sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Show de bola


Eric Cantona, um gênio imperfeito. Frase emblemática proferida num filme que mandou pra longe o sono na noite de quinta pra sexta. Futebol, cinema e vicissitudes da vida estão em "À procura de Eric" (2009), filme do inglês Ken Loach, supostamente uma comédia. Nós, que adoramos o humor imbatível da filmografia britânica, fomos muito mais impactados pelo caráter dramático e humanitarista desta beleza de filme/história.

Um carteiro inglês, fã incondicional de Cantona, jogador de futebol francês que colocou o Manchester United nos píncaros da glória nos anos 90, é o personagem central desta trama que está habilitada a conquistar qualquer pessoa, mesmo que ela odeie o futebol.


Cada qual com seus problemas. O ídolo e fã, este, uma pessoa afortunada com problemas pessoais, familiares e sociais. Um sujeito cometedor de erros, como qualquer pessoa, mas que não consegue dar a volta por cima... consertar os erros do passado. Para essa super missão: Cantona, um personagem imaginário, o próprio futebolista notável, interpretado por ele mesmo (Cantona), surge de forma recorrente ao longo da história para ratificar que somos imperfeitos.

Lances e gols da trajetória vitoriosa de Eric Cantona, jogadas de impressionante plástica, aparecem ao longo do filme. Para o outro Eric, o Bishop, ele é um conselheiro infalível, mesmo que sempre sugira frases e ditados manjados. Cantona, aliás, apesar de tanta glorificação e talento, tem sua história muito associada a uma “voadora”' que aplicou num torcedor de outro time, que lhe rendeu uma suspensão de nove meses fora dos gramados.

A famosa voadora
Os conselhos que Cantona aplica ao seu fã são ponderados, retilíneos e óbvios, até certo ponto. E indicam caminhos para resgatar a felicidade em sua vida. Diferentes da explicação que deu em entrevista coletiva após o violento golpe no torcedor, que deixou os jornalistas atônitos: "Quando as gaivotas seguem o barco dos pescadores, é porque pensam que sardinhas serão atiradas ao mar".


Esta produção que envolve o Reino Unido, França, Bélgica, Espanha e Itália é show de bola. Direção, roteiro e atuação de elenco exemplares. Fica a impressão que se a fotografia ou a trilha sonora também fossem tão certinhas, algo ficaria sobrando. Lembra aquela conversa do “se melhorar, estraga”'.

Cantona e Loach

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