e engraçadas. Já fui confundido com o juiz Rocha Matos, aquele mesmo que teve problemas com a justiça. Uma vez, no cinema, em Brasília, até um porteiro perguntou a umas amigas que estavam comigo se eu não seria o tal magistrado. Mas já fui protagonista de um curioso caso, onde fui confundido com outra pessoa.
Paulo Macalé

  
Jards Silvino?


Lorenzo, ficha suja 

Sexta-feira, dia de feira aqui no bairro, chego mais tarde e caminho apressado de volta ao lar. A boca estalando pra tomar aquela cervejinha gelada, enquanto me desvio do povaréu que transita pela feira. De repente... "Derlei..." Diz uma senhora me olhando. Aiaiai, penso. Não sou Derlei, mas tenho certeza de que a mulher sabe que sou. Educado, vou parando e a cumprimentando. Junto a ela, outra mulher. Tenho quase certeza que nunca vi nenhuma das duas, mas, jornalista conversa com muita gente e depois se esquece. Já fui professor também, outra profissão que nos expõe a multidões.

Seria Xico Sá da família
Muppets?

Não tenho tempo pra explicar isso e nem preciso. Minha cara diz que não estou entendendo bem do que se trata. E ela emenda: "Derlei tá metido... Outro dia encontrei com ele e fingiu que não me conhecia". Ela diz isso entabulando conversação comigo e puxando a cumplicidade da outra que, certamente, também acha que sou o Derlei. "Como vai sua mãe Derlei?". Antes que eu responda, a mulher prossegue. "Encontrei com ela num supermercado lá no CPA outro dia". Agora sim, fudeu de vez. Sou obrigado a limpar os pratos. "A senhora está me confundindo. Não sou Derlei e minha mãe, que mora no Rio de Janeiro há mais de trinta anos, quando vem passear aqui, dificilmente vai supermercado”. Ela ainda tenta argumentar algo, mas minha expressão sincera acaba colocando um ponto final no equívoco. E acredito que o Derlei seja bem parecido comigo. Onde andará Derlei, esse sósia ou quase isso que tenho, mas que nunca vi mais gordo ou magro? 
  
Lorenzo, versão "Seu Madruga"
 
Fátima, versão "Chiquinha"

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