segunda-feira, 9 de julho de 2012

Schadenfreude

O que a felicidade de uma pessoa tem a ver com a infelicidade de outra?  Schadenfreude (shaden=dano e freude=alegria) é uma palavra alemã que trata dessa estranha relação que faz a alegria de alguém, diante da desgraça alheia. Vôte, cobra d'água. É mais uma faceta humana assim meio tenebrosa.


Um desses detalhes que depõem contra esse animal racional que, costumeiramente, não aprecia raciocinar sobre essas razões bizarras que seguirão nos confrontando até sei lá por quanto tempo.


No futebol, ah, o futebol... Nosso time já está fora da competição, mas um terrível rival continua nas cabeças, e eis que esse rival é atropelado, banido, dança, e cai por terra. Que alegria! Que felicidade! Um caso típico desse sentimento peculiar ao ser humano e que, neste caso, manifesta-se de forma coletiva. Bom, mas pra alguém ganhar, um outro alguém tem que perder.





Outro exemplo muito comum da manifestação da Teoria de Schadenfreude é quando vemos alguém levar um tombo, ou ser protagonista de uma cena desastrosa. Não dá pra segurar... e descontroladamente caímos na risada. Nem sempre pensamos no coitado(a) que se estatelou, provocando essa hilaridade no ambiente. E tampouco nos lembramos da frase de Millôr Fernandes: "quando você cai, sua moral cai junto". A situação vexaminosa do outro nos faz rir, que remete à alegria e à felicidade. Mas, atenção: aqueles que mais riem e se deleitam com esses acidentes de percurso (dos outros), são justamente os que têm a confiança mais baixa.




Na Holanda, a Universidade Nijmegen está estudando essa teoria, de forma a colaborar para a autoconfiança das pessoas. Vivemos num mundo cada vez mais competitivo, onde vencer é a regra mais implacável de todas e, desculpem a expressão, mas foda-se o perdedor. A torcida nossa é para que a ciência jogue luz sobre essa característica humana, demasiado humana . Dar um tempo para essa história de que importante é só o sucesso e a vitória, custe o que custar. É legal enxergar e aceitar o planeta de uma forma holística, onde qualquer desequilíbrio em uma de suas partes, de uma forma ou de outra, pode prejudicar a nós mesmos.




“Pimenta nos olhos dos outros é refresco” é Schadenfreude na bucha. Ao longo da história da humanidade tem sido prato cheio pra filósofos de plantão. Aristóteles, na Grécia Antiga, referiu-se a tais situações usando a obra “Ética a Nicômano”. Schopenhauer mencionava esse terrível prazer como “coisa do diabo”, apesar de seu ateísmo. Já Nietzsche, referiu-se ao prazer como perigoso, e associou-o a sentimentos de inferioridade da parte de quem assim se manifesta.




E depois que nos inteiramos um pouco mais sobre Schadenfreude, concluímos que é de bom tom ser mais comedidos e discretos, em relação ao infortúnio alheio. Mas, é obvio que existem exceções. Uma delas, seria o Brasil superar – e com larga vantagem, os nossos hermanos argentinos. Deus perdoa!



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