sexta-feira, 27 de julho de 2012

A bela Junie


Amar faz parte da vida, mas quantos problemas... frustrações e até acontecimentos trágicos pode trazer este verbo, intransitivo, segundo Mário de Andrade. Se é intransitivo, quer dizer que não precisa de complemento, porém, como amar sem o complemento do seu amor? Um amigo inspirado e engraçado falava sempre esta frase de sua autoria: "eu me amo, mas não sou correspondido".   


Uma agradável mistura de boniteza e juventude é comentário que cai bem para "A bela Junie" (2008), filme do francês Christophe Honoré. O amor dos jovens foi nos conduzindo e nos deixamos levar assim meio indecisos. Ao final nos rendemos, inebriados de amor. Os amores juvenis são o tema desta trama, que lembra o poema Quadrilha, do Drummond.


A história se passa no ambiente de uma comunidade escolar. Junie, não se preocupe se não achá-la linda de momento. Ela com uma carinha estranha e um arzinho “blasé” vai te conquistando até você deixar se abater e reconhecer que ela tem uma beleza estonteante. Desse mesmo jeito ela conquista alguns de seus colegas, até seus professores. Pode não ser muito recomendável, mas, professor(a) se apaixonar por uma aluna(o) é fato comum em qualquer lugar do mundo.  Um pouquinho de ingenuidade aqui, fofocas pra lá e pra cá, homossexualismo recôndito, amores correspondidos e/ou não. É assim que vai rolando o aprendizado nessa nada discreta escola onde Junie  chegou para abalar as estruturas. 


Louis Garrel

Léa Seydoux


Ela não é vilã, longe disso. Às vezes se mostra até madura demais, retraída em seus sentimentos, porque parece saber dos estragos que sua beleza pode causar. Na verdade o filme é um desfile de gente bonita. São jovens e a beleza é uma condição desta etapa de vida.  O ator que faz o professor de italiano,  filho do diretor Philippe Garrel, contracena com a bela e é um dos mais bonitos rostos da atualidade. 


Christophe Honoré


Sim Junie e Nemour, são demais de lindos. Os personagens deste romance/drama vão se mostrando e crescendo no enredo que ganha corpo e prende o espectador. Com uma fotografia sóbria e aquele estilo de trilha sonora francesa com aquelas músicas que beiram o que chamaríamos de brega aqui no Brasil, o jovem cineasta conduz seu filme com segurança.  




"A bela Junie" é inspirado livremente em "La Princesse de Clèves", de Madame de La Fayette, escritora que viveu no século XVII.   A obra é considerada a primeira novela genuinamente francesa, cujo texto é apontado como o protótipo da novela psicológica. Por falar em ficção psicológica, lembramo-nos de Hitchcock, com suas aparições incidentais em seus filmes, o que torna cabível aqui mencionar a rapidíssima participação neste filme da bela Chiara Mastroianni. 
  
Madame de La Fayette

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