quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Arte vitoriosa


Nuvem super Mário (João Magalhães)
O prédio da Bhering abriga reduto de artistas no RJ.
A arte aqui venceu!
"Não vamos conseguir fazer arte ali daquele jeito". A frase me foi dita e referia-se a um projeto coletivo que foi sonhado, conquistado e colocado em prática por pouco mais de um ano, quando a partir de então a coisa passou a esmorecer. Acho que nunca vamos nos esquecer dessa frase... Desse registro cruel e verdadeiro, que costuma diagnosticar o fim (da picada) em muitas iniciativas culturais.


Lógico que a conversa não se resumiu apenas nisso. Teve choração de pitangas, pequenos desabafos, palavrões (porque não?), trocadilhos, piadas e tudo mais que é de direito pra quem busca aquele algo mais na vida. Mas foi a constatação de que não rolaria a arte, a tal da arte, a frase mais emblemática e mais doída. Ou doida mesmo!


Comentamos aqui outras vezes sobre esse papo de ser (ou não ser) artista. Não nos interessa muito, sinceramente. Vamos por um outro aspecto:o importante é estar envolvido e, como dizia o verso de antiga canção de Paulo César Pinheiro, "o importante é que a nossa emoção sobreviva". 


Paulo César Pinheiro... sobrevivente


O que motivou este post de hoje surgiu após lermos texto do jornalista Raoni Ricci, assessor de um político em franca campanha. Uma crônica confessional e quase apaixonada, relatando experiências recentes que teve em andanças com o seu candidato, nas quais, se deparou com a arte em carne e osso, e também em carne e osso encarnada performaticamente.


Não é tão difícil entender o final do parágrafo acima. Bom, primeiro, uma peixada na casa de Aline Figueiredo, matriarca da nossa cultura. E depois esbarrou em Adir Sodré, aprontando seus happenings quando sua tinta parece sangue e sua postura e movimentos coreografam uma dança primordial. Adir, o demiurgo das cores e das formas. E Aline, o conhecimento represado num dique monstruoso, sempre prestes a ceder ou explodir.


Bomba A(dir)


Raoni teve sorte. Veio ao mundo fruto de uma relação entre um apreciador das artes (Eduardo Ricci) e uma artista visceral (Meire Pedroso). O que quer dizer que nunca lhe foi subtraído o acesso às artes e à cultura. Mas, o impacto da arte não escolhe vítimas por classe social, credo religioso ou etnia. Há muitos anos, passou pelo lar Tyrannus um pedreiro que, ao deparar-se com um quadro de João Sebastião exposto na sala, ficou  embasbacado. Lembro-me da sua expressão a fotocopiar verso de Chico Buarque... "seus olhos embotados de cimento e lágrima".




A acessibilidade ao terreno das artes e da cultura deveria ser mais considerada e usada como estratégia de gestão. Todo mundo deveria experimentar esses acometimentos mencionados acima. Nossas rotinas e retinas precisam dessas sensações que a arte provoca.  Estamos vivenciando um período em que os políticos têm todos os motivos (escusos?) para flertar com a população. Olho vivo e faro fino para todos nós. “Nós precisamos da arte para não morrer de verdade”. Obrigado Nietzsche... 


Faro Fino e Olho Vivo! 



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