domingo, 12 de junho de 2011

Conhecer o trabalho de Eduardo Fukushima foi o “gran-finale” desse domingo, repleto de coraçõezinhos, flores, beijinhos, chocolates e arrulhos de pombinhos.

A dança vibrante de Eduardo nos remete a Fukushima, é isso mesmo, a cidade devassada pelo último abalo sísmico no Japão, seguido de um tsunami sem precedentes e que avariou a usina nuclear, contaminando água, solo, seres vivos, ar...  É isso, Eduardo tem a energia dissipada por átomos, a força de um terremoto e nos inunda, como as águas descontroladas de um tsunami. Porém, seu trabalho não gera tragédias, deixa indagações e questionamentos. Normal, quando nos deparamos com o novo.

A coreografia é nervosa, incômoda, estranha... Muito diferente e instigadora, como convém a essa arte que brota neste começo de século. Gostamos dessas criações que mexem com nossas cabeças e deixam dúvidas e necessidade de reflexão. Chegamos cedíssimo ao Sesc Arsenal para garantir um bom lugar na plateia e pedir autorização da produção para fazer fotos durante o espetáculo.




De repente, na choperia, um japonês baixinho circulando por lá. Era o cara. O coreógrafo e bailarino. Aproximamos e ele se mostra super solícito. Sentou conosco e conversamos durante uns vinte minutos sobre dança contemporânea, coisa que não conhecemos muito bem. Merce Cunningham, Pina Bausch, Twyla Tharp e Kazuo Ohno são lembrados e Eduardo nos impressiona com sua simpatia. O contador de estórias, Luiz Carlos Ribeiro, junta-se a nós. O papo se expande, o coreógrafo se retira. Vai dançar daqui a pouquinho.




Durante 25 minutos, ao som de uma música meio minimalista, meio eletroacústica, concebida para a dança, Eduardo desenvolve seus movimentos, às vezes se arrastando pelo chão, como um réptil, às vezes de cócoras, deslocando-se ao longo de um quadrado limítrofe para sua coreografia autoagressiva, pujante, como que justificando o título: “Como superar o grande cansaço?”.  A elaboração da dança partiu de leituras dele em torno de textos de Nietzsche sobre o cansaço. “Hummm... dança inspirada no bárbaro filósofo alemão é encrenca na certa”, associo. Encrencas no terreno das artes, isso é bom.



Eduardo começa seu solo e começo a entender algo que ele disse rapidamente na choperia. “Esta coreografia não é prazerosa para mim como outras que faço”.  A arte costuma estar ligada ao prazer que gera no espectador e também ao prazer do artista pelo gesto da criação. Mas arte é também sofrimento para quem cria. E como se trata de um bailarino, o produto de sua arte é movimento, é vigor físico e, neste caso, quase auto flagelo. Quem perdeu a apresentação de “Como superar o grande cansaço?”, perdeu... O remédio é buscar imagens dessa e de outras coreografias do cara no youtube.


Plateia atônita, fotógrafo sofrível


Fechamos o dia dos namorados com esta vigorosa manifestação artística. O dia foi romântico, buscamos no fundo do baú  músicas como besame mucho, unforgettable, coração vagabundo, muito romântico, una furtiva lágrima, quiçás quiçás, try a little tenderness, the world is green, love is in the air, entre muitas outras. Pra completar, um confronto entre nossos times: Corinthians X Fluminense. Quase que deu em cartão vermelho. Não nos abalamos.  Eu não porque o timão meteu dois gols, só o Lorenzo que botou a viola no saco e deixou o dia rolar. Sem mágoas.


Agora, vamos dar um trato no almoço especial que preparamos para o dia dos namorados.  Cultura dá fome!

Risoto de abóbora com carne seca e couve pururuca


Pera cozida, com calda de chocolate e sorvete de creme



A gente briga mas se ama!



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