sábado, 25 de junho de 2011


Correr. Malhar. Liberar os hormônios que produzem a sensação de felicidade. É o que dizem. Sei do conforto psicológico que me dá uma sessão de atividade física, mas, confesso, não tenho sentido prazer nem felicidade nenhuma. Quando estou caminhando na esteira que compramos e que não gostaria que virasse cabide, o que mais me vem à cabeça é que amanhã ou depois de amanhã estarei ali novamente. Brincando de hamster, como bem definiu um amigo outro dia.

Por que eu? Por que logo eu, que já joguei basquete, futebol, vôlei, handebol, natação, atletismo e me formei em educação física? Por que logo eu haveria de sentir esse desprezo, essa quase que revolta contra a atividade física?

Não sei. Só sei que tenho que fazer e sigo a minha luta pra baixar o nível do canalha do meu triglicérides. Pelo menos meia hora de esteira, quatro ou cinco vezes por semana. O tempo ideal para percorrer uns 3.500 metros. Lá se vão dois meses que ando nessa malhação e acho que está na hora de fazer um novo exame de sangue pra ver se baixou a coisa. Se não tiver baixado, não quero nem pensar...


Houve um tempo, antes de ser praticamente obrigado a malhar, em que frequentei academias. Nelas, meu terror eram os abdominais. E ainda o são. Não os faço mesmo. Nadar na hora do almoço foi outra tentativa de vida saudável que fez parte do meu histórico. O problema é que eu saía da piscina urrando de fome e almoçava que nem trabalhador braçal. É, parece que depois que parei de praticar esportes, essa história de atividade física virou um drama na minha vida.

Dramatizar, aliás, é comigo mesmo. Drama é algo incrustado em minha vida. E exagero nele talvez pra dar um toque de ficção em minha existência. E o drama, que é o pai da tragédia, é melhor do que ela. Sei que esses cuidados com a saúde devem ser encarados com naturalidade. Todo mundo, mais cedo ou mais tarde, acaba tendo que tomar suas providências saudáveis.



De vez em quando, abandono a esteira e saio caminhando pelo bairro sossegado. É mais divertido. Encontro as pessoas e vou observando pássaros, árvores e toda aquela paisagem bucólica comum a um bairro periférico. Costumo caminhar munido do inseparável celular. Gosto de fotografar com ele e, na rua, sempre rolam flagrantes que merecem um clique. Coisas como a lua vespertina espetada num galho de lixeira, ou um pobre sinimbu esmagado no asfalto.



Mas essa de sair de casa me remete a preguiça, então, veio a esteira. Ela fica ali como se estivesse a me olhar, me provocar. Está posicionada em frente a televisão, porque diante da telinha tenho opções que ajudam o tempo a passar mais rápido.  

Meu pai, que já passou dos 80 e também foi desportista como eu, largou dessa história de atividade física há várias décadas. Costuma dizer que já fez muita atividade física. Tem crédito. Mas eu também era pra ter. Tenho inveja do meu pai. Ele não tem problemas com triglicérides e colesterol. Que pena que não herdei dele essa saúde sanguínea.  

Curtir músicas, livros e filmes de qualidade bem que podiam ajudar a gente nessa história de saúde. São atividades saudáveis, mas têm mais a ver com o nosso espírito, não com o corpo, esse monte de ossos impregnados de carnaiada por todos os lados.
Uma alongada, ah... Isso ainda me dá prazer, acho gostoso. Quando acordo naturalmente, aos finais de semana e nenhum compromisso há à vista, nada como uma boa espreguiçada. É mais ou menos por aí.  Sou daquelas pessoas adeptas a uma vida completamente sem esforço. Nem stress, nem preocupações. Uma vez, numa poesia, versejei que meu signo no horóscopo chinês deve ser o bicho preguiça.  E... cansei, por hoje...


Dor na junta... acho que o tempo tá virando






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