segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mormaço

O homem vem ai...

A chuva noturna nublou a manhã de segunda-feira. Dá pra sentir a umidade do ar e o calor... bem, nesse horário dá pra aguentar. A caminhada necessária não precisa ser nas primeiras horas matinais. Maravilha. Acordar com obrigação de caminhar é o ó... andar sonolento é ruim. Fica a impressão de um sonho ruim. Um sonho que precisa acabar logo assim como essa caminhada. Andar desperto, num dia tão bonito é reparador e é bom pra reparar as coisas que nos vão nos cercando, nos cercam e vão passando, se distanciam e logo por outras que vão nos envolvendo... durante o percurso.  É outra história.



Pela estrada afora vou percorrendo junto ao muro do condomínio chique vizinho. Não há sol, mas a luminosidade é generosa. E o cerrado... ó bravo cerrado, que resiste nas áreas periféricas da cidade, há de oferecer boas imagens. A máquina fotográfica vai no bolso. Gosto de rota alternativa, ainda pouco usada, sem movimento de veículos, sem asfalto. Costumava andar por ali há poucos anos, mas tornou-se perigoso. O tal do local ermo, useiro e vezeiro dos boletins de ocorrências policiais.

Hoje, não mais. Há movimento, mas também pudera está tudo sendo dominado pela indústria imobiliária, que ainda não detonou com tudo. Cigarras, pequenos insetos e aves e passarinhos se fazem ouvir. A terra está molhada e os poucos carros que passam não levantam poeira. De repente dois calangos se salientam no muro alto da mesma cor deles. Parece não haver problemas de geopolítica de répteis. É outra coisa... Hummm. Fuc fuc... possível ritual de acasalamento. Permitem minha aproximação.

passarinho tímido

Um cruzamento e viro à direita numa estradinha. Continuo beiradeando o muro do condomínio. Quilos e mais quilos e mais quilos e mais quilos de lixo ali jogados nas margens da estrada, “enfeiando” tudo. Porca miséria... Um caminhão caçambeiro passa por mim e faz manobra uns cinquenta metros mais à frente. Desconfio que vai depositar por ali sua carga: lixo. De onde estou, não consigo ver se é isso mesmo. Faço uma foto da provável infração.



No instante seguinte, o caminhão está voltando em minha direção. Me vem à cabeça o filme “Encurralado”, um dos primeiros de Steven Spielberg, onde um sujeito é perseguido por um caminhão. Ele se aproxima, estou com a câmera em punho. Olho pro outro lado da estrada e sou salvo, segundo meu raciocínio imaginador, por um casal de corujas. Seguro a câmera como se fosse um fotógrafo profissional e aponto-a em direção das corujas. Elas parecem fazer pose e colaborar com a minha encenação. O caminhão e seu condutor passam alheios ao meu drama.

É namoro ou

amizade?
Como se fosse um investigador, desses de séries americanas, vou até o local onde o caminhão, possivelmente infrator, fez a sua manobra suspeita. Há lixo e marcas de pneus... Mas, e daí? Lixo e marcas de pneus estão por toda parte por ali. Volto pra casa matutando e já pensando em escrever uma crônica caminhante. Vejo uma pichação que viria a calhar se eu conseguisse, realmente, incriminar o caminhão caçamba! Mais um click!


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