sábado, 3 de novembro de 2012

Sobre livros

Wlademir

Supermercado é um lugar bom para encontros inesperados. Foi num desses que me encontrei com Heitorzinho, amigo desde os tempos de universidade. Hoje, que nem eu, um cinquentão respeitável. Travamos uma conversa variada, sobre vários assuntos, com direito a muitas risadas.

Você lançou um livro? Me indaga o cara eu respondo que sim, embora tenha lançado meu último livro há mais de ano. Heitor é rápido, seus neurônios fazem sinapses e conexões a mil que resultam num discurso coeso, porém ás vezes, difícil de ser entendido por causa da rapidez que se expõe. E dessa conversa sobre livros ele me disse do ensinamento que lhe foi repassado por um amigo em comum, um sábio, o reconhecido escritor: Wlademir Dias Pino. Segundo Tuchinha o Wlademir lhe disse há muito tempo que um livro, pra ser mesmo um livro, tem parar em pé. Se não, não...

Heitorzinho 
E continuamos a conversa estilo a amigos que não se veem frequentemente. Ele querendo comprar e eu querendo arranjar um jeito de lhe passar um exemplar. Quem sabe um dia acontece uma dessas duas coisas, ou as duas combinadas, ou seja, cobro só metade do preço por se tratar de um velho camarada.

Fui pego de surpresa, pois não estava vestido com as roupas e as armas de Jorge (não se preocupe se não entendeu esse papo de Jorge, deixa pra lá). O problema, é que minha parca produção literária, em prosa e verso, se colocar todos juntos de pé, não se sustentam. Mas, eis que minha memória me salva. Algo semelhante ao episódio do Ovo de Colombo.

Heitor, mas imagino que exista a possibilidade de a gente abrir o livro para que ele fique em pé e assim se sustente... Assim disse e ele, quero crer, se satisfez com a minha teoria.

Encostado, meu livro fica em pé

Heitor ou Tuchinha para quem não conhece é historiador, ligado nas artes, precursor do movimento ambientalista de Mato Grosso, conhecido pelas extravagantes vestimentas,  entre outras características. Por causa do raciocínio rápido, concatenado e a famosa eloquência, antes mesmo do advento do Ministério Público, que surgiu com a Constituinte em 1988, era o temor de políticos, secretários de meio ambiente, agressores ambientais e técnicos em reuniões fechadas e públicas. Quando Tuchinha pegava a palavra, podia esquecer. Ele não dava tempo, quase não respirava, e com um discurso consistente, enfraquecia e desmobilizava qualquer contra ataque.  E depois, a marcação era cerrada.  

E fico pensando, cá com meus botões. Por enquanto, esse amigo já aceitou a minha teoria e meus livros se sustentam em pé, uma vez abertos, disso tenho certeza. Minha moral como escritor está apenas levemente abalada com Heitor. O difícil vai ser convencer o Wlademir.


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