quarta-feira, 11 de julho de 2012

Maresia


Por Netuno!

Estamos a poucos dias das campanhas eleitorais. E barbaridade vai ser dureza aguentar a carência de propostas consistentes para gerenciar nossa cidade. E quando a questão é "salvar o rio Cuiabá" ai a coisa fica feia. Como é que pode querer salvar o nosso rio, de sua longa agonia, sem pensar em saneamento básico ou em recuperar a malha dos córregos que drenam (ou drenavam) Cuiabá? Como salvar o rio Cuiabá se as nascentes desses córregos estão sendo soterradas para construção de condomínios, bairros, prédios... É muito descaso.


Há falta de política para as águas fluviais que abastecem nossas vidas. E a exploração econômica desse elemento da natureza tem sido feita de forma bastante questionável. Não se trata de uma tempestade em copo d'água. Haja água para tanto e tudo... E o que dizer das águas dos oceanos e mares? Ali sim, ninguem quer se mexer. Águas de quem... de ninguém? É só chegar e retirar o que quiser e também depositar ali o que não lhe interessa. O mar tá aí pra isso mesmo. Não tá pra peixe.


Distantes dos oceanos estamos nós aqui nesta região central do continente. Um primo cuiabano, quando conheceu o mar, ainda criança, tratou de experimentar a água marinha. "Tem gosto de azeitona", foi o diagnóstico. A enormidade dessas águas salgadas corre riscos. Vem sendo agredida pela ação humana há muitos séculos. Medir a intensidade dessa agressão, como ela caminha através dos tempos mais recentes e a irreversibilidade disso, tem sido assunto em pauta.






O curioso é que sobre os oceanos, com suas imensidões azuis e/ou verdes, muita coisa ainda é desconhecida. O conhecimento sobre tais águas, para lembrar Camões, segue por mares nunca dantes navegados. À deriva.


É sabido que os oceanos ocupam cerca de 60% da superfície do planeta. "Não cantarei o mar: que ele se vingue de meu silêncio, nesta concha." (Drummond). A primeira vez que levei uma concha ao ouvido fiquei assombrado com o som silencioso, mas que lembra o mar, que dali saía. Esse sujeito líquido colossal, comandado por Netuno, parece que quando toma todas, ameaça as regiões litorâneas com uma ressaca irada.





Imagens do belíssimo documentário "Oceanos"




Na ficção, na poesia, na música, nas artes plásticas... o mar faz e acontece com sua paisagem e seus mistérios. Mar Absoluto, segundo Cecília Meirelles. Mar que quebra em boniteza na praia, para Caymmi. O documentário "Oceanos" (2010), dirigido por Jacques Perrin e Jacques Cluzaud, da Disney, expõe as belezas e estranhezas das águas marítimas com imagens que impressionam pela sutileza dos detalhes e pela infinita dimensão desses ambientes.


Carybé




Cenas chocantes como vazamentos de petróleo enegrecendo as águas, ou elas, as águas, furiosas produzindo maremotos tsunamis. Lugares nos oceanos onde o lixo despejado se acumula em extensões inacreditáveis. Assistimos a tudo isso com sensações de incredulidade e de impotência. Mundo moderno e doido. Mundo pirado. Há muita pirataria, piratas... e piratas. http://www.youtube.com/watch?v=vtjm51I2NWQ








Lixo do tsunami do Japão que chegou no Alasca


Rotulados como Piratas do século XXI, grupos de homens entram em ação na Somália, onde a pesca invasora em larga escala, praticada por empreendedores irresponsáveis de países desenvolvidos, extrai a matéria prima dessas águas que pertencem ao país africano, onde a fome mata e faz sofrer. Piratas?


Vista aérea do Parna Marinho Abrolhos







No litoral baiano, o Parque Nacional Marinho de Abrolhos, despertou atenção de Charles Darwin que visitou a região em 1830. Abrolhos está hoje em risco. A questão é a exploração do pré-sal. O Parque recebe de julho a novembro a visita de cerca de 9,5 mil baleias jubartes que procuram aquelas águas quentes para acasalar e criar seu único filhote. Entre sondas, plataformas, petroleiros... baleias. Será?


Que tal nós dois...

Nenhum comentário:

Postar um comentário