domingo, 26 de fevereiro de 2012

Gabriel dá uma pimba na gorduchinha!

Reconhecemos que nós seres humanos temos enorme disposição em perdoar. Perdoamos, mesmo que demore algum tempo, porque perdoar não quer dizer esquecer, apagar.  Perdão vem do latim. O prefixo “per” tem dois sentidos: de “por” (através de) e de plenitude. “Per+doar” é o ato de doar, elevado à perfeição. Perdão é o superlativo da doação. “E perdão foi feito pra gente pedir”.

Traições, ofensas, agressões, mentiras, esquecimentos, irresponsabilidades, vacilos, roubos e outros crimes são perdoados. Já li e vi vítimas perdoarem seus algozes, num ato sublime. Perdoamos o cônjuge que trai; o amigo que sacaneia; a sogra, o genro, a cunhada e outros tipos de fofoqueiros; e dívidas. A professora que nos perseguiu, o colega cainha, o vizinho enxerido e até o filho da puta que é mal educado no trânsito. Até Deus perdoa... Opa, Deus é o que mais perdoa e que seu exemplo seja seguido por nós, meros mortais.  

Baggio e Tafarel na final Brasil x Itália

Brasil X Paraguai, muitos pênaltis perdidos 

Perdoamos até o chefe que pisa na bola. Mas, falar em pisar na bola no domingo, dia de futebol... Tem um negócio que é difícil de perdoar. Aquele jogador que perde o pênalti. Aquele tiro livre cara a cara com o goleiro, diante daquela trave enorme que tem mais de sete metros de largura, por quase dois metros e meio de altura. E o “perna-de-pau” do jogador do seu time erra o pênalti. É demais. Com o tempo redimimos esse pelejador, mas não perdoamos e nem esquecemos completamente a perda de um gol.

Nosso amigo do peito, magnífico (porque não existe ex-magnífico) reitor da UFMT, Gabriel Novis Neves, é o mote deste post, neste dia de missa. Ele é blogueiro que pratica as palavras com desenvoltura e sinceridade. Escreve bonito. Gabriel é botafoguense e num de seus textos, “Desprezo” (http://bar-do-bugre.blogspot.com), se inspirou na derrota de seu time para o Fluminense, que aconteceu numa disputa de pênaltis na última quinta. Jogou a toalha, pendurou as chuteiras. Foi pro chuveiro, não perdoou a derrota de seu time.


Loco... loco
Gabriel, somos solidários compreendemos sua dor e eu, particularmente, confesso que já passei por situações semelhantes. Morrer de raiva quando um jogador falha na hora H é coisa de futebol. Basta torcer de verdade e se envolver para que essa ira, esse destempero, surjam. São consequências naturais. Imperdoáveis são todos os cobradores de pênalti que perdem o tiro livre num jogo decisório, isso é inaceitável!


Copa de 86: O dr. perdeu o pênalti e...

...Zico também
Isso deveria estar na bíblia. Na bíblia do futebol, que fique bem claro. Neném Prancha disse que o pênalti é tão importante, que quem deveria bater era o presidente do clube. Mas, presidente de time de futebol não costuma ser besta ao ponto de se expor dessa maneira.

E voltemos ao querido Gabriel. Disse ele que cancelou a sua assinatura de TV paga e que não quer mais saber de futebol. Que nunca mais vai assistir jogos e nem debates, mesas redondas e esses programas esportivos que só fazem masturbar em torno desse esporte bretão. Mais... Garantiu que aproveitará o tempo que vivia futebol, a partir de agora, para ler mais e mais.


Grande e saudoso Waly Salomão

O futebol é uma praga, uma paixão. Um quase vício. E ninguém vai largando dele assim de uma hora pra outra. As ponderações do Gabriel são válidas se raciocinarmos friamente. A que leva o futebol, afinal de contas? Pra que torcer pra algum time? Pra que passar raiva, xingar, brigar etc? Sem falar nos riscos de um infarto ou derrame que podem nos acometer na hora de uma disputa emocionante. “Me segura que eu vou dar um troço”. O título do livro do Waly Salomão sintetiza bem a extensão do drama.  

Às vezes fico tentando entender porque me envolvo tanto com o futebol e me coloco no lugar do Gabriel. Mas escorrego... Parar de acompanhar os jogos do meu time e todos os outros, para me dedicar às leituras selecionadas. Por exemplo: as crônicas do Nelson Rodrigues que discorrem sobre futebol já que, que nem eu, ele era tricolor de coração.    



O medo do goleiro diante do pênalti
(Win Wenders-1971)

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