quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O rei e a lagartixa

O rei e a lagartixa. Parece uma fábula, mas não é. A entrevista do Roberto Carlos no Jô Soares por estes dias teve na pauta detalhes tão pequenos de nós dois. Nós dois que a gente escreve aqui: Roberto e a lagartixa. Deve ser aquela lagartixinha branca que vive subindo pelas paredes.
“Bicho, eu tenho uma lagartixa no meu quarto. Ela mora num canto do meu closed, já faz um tempão, bicho! Nunca pensei em tirá-la dali. Aquele pedaço é dela, saca, bicho!”. Imagina e é fácil de ver o rei contando essa história entremeada com a clássica risadinha: re... re... re...

Esse é o rei da ex-juventude brasileira, invadindo nossas vidas a mais de 40 anos com seus versos melodramáticos, repletos de mensagens, metáforas e pitadas de cafonices. Mas vá lá, confessa, vai! Tem aquela música do rei que você admite “até que gosto, mais cantada por outro”. E pros contemporâneos de sua majestade... mesmo não querendo admitir tem música dele que é o fundo musical de um momento de sua vida. É mentira ou não? Impossível evitar e nos rendemos: sim, o rei está se apoderando deste texto.

Como deve ser a vida dessa lagartixa que habita o “quase” aposento do rei? Seria esse minúsculo réptil um animal agressivo, bravo, cuja estupidez não a deixa ver que o rei a ama? O rei e suas roupas: só azuis, marrons jamais! A tal lagartixa deve saber dos seus segredos de alcova!

Sua força popular e seu contexto pop romântico exploram e avassalam nossa memória auditiva. “Eu quero um coro de passarinhos...”. Teve gente que achou que era mesmo um couro, sabe, a pele do passarinho.    E só foi entender bem depois que a pegada do menestrel do ieieiê, também era ecológica com “as baleias desaparecendo por falta de escrúpulos comerciais”.


Por causa desse pequeno bicho, cá estamos, quase a enumerar um pout-porri animalesco do cantor. Seria o rei um negro gato e, por conta disso, seu cachorro lhe sorriu latindo quando ele chegou em frente ao portão?  Ou seria o rei um negro gato, de arrepiar, à espreita da sua gatinha manhosa, do Tremendão? Seria o Roberto, ainda, um profundo investigador de moluscos e assim cantou quando achou o bicho num lugar tão inusitado “debaixo dos caracóis dos seus cabelos”?



O rei que também era o rei das manias, e hoje se assume como o rei dos toc’s (transtorno obsessivo compulsivo), não esconde a paranóia quando vê outra lagartixinha, tipo um bebê entrando no aposento da lagartixa rainha. Olha, eu fico meio ressabiado quando ela aparece. Ela é pequena, um bebê, saca? Aí, meu amigo,fico a noite toda de olho pregado na parede, espreitando pra ver se a lagartixona não devora a pequena. Só descanso meu, quando a lagartixa pequena vai embora. O rei é esquisito por natureza. Das manias que diz ter abandonado uma tá aí firme: toda vez que vê uma formiga, ele inexoravelmente tem que constatar se ta viva ou morta (que dó). Pra que? Sabe lá.
 
http://www.youtube.com/watch?v=Nq0GP4yQup4
As perguntas são muitas e, entre o côncavo e o convexo, não conseguimos mais nem olhar para as flores do jardim da nossa casa. Além do horizonte, confesso, eu pus os meus pés no riacho e prefiro as curvas da estrada de santos onde vou cavalgar por toda noite por uma estrada colorida. Sou fera ferida, no corpo, na alma e no coração. E que tudo mais vá pro inferno.


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